Cena Política

Provocando o Supremo e criando tensão para induzir o inimigo ao erro

Confira a coluna Cena Política desta terça-feira (26)

Imagem do autor
Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 25/03/2024 às 20:00
Análise
X

Quando Bolsonaro (PL) era presidente, sempre que alguma “maluquice” saia da boca ou da caneta dele, esta coluna alertava: “há método”. As idiossincrasias bolsonaristas sempre têm algum pano de fundo. Faz parte da estratégia militar provocar o inimigo para que ele cometa erros.

Esse caso da embaixada da Hungria pode ser algo assim, porque há motivos para um pedido de prisão preventiva com a descoberta. Mas se o STF prender Bolsonaro antes de finalizar o julgamento, fortalece a narrativa de que ele é injustiçado.

Água na fervura

Os ministros do Supremo Tribunal Federal perceberam isso e trataram de colocar água na fervura assim que o vídeo com Bolsonaro indo dormir na embaixada húngara foi publicado no The New York Times e todo mundo começou a falar em prisão por ele estar buscando fugir.

Se caírem na armadilha e o prenderem agora, ele terá fortalecido o discurso de que “nem terminaram o processo e já querem aprisioná-lo”.

Vai piorar

A tendência é ele começar a provocar ainda mais, dando a entender que não vai aceitar cumprir as decisões da Justiça no futuro. É uma guerra de nervos com os ministros do STF, uma forma de colocar pressão na decisão deles.

Mesmo sabendo que será condenado, Bolsonaro quer que os magistrados sintam medo da desmoralização, para cederem em algum tipo de acordo. Inelegível pela vida toda, mas sem ficar preso, por exemplo. Ou algum outro tipo de acordo.

Pressionar para negociar é o que ele busca.

Barganha

O ex-presidente é dado às barganhas políticas para escapar da Justiça. Não dá pra esquecer a operação que ele montou antes de deixar a presidência tentando emplacar a ideia do “senador vitalício” como função automática a todos os ex-presidentes da República.

Estava disposto a fazer Dilma (PT) e Lula (PT) senadores pela vida toda, desde que pudesse se beneficiar também. A articulação quase deu certo na época.

Nem começou

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e a Polícia Federal deram o caso Marielle como encerrado. Ao menos a fase de investigação.

Mas a elucidação do crime, após tantos anos, levanta outra necessidade que, com todo respeito à família da vereadora, é muito mais importante que a morte dela: o poder público no Rio de Janeiro precisa ser refundado.

Refundar é preciso

Não é uma questão de fazer reforma no sistema, não é fazer uma intervenção e fazer um relatório, como foi feito no governo Temer, para não dar em nada, como não deu. Não é trocar pessoas em seus cargos para que o sistema corrompa aqueles que chegam, seja por ambição, conveniência ou sobrevivência. É refundar. Zerar tudo é começar de novo.

Quase como se Estácio de Sá nunca tivesse existido por lá e fosse necessário erguer um sistema inteiro da base. Saúde, Educação, Assistência Habitacional e todos os outros serviços públicos. Reiniciando do berço.

Brasil

Fiquemos satisfeitos que o trabalho será menor enquanto for apenas no Rio de Janeiro em que houver essa necessidade urgente. O crime organizado está se entranhando em todo o país e não demora até que se generalize por vários estados.

Vamos ficar parados até lá?

Sem estrutura

Estados como Pernambuco, onde as organizações criminosas já estão presentes, embora ainda não haja metástase, precisam tomar atitudes muito sérias desde agora. Por enquanto, não estamos conseguindo nem mesmo reduzir o número de homicídios.

Imagine enfrentar organizações criminosas com influência nos serviços públicos. É preocupante.

Tags

Autor