Quem está pensando em aderir ao etanol para escapar dos aumentos sucessivos da gasolina, é bom fazer umas contas antes. Nestes dois primeiros meses do ano, a gasolina teve quatro aumentos e já soma 34% de reajuste em relação ao preço que tinha no final de dezembro passado. Mas o etanol não ficou atrás. Apesar de não ser um derivado de petróleo e nem uma comoditie (produto com preço determinado pelo mercado internacional), o etanol sempre acompanha os aumentos da gasolina. O preço médio do etanol no grande Recife está em torno de R$ 4 o litro.
O presidente do Sindcombustíveis-PE, que congrega donos de postos de gasolina no estado, Alfredo Pinheiro Ramos, diz que essa relação é determinado pelo mercado. Não há um preço base na produção, como acontece com a Petrobras que determina o preço nas refinarias. “Toda vez que a gasolina sobe o etanol acompanha e fica naquela margem entre 65% e 70% do preço da gasolina. É a lei do mercado. É bom lembrar que isso acontece também porque a gasolina C vendida nos postos tem 27% de álcool anidro.Se uma sobe, a outra acompanha”.
IMPOSTO
Outros fatores influenciam o preço do etanol. Se o mercado externo do açúcar está com preço em alta, as usinas vão preferir produzir açúcar, isso pode encarecer o preço do álcool. Até a primeira quinzena de janeiro as usinas de Pernambuco tinham produzido 743,07 mil toneladas de açúcar, cerca de 10,17% a mais em relação ao mesmo período da safra anterior. Já a expectativa de produção de etanol para a safra de 2020/2021 é de redução entre 4% e 5%.
Com a redução na produção, e o fim da safra e da moagem da cana, em Pernambuco, agora em março, a tendência é de haver elevação no preço do etanol. Mas há outros fatores envolvidos que pesam na composição do preço. Alfredo Ramos cita o estado de São Paulo, onde o preço médio do litro do etanol chega a ser R$1 mais barato. “O custo de produção em São Paulo é menor, porque lá a lavoura é mecanizada. Além disso, o ICMS paulista sobre o etanol é de 13% e aqui é de 25%”. Atualmente, o etanol responde por 30% a 35% das vendas dos postos em Pernambuco, assinalou o presidente do Sindcombustíveis.
ECONOMIA
O motorista de aplicativo Alexandre Santos na maior parte do tempo, usa gás natural veicular no automóvel, para “sobrar algum lucro e levar pra casa”, diz ele, que paga cerca de R$ 3 pelo metro cúbico do gás. Mas, como a autonomia do GNV não é suficiente para rodar o dia inteiro sem parar para abastecer, Alexandre conta que tem de recorrer à gasolina, mesmo o produto estando na casa de R$ 5 o litro. “Não boto etanol porque acho que não compensa”, afirmou. Alexandre tem uma lógica própria para evitar o combustível vegetal. “Rodo sempre de dia, e o calor faz o etanol evaporar mais rápido”, argumentou.
Para o consultor automotivo Alexandre Costa, da Alpha Consultoria, é possível economizar sim, utilizando o etanol em substituição a gasolina. Mas é preciso ficar atento a alguns detalhes. “Essa história de que o etanol evapora mais rápido, não é bem assim. Na verdade, o poder calorífico do etanol é menor e faz o carro gastar mais energia, digamos assim, para se locomover, o que aumenta o consumo”. O consultor lembra que ,por gastar mais, muita gente acha que o etanol é "mais fraco", e tenta compensar acelerando mais o carro. "É justamente o contrário. O motor ganha mais potência com etanol, então exige menos esforço".
Alexandre Costa diz ainda que a velha fórmula de que o etanol deve custar até 70% do preço da gasolina para valer a pena já está ultrapassada. “Esse cálculo foi feito em 2003. Hoje, quase 20 anos depois, os motores evoluíram muito e rendem mais com qualquer combustível”. Alexandre acredita que a régua da paridade pode ser ampliada para 73% ou até 75%, dependendo do veículo. Outro fator que conta também para quem está buscando economia é manter a manutenção do carro em dia, dirigir de forma suave e sempre que possível evitar engarrafamentos. “Um simples pneu descalibrado piora o consumo de combustível”, ensina Alexandre.
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