Campos caiu na pesquisa Quaest mas a oposição não consegue criar aderência

O recado claro desse levantamento é que Daniel Coelho, Gilson Machado e Dani Portela não conseguem absorver os votos que João Campos perde.

Publicado em 11/09/2024 às 20:00

O teto de João Campos (PSB) na eleição deste ano, ao menos por enquanto, está definido. A pesquisa Quaest divulgada ontem comprovou um patamar um pouco mais baixo do que os 80% conquistados no levantamento anterior, com o socialista descendo para 76%. A queda está fora da margem de erro, que é de 3 pontos percentuais. Campos pode chegar a 79% para cima, ou 73% para baixo.

Significa que a história da eleição do Recife deve mudar? Não, longe disso se for pra ser realista. Campos ainda é favorito e tem grandes chances de levar a eleição no primeiro turno.

O que parece, realmente, é que a eleição está retornando a um padrão de mais racionalidade, compatível com um prefeito que tem boa avaliação, mas dentro de uma cidade que tem ainda inúmeros problemas a serem resolvidos.

Processo lento

Só seria possível enxergar uma mudança em curto prazo na história da eleição se os votos que antes estavam sendo declarados para João Campos estivessem sendo depositados diretamente nos adversários com maior chance de irem a um segundo turno com ele. Isso, claramente, não aconteceu.

Quem subiu foi Daniel Coelho (PSD), que passou de 5% para 6%. Gilson Machado (PL) continuou com os 6% da pesquisa anterior. Dani Portela (PSOL), que também subiu, foi de 1% para 2%. Tecio Teles (Novo) ficou com o mesmo 1% da pesquisa anterior. Os outros nomes nem pontuaram nas duas pesquisas, a de agosto e a de agora.

Quem mais cresceu na Quaest desta semana? Os indecisos, que foram de 1% para 4%.

Aderência

O recado claro desse levantamento, e cada pesquisa é um retrato de momento, é que Daniel, Gilson e Dani não conseguem absorver os votos que João Campos perde. A rejeição pode ser um problema. Daniel tem 47% dos entrevistados dizendo que não votam nele. Isso dá quatro vezes a rejeição de Campos (12%).

Quando o prefeito, candidato à reeleição, perde um voto, Daniel não consegue segurá-lo por falta de aderência. O eleitor “escorrega” das mãos dele e vira um indeciso. O mesmo acontece com Gilson e sua rejeição de 32%. Dani tem rejeição de 34%.

Campos

O candidato João Campos tem duas preocupações principais: a primeira é não cair abaixo de 60%, porque as urnas são traiçoeiras. A segunda preocupação importante é garantir que os adversários continuem sem ter aderência para os votos que naturalmente forem se perdendo, por causa do desgaste natural de uma eleição.

Ele já sabe disso. Não é por acaso que Campos começou a não deixar os adversários sem resposta e tem reagido no guia eleitoral a todos os ataques sofridos.

Oposição

Do outro lado, a oposição tem dois desafios imensos: continuar no ataque sem arriscar um aumento da rejeição.

Daniel, Gilson e Dani tem que fazer com que o eleitor recifense comece a rejeitar João, apontando a artilharia diretamente no atual prefeito, mas sem correr o risco de ser antipatizado por isso.

Normalmente, essa estratégia passa mesmo pelo processo que está sendo realizado. Os eleitores que se desencantam com o líder das pesquisas viram indecisos e ficam “disponíveis” para serem conquistados pelos opositores. O problema é o tempo. A eleição já é daqui a menos de 25 dias.

Sabatinas

A Rádio Jornal encerrou com Ludmilla Outtes (UP) a série de sabatinas com os candidatos à Prefeitura do Recife. Representante de um partido com história muito recente, Ludmilla se destaca de outros candidatos como Simone Fontana (PSTU) e Victor Assis (PCO) pela preocupação em fazer com que as propostas tenham sentido para a cidade e não apenas para verbalizar plataformas ideológicas nacionais sem muita conexão com os desafios do Recife.

Isso fica claro mesmo em propostas com pouca chance de execução real, como a criação de uma empresa pública para concorrer com os aplicativos de transporte ou na aquisição de centenas de ônibus movidos à energia limpa para substituir os que existem hoje, excluindo as empresas operadoras do transporte atualmente.

Democracia

Ainda assim, todos foram ouvidos com a mesma atenção e estrutura que os candidatos mais competitivos tiveram.

Isso faz parte do compromisso do Sistema Jornal do Commercio com a democracia e com o lugar em que as pessoas moram, a cidade cheia de questões a serem resolvidas e que precisam ser enfrentadas pelos gestores públicos, sejam eles quem forem.

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