A cerveja e a picanha foram adiadas mais uma vez. É a melhor forma de explicar, de maneira mais direta, o impacto do anúncio da LDO de 2025 para o Brasil. O dólar se exaltou, a bolsa passou o dia depressiva e o mau humor deve se estender um pouco até a resignação chegar. O pior é o motivo de carne e cerveja ainda não terem sido entregues aos brasileiros, como foi prometido na campanha de 2022.
Eu quero gastar
Não é apenas porque uma guerra está prestes a pipocar no Oriente Médio, juntando-se a outras duas em curso. Não é apenas porque há um aquecimento econômico nos EUA. Se fosse “somente” isso, talvez já estivéssemos podendo, ao menos, comprar o carvão para o churrasco e o isopor para as geladas.
Mas o que se junta ao caldo é a recusa do governo brasileiro em gastar menos para que a economia se equilibre.
Planilha pela metade
A questão é que o ministério da Fazenda havia previsto que iria conseguir apresentar um superávit em 2025. Agora, na melhor das hipóteses, acredita que pode empatar as contas e, talvez, ter um superávit só em 2026. A versão oficial é que a arrecadação no ano que vem não será tão boa quanto foi este ano. Mas o governo Lula está contando só metade da planilha, a que fala dos rendimentos, das entradas.
A parte das saídas, das despesas, foi propositalmente esquecida.
Sem festa
Um paralelo poderia ser feito com o sujeito que fez as contas no início do mês e garantiu que iria sobrar para fazer a festinha de aniversário da filha. Mas não conseguiu se segurar, gastou dinheiro demais, comprou além do que devia e, na hora de explicar que não poderia mais fazer o aniversário, diz à filha que a culpa é do dinheiro que, inesperadamente, encolheu.
Ao menos…
Um ponto positivo é que Haddad percebeu que não vai conseguir lutar eternamente contra a sanha dos petistas para gastar o dinheiro do contribuinte e decidiu avisar com antecedência, para acabar com falsas expectativas.
…a verdade
O ponto negativo: isso demonstra que se o ministro da Fazenda conseguiu resistir às exigências do seu partido por mais gastos para a eleição de 2024, ele sozinho não será suficiente para economizar às vésperas de 2026, quando Lula (seu chefe) deve tentar a reeleição ou indicar um sucessor. E o contribuinte que aguente.
Bloco
A governadora Raquel Lyra (PSDB) conseguiu formar um bloco de apoio na Alepe, com uma bancada estabelecida por seis partidos. Ao todo, são 22 parlamentares. É considerada uma vitória da articulação do Palácio, que enfrenta dificuldades desde o ano passado para ter alguma estabilidade nos projetos enviados ao Legislativo.
Juntando os 22 com os deputados de outras siglas que votam com o governo, as discussões tendem a ser menos tumultuadas. Isso é bom para Pernambuco.
Força
O bloco governista terá 22 parlamentares do PP, PRD, MDB, PSDB, Solidariedade e União Brasil. A oposição, que recentemente formou um bloco entre PSB, PSOL e Republicanos, tem 16 parlamentares. Apesar da diferença pequena, de apenas seis deputados, há dois fatores importantes nessa conta.
O primeiro é que alguns deputados de partidos que não estão em nenhum dos dois blocos votam com o governo, como é o caso do PL.
E, segundo, a federação PT/PV/PCdoB é independente, e também tem muitos parlamentares que votam com o Palácio.
Comissões
Mas o que deve acontecer de mais importante com a formação desses blocos é uma reformulação nas comissões da Casa. O governo vem tendo muitos problemas até na hora de discutir projetos importantes nessas comissões.
O da extinção das faixas salariais, é um exemplo. Integrantes do governo reclamam que até parlamentares que defendiam a proposta aproveitaram suas posições nas comissões para tentar se beneficiar de alguma polêmica e atrasam as decisões.