A "vitória de Pirro" da relação entre Alepe e Palácio

Quanto tempo se perde discutindo coisas bobas na relação entre Executivo e Legislativo? Quanto desgaste isso gera para ambas as instituições?

Publicado em 15/07/2024 às 20:00

Vendo a Alepe e integrantes do governo de Pernambuco sempre dizerem que “apesar das divergências, todos os projetos são aprovados”, nos faz pensar numa analogia. Imagine um time de futebol que sempre acaba vencendo as partidas no campo. Isso é bom, porque no fim das contas vale o resultado que garante os pontos no campeonato. Mas esse mesmo time causa um monte de problemas até chegar ao gramado.

Os jogadores se envolvem em brigas pela cidade antes dos jogos. Brigam entre eles também. O roupeiro não se entende com o massagista, o técnico não fala com o fisioterapeuta, o treinador de goleiros é brigado com os goleiros do time e manda os treinamentos numa planilha pelo whatsapp para não ter que encontrá-los.

O clube está precisando de dinheiro, mas há divisões políticas e nenhuma gestão consegue ter estabilidade financeira. O ônibus do time quebra na ida ao estádio e provoca engarrafamentos gigantescos em todas as partidas. No lugar onde manda seus jogos, os vestiários sempre alagam, há problemas hidráulicos, elétricos e ao menos duas vezes por jogo os holofotes se desligam sozinhos.

O campo é ruim, cheio de buracos, os times entram atrasados em campo e a torcida não comparece porque a infraestrutura é sofrível.

Mas, no fim, o time faz gols e vence os jogos.

Alepe e Palácio

Os obstáculos do dia-a-dia são normais, é preciso enfrentá-los, mas transtornos evitáveis não podem ser ignorados só porque o resultado, no fim, é positivo. Não é possível ficar tranquilo com as declarações, da Alepe de um lado e do governo do outro, dizendo que os projetos enviados para a Casa sempre são votados e aprovados. Como se isso garantisse a estabilidade.

Porque o transtorno que eles causam até serem confirmados desvia a atenção, gera novos atritos e antipatias que sempre acabam atrasando a resolução dos problemas que realmente importam.

Quanto tempo se perde discutindo coisas bobas nessa relação entre Executivo e Legislativo? Quanto desgaste isso gera para a imagem de ambas as instituições?

É preciso ter muito cuidado para não acabar comemorando "vitórias de pirro", aquelas em que as consequências são são desastrosas ao ponto de muitos acreditarem que se sofre menos com uma derrota.

Confiança

Agora mesmo, uma simples convocação extraordinária virou um cabo de guerra, por falta de entendimento entre os dois poderes. Dizem que sempre que você precisa explicar demais uma ideia é porque ela não é muito boa. No caso da articulação entre Alepe e Palácio ou todas as ideias são ruins (e sabemos que não são) ou se construiu uma antipatia mútua num convívio em que tudo é motivo de desconfiança e todos acham que estão caindo em armadilhas, todos os dias.

E depois de muita discussão, especulação, e chamadas em blogs apontando uma nova “crise”, a convocação extraordinária foi aprovada, e com folga. Perdeu-se tempo e se gerou novo atrito. Uma confusão que só é possível para quem vive distante demais e em completa desarmonia.

É como se a ponte Princesa Isabel, aquela que liga o Palácio do Campo das Princesas ao Palácio Joaquim nabuco, onde funciona a Alepe, desde o ano passado tivesse deixado de ter 160 metros como está no mapa e passasse a ter uns 500 km.

Quem responde

Há muitos problemas, mas o essencial é a falta de um articulador, de uma ponte. O governo não tem um líder que converse de igual para igual na Alepe. O oficial, Isaías Régis (PSDB), é pré-candidato a prefeito de Garanhuns e carrega o posto de articulador mais como “fardo necessário” do que com empenho de resolução, além de não ter uma boa relação de proximidade com outros deputados importantes.

Os que fazem o papel de maneira informal ajudam como podem, caso de Joãozinho Tenório (Patriota) e Renato Antunes (PL), que por não serem titulares também passam dificuldade.

Do outro lado, a Assembleia até já tentou escalar pessoas para fazer essa interlocução, mas tudo esbarrou na dificuldade que os representantes do governo têm para serem legitimados como representantes do governo. E depois que o presidente Álvaro Porto (PSDB) teve um áudio vazado sendo grosseiro com a governadora, chegando a usar um palavrão, a relação desandou de vez.

Vale?

Hoje, os deputados têm se socorrido em dois secretários, principalmente: Wilson de Paula (Fazenda) e Fabrício Marques (Planejamento). Não por acaso, nessa última discussão sobre a convocação extraordinária, eles é que foram procurados pelos parlamentares em busca de socorro para entender os projetos e a convocação.

É verdade que os projetos estão sendo aprovados. Mas os transtornos e as consequências políticas decorrentes da forma como isso está acontecendo valem a pena?

Sebrae

Atento às eleições municipais, o Sebrae elaborou um guia para candidatos com 65 sugestões de ações de fortalecimento ao empreendedorismo. Entre elas, a instalação de Salas do Empreendedor, espaços de relacionamento entre o Sebrae, as prefeituras e os donos de pequenos negócios. Hoje, em Pernambuco, já são mais de 120 salas em funcionamento.

Iniciativa importante para fortalecer um setor que pode ajudar muito no crescimento dos municípios, cada vez mais apertados e dependentes de estados e União.

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