Um parlamentar que conhece muito bem o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), assim que ele foi escolhido para comandar a Casa, comentou com a coluna que o senador mineiro “tem bagagem e equilíbrio para ser presidente do Brasil”, não apenas do Senado.
Na época, o senador era um desconhecido para o Brasil. Seu feito mais impressionante, até aquele momento, foi vencer Dilma Rousseff (PT) na eleição mineira.
Opção
O tempo passou e a maneira como Pacheco lidou com situações difíceis e os posicionamentos que ele tomou indicam que a fonte está correta. A estrada não é fácil para ele percorrer, mas está sendo pavimentada. É possível dizer até mais.
O presidente do Senado seria uma ótima alternativa à esquerda e à direita caso se confirme que Lula não conseguirá ultrapassar o limite do “comum” nos próximos anos sem alcançar qualquer destaque e ainda se envolvendo em tantas polêmicas.
Enxerga
O presidente do Senado tem demonstrado visão ampla para os problemas do país. Coisas para as quais alguns são cegos ou tapam os olhos por conveniência, como a necessidade de acabar com a reeleição estão sendo discutidas. Acabar com a reeleição entrou na pauta do país, apesar da oposição do presidente Lula, de Arthur Lira e de setores importantes da Câmara, por causa de Pacheco.
Em todas as regiões
O partido de Pacheco, o PSD, é hoje a sigla com maior capilaridade do Brasil. Quase mil prefeituras do país são lideradas por correligionários.
Em 2020, o grupo comandado por Gilberto Kassab (PSD) já havia conseguido eleger 660 prefeitos. Ao longo dos últimos quatro anos, o partido foi atraindo novos gestores municipais e hoje são 968 no total.
Esse ranking era liderado há várias décadas pelo MDB, que agora está em segundo.
Base partidária
Dentro do Congresso, MDB e PSD dialogam bastante e costumam se aliar em votações. Juntos, os dois partidos têm um terço de todas as prefeituras do país. É muito influência, caso se queira utilizá-la para uma campanha presidencial. E isso pode acontecer.
PSD, MDB e a federação que deve ser formada a partir da aproximação entre PP e União Brasil têm dialogado sobre a possibilidade de lançar um nome que possa quebrar a polarização da política brasileira.
Despolarizar
Pacheco tem sido lembrado por ser uma figura de firmeza e equilíbrio, características demonstradas no exercício da presidência do Senado. É algo ideal para tentar descolar a realidade do ambiente polarizado e radical que Lula (PT) e Bolsonaro (PL) protagonizam.
Algo comum nos relatos de quem lida com o senador é que “ninguém sai de uma conversa com ele mais irritado do que chegou”.
Não escalam
Nos episódios em que os parlamentares atacam o Supremo Tribunal Federal, por exemplo, Pacheco tem conseguido ser firme para enquadrar o STF em algumas situações, mas nunca fechou o diálogo com os ministros da corte, sempre conversa com eles e as crises nunca escalam.
A capacidade de não deixar que as crises escalem e fujam do controle institucional é uma qualidade que nem Lula e nem Bolsonaro possuem.
Minas
Numa edição recente da coluna, pontuei sobre o risco de, fracassadas todas as alternativas para a presidência do país, acabarmos tendo que chamar alguma figura bizarra oriunda das profundezas das redes sociais de “Presidente da República”.
Um leitor atento pontuou, com otimismo, a esperança de o país caminhar numa direção mais ao centro, de maior equilíbrio, com grandeza para a articulação política e para as grandes realizações. Citou até o ex-presidente mineiro Juscelino Kubitschek.
Bom, Pacheco já é mineiro. Talvez o caminho seja por aí.
Experiência brasileira em Portugal
O Ipespe, instituto de pesquisa comandado pelo cientista político pernambucano Antônio Lavareda, chamou atenção internacional durante a eleição portuguesa que aconteceu no último domingo. A empresa foi contratada pela CNN portuguesa para realizar pesquisas diárias e medir o humor dos eleitores com os partidos que se colocaram à disputa.
O tracking, como são chamadas essas pesquisas, antecipou com muita precisão o resultado eleitoral.
Resultado
A vitória da centro-direita, a redução nos votos do Partido Socialista e o crescimento agudo do partido de extrema-direita, o Chega, foram previstos pelo pernambucano e estavam sendo anunciados pelo Ipespe e pela CNN Portugal há vários dias.
Gol
O cientista político venceu Datafolha e Quaest na concorrência para prestar o serviço, o que já foi um movimento importante de consolidação do Ipespe, mas os resultados estão sendo considerados um gol de placa.
Lavareda, inclusive, conversa amanhã com o Passando a Limpo, na Rádio Jornal, sobre a eleição de Portugal e sobre o trabalho do Ipespe.