O Tribunal de Contas da União (TCU) está prestes a suspender uma compra do Ministério da Saúde que o ministro Benjamin Zymler considerou muito estranha. São 80 milhões de aventais a um custo total que
chegou perto de R$1 bilhão. O contrato com uma pequena empresa do tipo 'Eireli', Inca Tecnologia e
Serviços, de apenas um sócio, tem o valor R$ 912 milhões. Além disso, a compra foi realizada sem licitação.
A suspeita é que a compra pode ser 'superdimensionada e antieconômica'.
Zymler quer saber por que, em compra tão expressiva, o Ministério da Saúde não especificou dimensões e
nem o destino dos aventais.
O TCU acha que não houve avaliação dos riscos de comprar de empresa tão pequena produtos que exigem
quantidade, qualidade e prazo.
O único dono de uma empresa do tipo 'Eireli', por lei, não poderá ter o seu patrimônio pessoal afetado pelas dívidas do seu negócio.
O ministro Benjamin Zymler deu prazo de cinco dias para explicar a compra dos 80 milhões de aventais com
dispensa de licitação.
Certo de que Ricardo Lewandowski ordenaria a liberação dos exames para o jornal O Estado de S. Paulo, o
presidente Jair Bolsonaro mandou entregá-los ao ministro do STF. Os críticos de Lewandowski sempre o
vinculam a opositores de Bolsonaro, como Lula e o próprio PT, mas foi ele quem livrou o presidente da
'acusação' de estar doente, ao determinar 'ampla divulgação' dos exames, todos negativos. Ao menos é um
presidente que não foi 'julgado' no STF por roubar dinheiro público.
A judicialização dos exames do presidente beirou o ridículo. Bolsonaro chegou até a advertir, com bom
humor: 'vão cair do cavalo'. Caíram.
Bolsonaro errou tanto quanto seus críticos. O presidente tem o dever de expor qualquer exame de saúde, isso é do interesse público.
Em duas semanas, dobrou no Estado de São Paulo o número de mortes por coronavírus. Passando de 2.049,
em 28 de abril, para 4.118 ontem. E o pior é João Doria não poder culpar adversários.
O desafeto Felipe Santa Cruz levou a OAB que preside a passar vergonha e ser humilhada com os três testes
negativos de Bolsonaro.
Bolsonaro já deveria ter percebido que a máxima de Napoleão I ('Jamais interrompa seu adversário quando ele estiver cometendo um erro'), que ele curte, talvez explique o mutismo da oposição no Congresso.
A Câmara não votou, ontem, o projeto que obriga o uso de máscara em locais públicos, sob pena de prisão de até 15 anos.
'Quem 'alinha discurso' é bandido', vice-presidente Hamilton Mourão negando indignado que generais tenham combinado depoimentos à PF
Nomes fictícios nos exames de Bolsonaro para a covid-19 são precaução para reduzir o risco de vazamentos.
Presidentes e familiares recebem apelidos curiosos da segurança. Presidente é 'Águia', primeira-dama 'Cisne' etc.
O depoimento do ex-superintendente da PF no Rio frustrou a expectativa de que Bolsonaro fosse desmentido na afirmação de que seus filhos não foram e nem são investigados. O delegado Saadi confirmou isso, o que faz a 'interferência' perder sentido.