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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

Maduro não deslocou nem um soldado para a Guiana. Aprendeu com a Argentina

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (14)

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Igor Maciel

Publicado em 13/12/2023 às 20:00
Presidente de Guiana, Irfaan Ali, e o seu contraparte venezuelano, Nicolás Maduro - Federico PARRA, Keno GEORGE / AFP

Os argentinos ainda chamam as Ilhas Falkland de “Ilhas Malvinas”. E isso tem muito a ver com a maneira como o conflito dos anos 1980 foi propagandeado internamente.

Na época, a junta militar que governava nossos vizinhos estava enfraquecida e precisava de um “inimigo externo” que unisse o país. Qualquer semelhança com a Venezuela de Maduro não é coincidência.

Dama de Ferro

O problema argentino foi que os governantes hermanos não contavam com a seriedade de Margareth Thatcher para tratar do assunto. A primeira-ministra do Reino Unido, fez jus ao apelido de Dama de Ferro, mandou navios, porta-aviões e até submarinos nucleares para a região. Mais de 600 argentinos morreram e a ditadura acabou desmoralizada.

A guerra provocada pela Argentina, com o intuito de fortalecer o “patriotismo” terminou com o governo massacrado e humilhado em pouco mais de dois meses.

Nem vão perceber

Os generais achavam que a distância faria com que a reação do Reino Unido fosse retardada e que Thatcher não iria gastar uma fortuna para recuperar um conjunto de ilhas geladas num lugar que, sem exagero, é quase o fim do mundo.

Calcularam mal, porque a Inglaterra estava em período eleitoral e existia uma discussão interna sobre os territórios britânicos fora da Europa.

EUA junto

Além disso, no contexto da Guerra Fria, seria risível que dois aliados dos EUA, com governos de direita, ficassem trocando acusações em público por um pedaço de terra.

Para evitar o uso político da briga pela URSS, os americanos concordaram que os britânicos usassem toda a força disponível e resolvessem tudo rapidamente.

Venezuela

Os argentinos ainda chamam aquele pedaço de terra de “Malvinas” porque toda a propaganda da guerra foi feita para o público interno, embora parecesse algo ridículo fora de lá.

Na briga da Venezuela com a Guiana, o ditador Nicolás Maduro faz o mesmo, às vésperas de uma eleição. Ele acreditou que não haveria uma reação tão forte, acreditou na vista grossa dos brasileiros para uma incursão militar, acreditou que os EUA, ocupados com a guerra na Ucrânia e em Israel, ficariam apenas no discurso enquanto ele, Maduro, fazia sua propaganda interna.

Acreditou ainda que, se fosse necessário, o ditador da Rússia, Putin, daria seu apoio verbal e militar sem pestanejar.

Maduro

Não é tão simples. No próximo ano tem eleição nos EUA e Joe Biden precisa mostrar que os americanos ainda “mandam” no mundo e seguem fortes. Ele não vai permitir que algo assim aconteça há poucos quilômetros de sua costa.

O Brasil está tentando uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU e, amizade à parte, Lula não é bobo de embarcar com Maduro numa fantasia ufanista com uma estética que foi moda nos anos 1960 e hoje é apenas o que é: crime internacional.

De molho

Se até a incrível disposição de Lula para relativizar o absurdo mostrou seu limite, o venezuelano caricato precisou colocar o bigode de molho.

Além disso, nem a solução russa se mostrou confiável. Putin também está enfiado até o pescoço na guerra da Ucrânia (na posição de invasor) e não tem como lidar com Maduro, Guiana, EUA e Brasil agora.

Nem um soldado

Uma coisa Maduro aprendeu com a experiência dos argentinos: ele não deslocou nem um soldado antes de medir a temperatura dos outros atores num possível conflito. Na guerra é mais fácil não sair de casa do que recuar.

Ele mudou o mapa e o apresentou aos eleitores, e foi só isso. Os venezuelanos vão passar os próximos anos chamando Essequibo de “Venezuela”. Maduro poderá dizer que lutou contra o “imperialismo norte-americano”. E ainda deve conseguir algum acordo com o Petróleo da região.

É a máxima vitória que ele pode almejar por enquanto. Sem disparar nem um tiro. Lucro imenso.

Cacau de Paula

A secretária de Cultura do Estado, Cacau de Paula (PSD), e a presidente da Fundarpe, Renata Borba, visitaram o Jornal do Commercio nesta quarta-feira (13). As duas falaram sobre a expectativa para 2024 e para o carnaval de Pernambuco no ano que vem.

A promessa é de uma festa ainda mais forte, com grande apoio para as programações dos municípios. As gestoras falaram também sobre o Festival de Inverno de Garanhuns, destacando o caráter cultural amplo do evento, que não é só montagem de palco e show, mas também tem literatura, teatro, cinema e oficinas.

Sintonia

Algo que ficou muito evidente na conversa, durante a visita, é a sinergia entre as duas instituições Seduc e Fundarpe, além de uma parceria muito fortalecida com o Governo Federal.

A aproximação de Raquel com Lula e até a origem dos funcionários de lá são fatores importantes. “Tem muitos pernambucanos no ministério. Isso ajuda muito”, lembrou Cacau de Paula.

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