Igor Maciel: Relação entre Executivo e Legislativo em Brasília está navegando melhor
Presidentes dos poderes vão ao Japão juntos e a CCJ caminha para longe do bolsonarismo. Os novos ventos são otimistas, se o PT não atrapalhar.

O governo Lula começa a ter um vislumbre de folga política. Se vai saber aproveitar isso, é outra história.
O presidente da República está para embarcar numa longa viagem atravessando o mundo. Vai para o Japão. O que chama atenção é a comitiva. Quase que não fica ninguém para tomar conta da República.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), também embarca. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB), é outro convidado.
Parceria
A relação está boa entre os três como nunca foi realmente com Arthur Lira (PP), por exemplo. O governo está acenando com liberação de emendas, o Congresso começou finalmente a votar o orçamento. Pautas prioritárias do Executivo, como a isenção do Imposto de Renda, começam a sofrer menos para entrar em discussão.
E o que mais chamou a atenção da coluna: o novo presidente da CCJ, Paulo Azi (UB), avisou que a pauta ideológica e a briga com o STF não terão espaço no colegiado. É uma guinada.
Economia e segurança
Em 2024, quando a bolsonarista Caroline de Toni (PL) estava no comando da Comissão de Constituição e Justiça, as pautas travavam para ficar discutindo matérias voltadas para a atuação do Supremo Tribunal Federal, do MST, além de avançar propostas que podem acabar com o aborto legal no Brasil e sobre drogas.
Paulo Azi foi direto: “vai dar atenção especial à pauta enviada pelo Executivo e o foco será a Economia e a Segurança”.
Demorou mais de dois anos, mas o governo finalmente assumiu com um aliado o importante espaço da CCJ. Ficou claro.
Ambiente
Entre ter oportunidade política e saber aproveitá-la para fazer o melhor pelos brasileiros, ao invés de ser pela próxima eleição, é outra conversa que ainda necessita ser amadurecida, mas é fato que o ambiente político está se modificando. De Arthur Lira (PP), por exemplo, ninguém mais ouviu falar.
O PL começa a pautar sua oposição mais pelos problemas econômicos do país do que pela defesa de Bolsonaro (PL), há uma tendência de recuperação econômica do mundo com a guerra da Ucrânia caminhando para esfriar e a Europa disposta a gastar muito dinheiro para depender menos dos EUA. Se o PT não atrapalhar, talvez já ajude bastante Lula.
Humberto oficial
Por falar em PT, o senador pernambucano Humberto Costa (PT) foi eleito oficialmente presidente nacional do partido, ao menos até o meio do ano. Ele substitui Gleisi Hoffmann que foi convocada para assumir um ministério no governo Lula.
O posto é temporário, até que um novo presidente seja eleito, o que depende de consenso entre os petistas. Dizem que esperar consenso interno no PT é como sonhar com chuva açúcar brotando de um areal no deserto do Saara em direção a um céu de nuvens cor de rosa.
Mas, vai que acontece.
Federação
Por falar em Pernambuco, há uma expectativa no meio político para entender como vai ficar a situação de PP e União Brasil por aqui. A colega Terezinha Nunes, que escreve para o Jornal do Commercio, confirmou em seu blog que a federação entre os dois partidos ficará sob comando de Eduardo da Fonte (PP) em Pernambuco.
Hoje, o PP está na base de Raquel Lyra (PSD) e o União integra a oposição. A regra da federação determina que as decisões das siglas federadas devem ser uniformes. Para onde um partido for, os outros também irão.
O acordo entre os dois partidos ainda não está fechado, mas é dado como certo. Qual será a reação de Miguel Coelho?
Confira o podcast Cena Política