Cena Política

Quem acha que o União Brasil teve crise, é porque não calculou 2026

Confira a coluna Cena Política desta sexta-feira (31)

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Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 30/05/2024 às 20:00
Análise

Para Antônio de Rueda assumir o União Brasil foi necessário que as maiores forças do partido se unissem e afastassem o deputado Luciano Bivar da direção nacional do partido. Entre essas “maiores forças” estão ACM Neto e Ronaldo Caiado, ambos são muito amigos de Mendonça Filho (UB), agora licenciado da presidência municipal da sigla no Recife.

O partido vai apoiar João Campos (PSB), Mendonça vai apoiar Daniel Coelho (PSD). Logo após o anúncio da licença do deputado federal e ex-ministro da Educação, o apoio ao atual prefeito foi anunciado. Estavam lá na foto lideranças regionais e nacionais, menos Mendonça (lógico).

E outras duas ausências chamaram a atenção: Caiado e ACM.

Ausências

Perguntado sobre isso, numa entrevista durante o programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, Mendonça apenas confirmou que os três são amigos e que conversou com eles antes de tomar a decisão, para comunicar a solução a ser tomada. E só.

O fato é que ambos faltaram à foto, o que levanta um questionamento sobre o futuro do União Brasil, não o do Recife, mas o de Pernambuco e do Brasil.

Estadual

Todas as fontes a quem a coluna consultou sobre o episódio, quando se perguntava sobre a executiva estadual, o comportamento era o mesmo: fuga pela tangente. Alguns mudaram de assunto, outros deram respostas rápidas de uma frase para não ter que se alongar, como: “Isso é depois” ou “aí é com a Justiça”.

Mas ninguém, absolutamente ninguém, ficou à vontade com a pergunta.

Bivar

O que se sabe é que o partido no estado é comandado por Marcos Amaral, homem de confiança de Luciano Bivar, e que a última eleição, colocando ele no posto, foi questionada na Justiça.

Não há ainda uma resolução e nem garantia de que ele será afastado antes de terminar o mandato ou antes da próxima eleição no estado.

Bronca de verdade

O futuro da executiva estadual do União Brasil é que é um problema grande de verdade, junto com os rumos nacionais.

Primeiro, porque os Coelho querem muito o comando do partido, num acordo com João Campos que já está desenhado para 2026.

Segundo, porque Mendonça vai brigar para que a sigla fique com Raquel Lyra na tentativa dela de se reeleger daqui a dois anos e meio.

Terceiro, porque o União Brasil deve se envolver numa federação, após 2024, que inclui partidos como o PP, e nacionalmente, a ala mais à direita deverá sair fortalecida, apoiando um candidato à oposição de Lula. Isso pode inviabilizar muitas parcerias locais, inclusive com o PSB de Campos.

Sem falar que Bivar está enfraquecido, mas não foi excluído do partido. Não é alguém que se possa ignorar tão cedo.

Esperem o capítulo 2

Para quem acha que houve um racha esta semana no União Brasil do Recife e que isso foi uma crise dura, espere só para ver o que vai acontecer entre 2025 e 2026.

O que ocorreu por aqui até agora, na capital, pode ser só um aperitivo da confusão que já está contratada para o futuro e que inclui os Coelho, Mendonça, Bivar e todas as outras lideranças nacionais.

Com todo respeito…

João Campos, que não tem nada a ver com os problemas dos outros partidos, já avisou a Lula, “com todo respeito”, que não precisa do PT e não vai dar a vice ao partido.

Do lado de Humberto Costa (PT), que chegou a defender o nome de Carlos Veras (PT) para ser vice, mas já não falava no assunto há um bom tempo, isso era esperado. O senador é experiente, fez as contas e entendeu que o PT não tinha condições de exigir muita coisa a alguém que está com 70% de aprovação e 60% de intenções de voto.

Já quem milita do lado de Teresa Leitão (PT) ainda carregava esperanças de que Mozart Sales (PT) fosse escolhido para a vice.

…se toquem

A ducha de água gelada “doeu” nos apoiadores da senadora, pelo que se comenta dentro do partido.

Nunca é demais lembrar que os petistas chegaram a organizar um tipo de “prévia esquisita”, na qual os interessados deveriam se inscrever internamente para concorrer ao posto de vice na majoritária do PSB.

Era um tipo de eleição “café com leite”, daquelas que são promovidas nas escolas para incentivar o espírito democrático das crianças.

Enquanto isso, os socialistas, possivelmente, olhavam e achavam graça da ingenuidade.

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