Exatos 170 dias hoje da suspensão das aulas presenciais nas escolas da educação básica de Pernambuco por causa da pandemia de covid-19, donos de colégios particulares vão para a rua, no Recife, pressionar o governo a autorizar a retomada das atividades nas unidades de ensino. As aulas estão acontecendo de forma remota, já que a presença nesses estabelecimentos foi proibida desde 18 de março e vale até 15 de setembro. Em um ato chamado Encontro pela Educação, na Praça da República, em frente ao Palácio do Campo das Princesas, no bairro de Santo Antônio, sede do Executivo estadual, a partir das 9h, proprietários das escolas privadas vão cobrar do Estado data para retorno das aulas presenciais. A rede particular assegura estar pronta para receber docentes e discentes, com cumprimento dos protocolos exigidos pelas autoridades sanitárias em relação ao novo coronavírus. E defende a desvinculação do cronograma com a rede pública.
Dos cerca de 2,3 milhões de alunos da educação básica em Pernambuco, 400 mil estão matriculados em 2.400 colégios privados (a rede estadual soma quase 600 mil alunos e o restante está nas escolas municipais e na rede federal). A expectativa do sindicato dos donos de escolas é ter representantes de várias regiões do Estado no ato. Pais de alunos foram convidados. “Esperamos pessoas que desejam se posicionar pela educação, que a colocam como prioridade. Convidamos escolas e famílias que defendem o direito de ter aula presencial, sem prejuízo para os que optarem por manter os filhos em casa, com aulas remotas”, ressalta o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Pernambuco (Sinepe), José Ricardo Diniz. A categoria espera ser recebida pelo governador Paulo Câmara.
Diretora do Colégio Santa Maria, Rosa Amélia Muniz investiu cerca de R$ 210 mil para equipar as duas unidades de ensino, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, e no Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, Grande Recife, para o retorno presencial. Também para preparar as equipes. “Compramos equipamentos de tecnologia e reforçamos a rede de internet. Contratamos consultoria do Hospital Português para capacitar os funcionários da limpeza. Instalamos mais pias, temos termômetros para aferir a temperatura. Tudo com responsabilidade e cuidado”, observa Rosa Amélia. Pesquisa realizada com as famílias dos cerca de 3 mil alunos mostrou que 67% da educação infantil e do ensino fundamental voltarão. No ensino médio o índice foi de 82%. “As escolas que estão prontas devem retornar, seja da rede particular ou da pública”, diz Rosa Amélia, que estará no ato de hoje.
No Colégio Núcleo, que mantém unidades em Boa Viagem e na Jaqueira (Zona Norte), também foram tomadas providências para atender as exigências do governo. Mas segundo o diretor, Gilton Lyra, o ensino remoto está funcionando bem e mais da metade das famílias deseja a continuação desse formato (75% no fundamental e 63% do ensino médio). “Não vamos participar do ato por entendermos que a aprendizagem está acontecendo satisfatoriamente no modelo online. Já tínhamos a cultura do digital na escola, então foi mais tranquila a adaptação. Cada família deve decidir o que achar melhor”, afirma Gilton.
"Concordo com a volta das aulas presenciais e pretendo mandar meus dois filhos. Existe confiança entre o Colégio Santa Maria e os pais. A escola buscou o melhor, com apoio técnico do Hospital Português”, diz a empresária Renata Becker, mãe de Guilherme, 17 anos, e Henrique, 5 anos.