A expressão “Presente de Grego” foi criada em referência ao cavalo que os gregos deram à cidade fortificada de Troia e que estava recheado com soldados armados.
Ninguém pode dizer que o Voa Brasil, do ministério de Portos e Aeroportos, foi um presente de grego deixado por Márcio França ao seu sucessor, Silvio Costa Filho (Republicanos), porque o programa era uma criação de França para ele mesmo, quando ele não sabia que sairia da pasta.
Mas a ideia é um primor em falha de planejamento, é como se o ex-ministro tivesse criado um projeto tentado prejudicar a si próprio. Nem Freud explica.
Ideias
O ex-ministro França ouviu alguém dizer que as companhias aéreas viajavam com cadeiras vazias e pensou em comprar esses assentos para oferecer à população por R$ 200. Ao que parece, anunciou sem perguntar às empresas, sem perguntar ao ministro da Fazenda para saber se tinha dinheiro para isso e sem perguntar ao presidente da República se ele se agradava da ideia. Tomou um fora, na época.
"Ministro não tem que ter ideia. Tem que trabalhar para executar o que nós já decidimos", disparou Lula (PT) numa reunião ministerial em 2023.
Não voou ainda
Quando saiu do cargo, a bronca ficou para o atual ministro, Silvio Costa Filho. O pernambucano já refez o planejamento, já modificou, já fez de tudo para encaixar o tal “Voa Brasil” na realidade do governo.
Finalmente conseguiu, reduzindo bastante a ideia original e beneficiando aposentados e estudantes do Prouni.
Pista fechada
Mas “presente de grego” tem que ser complicado para fazer jus à fama. E o lançamento foi suspenso, outra vez, agora por causa da tragédia no RS. Faltou combinar com São Pedro. Não fazia sentido lançar um programa assim no meio do caos que atinge aquela parte do país.
Um dia o Voa Brasil decola. Um dia.
Holanda e Recife
Em países europeus, as eleições costumam ser bem discretas. Doze anos atrás, este colunista esteve na Holanda bem no meio da campanha geral dos Países Baixos.
Dois partidos, o VVD (Liberal) e o Partido do Trabalho (social-democrata), disputavam voto a voto a preferência do eleitorado. A vitória do VVD, na época, foi por 1,7% com muito acirramento. Mas a campanha nas ruas era de um silêncio sepulcral.
Um visitante menos atento poderia passar a semana lá, pegar o avião de volta pra casa e nunca saber que eles estavam num período eleitoral.
Recife e Holanda
Um dia, e isso depende muito da educação e da cultura política, o Brasil poderá ter eleições assim, do jeito que é na Holanda. Ainda não é o caso.
Por isso, é tão estranho o marasmo que alguns pré-candidatos no Recife oferecem ao eleitor. Tudo bem que não começou o período eleitoral, tudo bem que só começa oficialmente após as convenções. Mas se era desse jeito, porque lançaram pré-candidatura então?
Não é Amsterdã
O prefeito João Campos (PSB) larga com ampla e confortável vantagem, é verdade. Não é uma campanha fácil para a oposição e o caminho será bem tortuoso.
Mas tem pré-candidato à prefeitura do Recife que, faltando menos de seis meses para o pleito, não está nem circulando pela cidade com regularidade. Deve estar pensando nos canais do Recife e achando que vai disputar a eleição em Amsterdã.
O longevo
Por falar em João Campos, dia desses visitou o Sistema Jornal do Commercio o mais longevo vice-prefeito que o Recife já teve: Luciano Siqueira (PCdoB).
Seguindo um ensinamento de Fernando Lyra, de que um bom vice é aquele que nunca atrapalha, o comunista dividiu a administração com o prefeito da vez por 16 anos, entre 2001 e 2020, tendo sido vereador entre 2008 e 2012.
Ninguém reclamaria
Luciano se transformou na solução perfeita para toda chapa difícil de montar na época. “Partidos brigando e querendo o mesmo espaço? Chama Luciano Siqueira que ninguém vai ter coragem de reclamar”.
E, hoje, não tem como não lembrar de João Campos e toda a discussão sobre o PT insistir em ocupar a vice do atual prefeito. Em outros tempos, bastaria chamar Luciano e estava tudo resolvido.
Em concursos
O Conselho Regional de Odontologia de Pernambuco (CRO-PE) moveu, neste mês de maio, mais três ações judiciais por descumprimento do piso salarial da odontologia em concursos públicos municipais.
Desta vez, as irregularidades foram encontradas nos editais das cidades de Ipojuca, Machados e Salgueiro.