Dani Portela e a poesia recado da flor na cabeça com estrela no peito

Denúncias sobre o uso político das creches municipais e um recado constante aos integrantes do PT marcaram a sabatina da candidata do PSOL.

Publicado em 03/09/2024 às 20:00

A candidata Dani Portela (PSOL) não precisou responder a uma pergunta sobre isso, mas usou o tempo da sabatina da Rádio Jornal muito bem para deixar claro que não é linha auxiliar de João Campos (PSB) como muitos apontaram meses atrás quando ela se colocou à disposição para disputar a Prefeitura do Recife.

Recado ao PT

Na sabatina, além das propostas e de menções ao programa de governo, as críticas ao atual prefeito foram protagonistas. Denúncias sobre o uso político das creches municipais e um recado constante aos integrantes do PT municipal também entraram na roda.

Fazendo referência ao adereço que usa no cabelo, pelo qual é reconhecida nas ruas, e ao símbolo do partido de Lula (PT), repetiu algumas vezes que estava aberta para receber quem tivesse “uma flor no cabelo e uma estrela no peito”. Era uma convocação.

Poesia e preocupação

A poesia da frase é o resumo de uma preocupação do PT que prometeu apoio à João Campos e teme que a militância, em protesto por não ter conseguido a vice na chapa do socialista, vote na candidata do PSOL.

A coluna ouviu uma fonte no PT dando conta que os candidatos a vereador pelo Partido dos Trabalhadores têm recebido orientações para confirmar o voto no atual prefeito e ter cuidado com deserções. O PT ama João? Longe disso. É preocupação com a imagem.

Credibilidade

Dirigentes petistas, se dependessem de vontade própria, abandonariam a candidatura à reeleição do PSB, mas o prejuízo pode exceder a mágoa nesse caso.

João tem uma reeleição muito fácil, pode ficar na prefeitura por mais quatro anos e o PT, na relação com os outros partidos, negocia com duas moedas: o apoio de Lula e a militância. Quando faz um acordo e não entrega o prometido, enfraquece a própria posição em negociações posteriores.

PSB e Dilma

Voltando a Dani Portela, ela demonstrou entender que o campo é fértil para buscar votos petistas e investiu bastante nisso durante a entrevista. Fez questão de lembrar a participação do PSB em apoio ao impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, mencionou os ataques que a campanha de João Campos fez à corrupção do PT e as menções do candidato às prisões de dirigentes do partido na eleição anterior.

Lula nunca foi citado diretamente por Campos nos debates de 2020, mas esteve preso também até alguns meses antes e ficou bem magoado na época.

Resultado à frente

Se a estratégia dela der certo, será possível avaliar percebendo algum avanço do seu nome nas pesquisas, mas isso não deve ocorrer agora. É que até os petistas que pretendem votar nela tendem a declarar isso apenas depois que as verbas do fundo eleitoral forem liberadas aos vereadores. O risco é recusar prematuramente a orientação do partido e acabar pendurado no pincel.

Mas, é bom dizer, isso apenas se a migração do voto petista der certo, o que não é fácil com a distância que Campos tem dos adversários hoje.

Vem pesquisa aí

Por falar nisso, uma nova pesquisa Datafolha deve ser divulgada esta semana com dados sobre a corrida à prefeitura do Recife. Será o primeiro levantamento feito inteiramente dentro do período do guia eleitoral na cidade.

Existe grande expectativa sobre o efeito do guia e, principalmente, das inserções que ocorrem ao longo do dia. A campanha de Daniel Coelho (PSD), o segundo que tem mais tempo de propaganda, apostou no ataque direto e frontal ao prefeito durante as propagandas. Os primeiros efeitos deverão ser medidos nesta pesquisa.

Daniel é, inclusive, o entrevistado desta quarta-feira (4) na série de sabatinas da Rádio Jornal com os candidatos do Recife, às 11h.

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