Fera de medicina, Fernando é a favor do bônus para quem estudou em Pernambuco. Foto: Leo Motta / JC Imagem
A partir do próximo ano, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
vai ampliar a oferta do bônus de inclusão regional no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Segundo o reitor Alfredo Gomes, o acréscimo de um percentual na média final do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será concedido a qualquer candidato que estudou no Estado. O benefício, no entanto, não valerá para todos os cursos. Atualmente,
somente egressos de escolas da Zona da Mata e do Agreste pernambucano recebem 10% a mais na nota do Enem se forem concorrer, pelo Sisu, às graduações ministradas nas unidades acadêmicas de Vitória de Santo Antão e Caruaru.
No País, pelo menos três universidades aumentam as médias dos candidatos no Sisu caso eles tenham estudado nos Estados em que elas estão inseridas. A
Universidade Federal do Maranhão (UFMA) é a que tem a maior bonificação, 20%, para o estudante que disputar na ampla concorrência e tiver cursado do 9º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio em qualquer escola maranhense. Na Universidade Federal do Acre (Ufac) o acréscimo é de 15%, também para ampla concorrência, para quem fez o ensino médio no Estado. Na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o bônus de 7% vale para o vestibulando que cursou integralmente o ensino médio no Amazonas.
“Gostaria de ter discutido isso ano passado, mas assumi a reitoria em outubro e não deu
tempo para este Sisu. Estamos finalizando um estudo para definir quais serão os cursos que
haverá o bônus de inclusão regional para o estudante de Pernambuco. Também o percentual. Adianto que não será para todos os cursos porque entendemos que não há necessidade, já que nem todas as graduações têm percentual alto de alunos vindos de fora”, afirma Alfredo Gomes. Conforme o reitor, o benefício deve contemplar cursos mais concorridos, como medicina e direito. Ele estima que até o meio do ano terá uma definição.
OCUPAÇÃO DAS VAGAS
No ano passado
, a pró-reitoria acadêmica da UFPE fez um levantamento para saber a origem dos candidatos aprovados em medicina no câmpus Recife. Das 140 vagas, só 53, ou 37,9%, ficaram com jovens pernambucanos. As outras 87 vagas, ou 62,1%, foram preenchidas por vestibulandos de outros Estados. São Paulo e Minas Gerais mandaram mais gente, 32 e 10 estudantes, respectivamente. Em 2018, também de acordo com a pró-reitoria, os quatro cursos com mais alunos de fora foram medicina (55%), oceanografia (43%), cinema (38%) e biomedicina (34%).
Na quinta tentativa para conquistar uma vaga em medicina, o fera pernambucano Fernando Lins Neto, 23 anos, é a favor do bônus para estudantes do Estado. “Acho ótimo pois perdemos muitas vagas para concorrentes de fora. Muitos vêm, terminam a faculdade e voltam para suas cidades”, diz Fernando.
Aluno do 7º período de medicina da UFPE em Caruaru, Matheus Santos, 23, foi beneficiado pelo argumento de inclusão regional. “Fez toda diferença. É importante para os jovens do interior. Só receio que se o bônus for ampliado para todos os candidatos de Pernambuco, as vagas de Caruaru sejam ocupadas pelos concorrentes do Recife”, observa.