Como Bolsonaro, Lula já tem um "gabinete do ódio" para chamar de seu
Confira a coluna Cena Política desta terça-feira (11)
O Estadão revelou a existência de um grupo na comunicação do governo que se reúne todos os dias para avaliar pautas que estão repercutindo em redes sociais e na imprensa, mas chama atenção o método, que parece ser idêntico ao que era praticado pelo filho de Jair Bolsonaro (PL), Carlos, quando o pai dele era presidente. Na época, chamavam de “Gabinete do Ódio”.
No atual governo, como o PT gosta de jogar perfume para disfarçar o odor das coisas, o nome informalmente utilizado é “Gabinete da Ousadia”.
Igualzinho
O propósito, segundo a reportagem, é o mesmo: atacar nas redes aqueles que apontam falhas ou criticam a gestão. O influenciador Whindersson Nunes foi alvo, dia desses, quando criticou a primeira-dama, Janja. Começou a receber centenas de mensagens aleatórias com críticas ferozes, logo depois.
A imprensa também tem sido atacada. Perfis oficiais de jornais são alvos de críticas volumosas sempre que publicam alguma crítica a Lula ou ao governo.
Até publicações com pesquisas de popularidade da gestão viram trincheira dos militantes virtuais.
Influencers amigos
A reunião desse grupo, que acontece diariamente às 8h segundo o levantamento do jornal, é para analisar as críticas e direcionar respostas, contra-ataques, através de “influenciadores aliados”.
Para quem não lembra, é bem parecido com o sistema implementado nos governos Lula 1 e 2. Não é diferente das gestões de Dilma (PT). O que muda é apenas o veículo usado para os ataques. Na época eram os “blogs amigos”, com páginas que respondiam notícias apuradas dos jornais com discursos de militância entusiasmada e agressões aos opositores.
O governo Bolsonaro transferiu a prática para as redes sociais e o atual governo Lula copiou a “novidade”.
Já foi
Parte do país vive, em sua relação com o governo Lula e com o Judiciário, um tipo de “gratidão bisonha pela democracia”. A maior parte do Brasil ficou tão impactada pela má condução de Jair Bolsonaro na administração federal, e no risco do quase golpe, que passou a relativizar erros do atual governo e excessos dos nossos juízes.
Já está na hora de começar a olhar para frente e chamar pelo nome o que está errado.
Mesmo que o PT jogue perfume por cima e mesmo que não se chame “gabinete do ódio”, se existe algo que não existe nessas reuniões com influenciadores amigos é amor.
Ninguém entendeu?
Não é por acaso que boa parte dos partidos de extrema-direita na Europa, que saíram fortalecidos após a eleição do Parlamento Europeu, são chamados de “alternativa”. É comum que sejam conhecidos por expressões como “alternativa à direita”, “alternativa popular”, entre outros.
Existe uma busca por uma receita diferente da que foi implementada até agora no mundo e os partidos mais comprometidos com a democracia não conseguem captar.
Alguns estão até mais impacientes e, em Portugal, o partido de extrema-direita se chama “Chega”.
Ao invés de ficarem arrancando os cabelos pelo crescimento da direita, será que não era o caso de assumir erros e começar a mudar?
Intimidade com Deus
O prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, Fábio Aragão (PSD), que estava à frente de todas as pesquisas para ser reeleito ao cargo, anunciou que desistiu. O gestor explicou que “recebeu uma orientação divina” para não ser mais candidato.
Deus o teria mandado “cuidar da família após o fim do mandato atual”. Ninguém sabe se a mensagem chegou por email, app de mensagem ou no velho e eficiente telefone, mas com um conselheiro desses, quem vai discordar?
É uma pena que outros políticos, contumazes causadores de problemas ao país (não é o caso do prefeito), desfrutem pouco dessa intimidade com o criador para ouvirem e seguirem o mesmo conselho.
Sigamos, então.