Cena Política

A receita da vovó que não estão conseguindo adaptar para a cozinha nova

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (06)

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Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 05/06/2024 às 20:00
Análise

Armando Monteiro Neto (Podemos) resumiu bem o sentimento de vários setores da economia brasileira com o governo Lula (PT). O ex-senador e ex-ministro, que atua como representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), falou à Rádio Jornal, no programa Passando a Limpo.

Para ele, a gestão petista precisa se renovar. “Precisamos de uma visão nova. O equilíbrio macroeconômico da nação está sendo feito pela via da oneração, de buscar receitas a qualquer custo. Está faltando mais diálogo e precisa de uma agenda renovada”, aconselhou.

“Cauteloso” demais

Ao ser questionado sobre o trabalho do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que acumula o cargo de ministro da Indústria, Armando foi diplomático, elogiando o socialista, mas admitiu que não está funcionando.

“Criou-se uma boa expectativa, quando anunciaram o vice-presidente eu achei algo bom. Mas a experiência está demonstrando que, talvez pelo perfil dele, muito cuidadoso o tempo todo, ele tem tido posição muito cautelosa de não criar ruídos”, pontuou o ex-senador.

Eco

As críticas de Armando Monteiro, educadas mas bastante diretas para quem quiser entender, fazem eco dentro da Indústria, do Comércio e no Agro.

O governo Lula se ocupou em resgatar soluções antigas para problemas novos, gastou dinheiro com incentivos a setores que não têm mais a capacidade de garantir incremento à economia, enquanto tenta cobrar mais impostos de setores que deveriam estar sendo incentivados.

A receita da vovó

É como se a vovó decidisse fazer a receita de um bolo que não fazia há décadas. Ela pega seu caderno de receitas amarelado pelo tempo, ainda com as manchas de manteiga de criações anteriores. Um arquivo cheio de boas recordações e sabores.

Mas quando vai comprar os ingredientes, muitos nem são mais vendidos. Quando chega à cozinha, descobre que o forno é moderno e completamente diferente do que ela usava. O que acontece se ela não souber modificar a receita?

Sem bolo

As vovós, sempre incríveis, costumam saber se adaptar a isso e garantem um resultado delicioso.

Lula está demonstrando não ter a mínima ideia do que fazer e tenta usar o caderno amarelado do mesmo jeito que fazia 20 anos atrás, acreditando que é possível reproduzir o mesmo resultado com todos os fatores econômicos diferentes e com uma cozinha que não está nem perto daquela que ele se acostumou.

Geraldo Alckmin, que pode até entender melhor o problema, parece não querer se envolver, para não deixar o cozinheiro chateado. E o resultado é que não haverá bolo a ser servido pra ninguém.

Boa notícia

Quem também falou ao Passando a Limpo, na Rádio Jornal, foi a secretária estadual de Habitação, Simone Nunes. A notícia é tão boa quanto surpreendente: o governo Raquel Lyra (PSDB), junto com a Caixa Econômica Federal e contando com a articulação do senador Humberto Costa (PT) conseguiu dar uma solução à tragédia permanente que são os prédios do tipo “caixão” na Região Metropolitana do Recife.

Roteiro de solução

O banco aceitou pagar indenização razoável aos proprietários, o governo vai cuidar da demolição e o senador fez a ponte com a Esplanada dos Ministérios para garantir verba que vai ser usada na construção de habitacionais pelo próprio governo estadual.

Na prática, acabam com o risco de novos desabamentos mortais como os que aconteceram há pouco mais de um ano, as famílias proprietárias dos imóveis terão alguma compensação e as famílias que, sem outra opção, moram nessas estruturas, receberão novo teto. Todo mundo ganha.

Não por acaso

Simone Nunes é conhecida nos bastidores como um trator para trabalhar sem descanso e chama atenção como uma portadora constante de boas notícias no governo Raquel Lyra.

“Quando tem alguma pauta, ela já apresenta o problema com a solução, diz o endereço pra buscar a verba, as consequências e os remédios, tudo de uma vez”, comenta um palaciano sobre o trabalho da secretária. “Não é por acaso que a governadora trouxe ela para a gestão”, finaliza.

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