Quem percorreu os postos de combustíveis do Recife nesta quinta-feira (28) percebeu que o preço da gasolina comum chegou a, praticamente, R$ 5 o litro. O produto amanheceu mais caro, depois do aumento de 5% determinado pela Petrobras para ser aplicado na quarta-feira (ontem) na gasolina que sai das refinarias para as distribuidoras. Não demorou nem 24 horas para chegar às bombas dos postos e pesar no bolso do consumidor. O reajuste foi o segundo já aplicado neste mês de janeiro, e o terceiro em menos de 30 dias. O último aumento de 2020 entrou em vigor dia 29 de dezembro. Os três juntos somam 17,6% de aumento.
O motoboy Reimison Félix, de 26 anos, trabalha com entrega de produtos por aplicativos, e tomou um susto quando parou em um posto no Bairro do Torreão, na Zona Norte, para abastecer. Ele reclamou que, com o aumento da gasolina a margem de lucro dele diminui. “Para a gente que é desse ramo é complicado porque a taxa de entrega que recebemos é variável e às vezes diminui muito para atrair o cliente. Quando a gasolina aumenta, o custo da gente sobe, aí não compensa rodar porque a gente não tem muito lucro”, ponderou o motoboy. Até a semana passada, para encher o tanque de uma moto como a dele, o custo era de cerca de R$ 73. Agora, chega perto dos R$ 80.
MENOS DE R$ 4
Carlos Vicente, 25 anos, professor de Educação Física, é daqueles profissionais que usa o carro o dia todo para se deslocar de um local de trabalho para o outro. Ele acha um absurdo dois aumentos no mesmo mês. “Eu não concordo com isso não. Tem que baixar um pouco mais. Claro, não como era há quatro ou cinco anos, mas voltar para um preço que caiba no bolso da gente. Tá um absurdo, isso”, enfatizou.
O professor não está errado no seu apelo e na lembrança de que a gasolina não parecia tão cara há bem pouco tempo. Há cerca de seis meses, a gasolina era vendida no Recife por menos de R$ 4,00 o litro. Em uma pesquisa de preços do Procon-PE, feita em julho de 2020, foi constatado que um posto no Bairro do Pina, Zona Sul do Recife, vendia o produto a R$ 3,68.
MOTIVOS
O encarecimento da gasolina que prejudica o consumidor, também é motivo de protesto dos comerciantes. Fernando Cavalcanti Moraes, dono de posto de gasolina no Bairro de Santo Amaro, Zona Norte do Recife, reclama dos constantes aumentos, mas admite que a explicação não é fácil. A composição do preço do produto e a política de preços da Petrobras, alinhada com o mercado internacional do petróleo, é algo que o consumidor não concordaria, mesmo que entendesse. “O petróleo tem um custo lá fora, além do mais, tem os impostos federais, o ICMS estadual. No final das contas fica difícil pra gente trabalhar”, resumiu.
O presidente do Sindicombustíveis-PE, Alfredo Pinheiro Ramos, calcula que só os aumentos de 2020 já encareceram o litro da gasolina em cerca de R$ 0,26. “No Rio Grande do Norte tem posto vendendo gasolina a R$ 5,19 o litro. Isso para tentar ganhar alguma coisa. Em Pernambuco, historicamente, a média de preços é mais baixa, mas a nossa margem de lucro, que já é pequena, é pressionada de todos os lados”. Ramos reforça que o mercado é livre para determinar o preço do combustível nas bombas. São a concorrência, os tributos e os custos de cada comerciante que determinam o preço final ao consumidor, explicou.
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