O PT local tem mais chance de ganhar algo lançando candidato próprio à prefeitura da capital do que tendo a vice de João Campos (PSB).
É verdade que, com a vice, haveria uma garantia de dois anos ocupando a prefeitura da cidade. Mas isso só aconteceria se Campos decidir realmente disputar o Governo do Estado em 2026. Dá pra apostar nisso com 100% de certeza?
Segundo gente que integra a gestão municipal e trabalha com o prefeito, não.
Desvantagens
A verdade é que nem todo mundo aposta na candidatura do socialista já na próxima eleição porque seria o caminho mais difícil possível para chegar ao Campo das Princesas.
“Ninguém duvida que ele vai ser governador. Isso vai acontecer em 2026, em 2030 ou depois, mas ele vai ser governador. Para cada ano, o caminho será construído de maneira diferente. Agora, se for em 2026, é o percurso mais difícil possível, com engarrafamento e cheio de buracos. Se for em 2030, será uma estrada plana e sem trafego”, explica um aliado do PSB em conversa com a coluna.
Vai mesmo?
Os mais experientes dizem que ele vai acabar não sendo candidato em 2026, porque abriria mão da gestão da capital por mais de dois anos, deixaria as principais realizações municipais do fim do mandato para os petistas (se ficarem na vice) e enfrentaria a campanha mais difícil possível, tentando tirar do cargo alguém que já está na cadeira e com as chaves do cofre estadual para buscar a reeleição.
Sombra
Digamos que o PT ocupe a vice e João Campos não seja candidato ao governo em 2026, cumprindo todo o mandato. Serão quatro anos perdidos sob a sombra de um gestor que não costuma dar espaço para o crescimento político de auxiliares. Basta olhar Isabella de Roldão (PDT), a atual vice.
E não é por maldade dele, nem apenas por estratégia política, mas porque o perfil de Campos é tão ativo como gestor que não sobra espaço mesmo para ninguém aproveitar. O prefeito é uma estrela dentro de seu próprio time. Quem quer brilho próprio precisa correr em outra faixa.
Satélite
Fora isso, tem a questão da sina de satélite que os petistas carregam por aqui. O PT de Pernambuco (e do Recife) vai perder, outra vez, o período em que tem o presidente da República do seu partido, no Nordeste em que ele é tão popular, servindo como auxiliar do PSB?
O erro foi cometido em 2012, quando os petistas dominavam a prefeitura e brigaram internamente, abrindo espaço para que Eduardo Campos lançasse Geraldo Julio (PSB). Por sobrevivência, o PT passou a se alimentar do sucesso socialista. Vai seguir nessa dependência?
O valor do momento
E, se lançar um candidato, o PT pode desbancar João Campos e levar a prefeitura do Recife? Dificilmente. Os petistas ganham a eleição? Vai ser difícil. A tendência é que João seja reeleito. Então, qual é a vantagem?
É que, em uma negociação, o momento propicia o valor. Se o PT for vice, João terá ainda mais chances de vencer. Quanto mais favorito, mais baratas serão as alianças.
Se o PT lança um nome próprio, como João Paulo (PT), por exemplo, e coloca ele na rua por alguns meses, a pressão já aumenta, a chance de ter que ir ao segundo turno cresce e o PSB terá que negociar melhor.
Noiva
Já se a eleição for para o segundo turno, o PT torna-se a noiva da campanha.
Caso fique em segundo lugar, poderá ter apoio do Palácio e de todos os outros partidos buscando derrotar Campos. Foi o que aconteceu com Raquel Lyra (PSDB) em 2022. Mesmo perdendo depois, sairá bem maior do pleito.
Caso fique em terceiro, o próprio Campos precisará muito trazer o apoio do PT para se garantir, e o preço será bem mais alto porque o momento será outro.
Mas há os que preferem ficar amarrados com o PSB, por puro e simples comodismo. É muito melhor garantir alguns cargos e pagar os boletos do mês do que arriscar.
Tem gente que nasce só pra sobreviver e está tudo bem, é preciso respeitar. Mas as oportunidades vão embora e Lula não vai durar para sempre.