A neolulista Simone Tebet (MDB-MS) é uma das mais alinhadas ao governo de Jair Bolsonaro (PL) nas votações no Congresso Nacional. Em 85% das vezes, a senadora votou de acordo com os interesses do atual governo. O índice é maior que a média da base governista no Senado, 83%, e supera também o índice de fidelidade da Câmara, 74%. Na economia, Tebet cola no governo. Acompanhou o desejo do Planalto na reforma da Previdência e na Lei da Liberdade Econômica, por exemplo.
O índice de Tebet é mais elevado que de alguns bolsonaristas, como Eduardo Girão (Pode-CE), 82%; e Carlos Portinho (PL-RJ) 84%.
Apesar do alinhamento governista, Tebet agradou a esquerda ao votar contra a privatização da Eletrobras, mas se diz favorável à venda.
Contra a pauta esquerdista, Tebet é autora do PL 494/15, que dificulta a demarcação de terra indígena. Pegou mal e a senadora arquivou.
Ainda irrita a esquerda o voto pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT). Tebet chamou de “nefasta” a política fiscal do governo petista.
Após contar a lorota de que pretende “desideologizar a política externa”, o futuro chanceler Mauro Vieira decidiu promover retaliações das quais não foi alvo, quando deixou o mesmo cargo no governo Dilma Rousseff (PT). Agora, a ordem é perseguir “diplomatas bolsonaristas”. Ele ganhou a chefia da representação do Brasil na ONU, em Nova York, com direito a apartamento de US$50 mil mensais pago pelo Itamaraty, e ainda costumava falar mal de Michel Temer, o presidente que o nomeou.
O primeiro alvo da retaliação do futuro ministro de Relações Exteriores será o embaixador em Washington, Nestor Foster. Será afastado.
Vieira ganhou de Bolsonaro a embaixada em Zagreb, mas não define o futuro do colega Carlos França, atual chanceler e diplomata elogiado.
Os ex-chanceleres Antonio Patriota foi para Roma (depois para o Cairo) e Luiz Figueiredo para Doha, ambos presenteados por Jair Bolsonaro.
O futuro ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, e o atual titular da pasta, Paulo Sérgio Nogueira, trataram em Brasília do desmonte dos acampamentos em frente aos quarteis.
O anúncio de Wellington Dias de que “depende de diálogo” com o MDB, a definição de ministério de Lula para Simone Tebet, terceira colocada na disputa presidencial, confirma o veto do partido já citado nesta coluna.
Com Gilberto Kassab no secretariado de Tarcísio de Freitas, eleito sob as bênçãos de Bolsonaro, é o senador Otto Alencar e o deputado Antônio Brito que discutem vagas do PSD no Lula III.
A “Autoridade Nacional do Clima”, que Lula queria criar para Marina Silva, foi inventada nos EUA por Joe Biden para estacionar o senador John Kerry, líder do partido democrata que chegou a ser candidato a presidente. Kerry não apita nada, mas poderia atrapalhar muito.
PSD, MDB e Solidariedade ainda disputam vagas na Esplanada de Lula (PT), que só tem à disposição 16 das 37 vagas que o governo eleito petista prometeu. Até agora nenhum deles foi contemplado.
Depois de ver sua vice Luciana Santos (PCdoB) furar a fila e levar uma pasta no governo Lula, o rejeitadíssimo governador pernambucano Paulo Câmara (PSB) cava para chefiar o Banco do Nordeste.
André Janones (Avante), que nas eleições não passou de personagem-satélite do PT, achava que poderia ganhar ministério, mas terá o mesmo papel da maior parte dos não-petistas após a campanha: figuração.
Pelos planos de Lula, Jaques Wagner (PT-BA) será o líder do governo no Senado, José Guimarães (PT-CE) na Câmara e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) no Congresso.