Daniel Coelho e a tática dos números para atestar responsabilidades
A estratégia é desconstruir a retórica do candidato do PSB com dados e provar que o atual prefeito terceiriza a culpa em tudo o que é mais complexo.
Daniel Coelho (PSD) foi o terceiro entrevistado na série de sabatinas que a Rádio Jornal promove com os candidatos à Prefeitura do Recife. Durante todo o período em que o microfone estava aberto aproveitou para provocar o atual prefeito João Campos, do Partido Socialista Brasileiro.
Isso já era esperado, mas a sustentação feita com números acabou dando substância ao que poderia ser um discurso puramente eleitoral.
A estratégia de Daniel é desconstruir a retórica do candidato do PSB com dados para os quais muitos eleitores ainda não estariam atentando e provar que o atual prefeito terceiriza a culpa de tudo o que é mais complexo. A habitação seria um exemplo.
Habitação
Uma das polêmicas da eleição do Recife até agora foi a questão da habitação. João teve vitórias preliminares na Justiça contra a campanha do PSD por ter, supostamente, utilizado número errados sobre a habitação e por ter feito uma conexão entre falta de moradia e pobreza.
A campanha de Daniel reagiu e venceu no final, no mérito. A medida do PSB era para suspender a propaganda e a propaganda continuou.
O número do déficit habitacional, que Campos afirma ser de 54 mil pessoas, segue sendo apresentado com os dados anteriores, de 71 mil.
Comparando
Na sabatina, o candidato do PSD trouxe novos números. Ele fez um levantamento dos últimos prefeitos e de quantas moradias foram entregues nos últimos anos, comparando com a gestão atual. João Paulo (PT), segundo Daniel, teria entregue mais de 4 mil moradias. João da Costa (PT) entregou mais de 2 mil. Geraldo Julio (PSB) teria entregue cerca de 1,9 mil e João Campos entregou cerca de 1,7 mil habitações.
Daniel aproveitou a sabatina para dizer, ainda, que muitas dessas entregas foram de projetos de gestões anteriores.
Shows e apartamentos
Uma frase dita pelo candidato permeou praticamente toda a sabatina: “João terceiriza a responsabilidade de tudo o que é complexo na cidade”. Isso explica, de certa forma, o slogan que utiliza, o “Recife sem filtro”.
Segundo ele, o filtro é aquilo que se coloca nas fotos das redes sociais para ficar parecendo “ator de novela”.
O candidato reclama, por exemplo, dos gastos com shows e eventos em 2023 (R$ 250 milhões), enquanto a habitação teve bem menos (R$ 13 milhões).
“Ele não aceita”
Daniel disse ainda que Campos não aceita críticas. “Da semana passada pra cá, tudo que eu falei, ele me colocou na Justiça. Ele me acionou 11 vezes na Justiça, perdendo praticamente tudo. Mas há um desespero; ele não está acostumado com a crítica, não está acostumado com o contraponto”, reclamou.
Oposição
Sobre a oposição no Recife ter demorado tanto para se movimentar, o candidato diz que não pode falar pelos outros candidatos, mas que ele estava na secretaria de Turismo e tinha como objetivo buscar parcerias com o Recife, embora isso fosse algo difícil pelo afastamento do prefeito em relação ao governo.
O candidato chegou a falar, diversas vezes, que esse afastamento tem prejudicado a capital.
Próxima
Nesta quinta-feira (5) será a vez de Gilson Machado Neto ser entrevistado na sabatina da Rádio Jornal com os candidatos à Prefeitura do Recife.
As sabatinas são comandadas pela apresentadora Natália Ribeiro, com participação deste colunista, e vão até a semana que vem com todos os postulantes ao cargo de chefe do Executivo Municipal.