Pernambuco virou referência, no País, na implementação das escolas integrais no ensino médio. Dos 317 mil alunos matriculados nessa etapa na rede estadual, 67,5% (equivalente a 214 mil jovens) estão nesse formato, ficando dois turnos na escola. Os outros 32,4% estudam no ensino médio regular. Pesquisas mostram que a política impacta na diminuição da violência, amplia as chances de ingresso no ensino superior e oportuniza melhorias na renda.
É consenso entre especialistas da área educacional que a ação deve continuar pelo próximo governo estadual. Entre os desafios está fortalecê-la, diminuindo a desigualdade entre as escolas integrais. E levar o turno estendido para mais séries finais do ensino fundamental, etapa da educação básica que apresenta índices baixos de aprendizagem.
Atualmente, a rede estadual já conta com 112 escolas de ensino fundamental com turno integral do 6º ao 9º ano. Do universo de 126 mil alunos nessas séries, 20.797 estudantes (16%) estão no integral. Eles ficam todos os dias das 7h30 às 14h30 na escola. Nas redes municipais, o Programa Educação Integrada, criado pela atual gestão, apoia a implementação do ensino integral em 30 das 184 cidades pernambucanas.
VEJA OUTROS DESAFIOS NA EDUCAÇÃO
"Educação é um processo cumulativo, progressivo. A primeira responsabilidade do novo governador é manter o que está dando certo. Do ponto de vista das escolas integrais do ensino médio, que está quase universalizado o acesso, é permanecer com aquilo que funciona", sugere o presidente do Instituto Qualidade no Ensino (IQE), Marcos Magalhães. Foi a partir da proposta dele que em 2004 Pernambuco implementou a primeira escola integral, o Ginásio Pernambucano, que fica na Rua da Aurora, no Centro do Recife.
"Agora educação não é apenas ensino médio. O governo estadual precisa levar o modelo de escola de tempo integral para mais escolas do ensino fundamental", diz Marcos.
Mozart Neves Ramos, que era secretário de Educação de Pernambuco quando começou o modelo no Ginásio Pernambucano, concorda com Marcos Magalhães. Em relação ao ensino médio, ele ressalta a importância de melhorar as escolas que já estão com ensino integral. "À medida que cresce o número de escolas integrais há o desafio de manter a equidade. Existe uma dispersão na qualidade que precisa ser observada", diz Mozart.
"Sem dúvida a escola integral é melhor que a regular. Mas há falhas. Tem vezes que colocamos notas nos alunos que não são realmente as que eles mereciam. Mas há uma pressão interna da gestão para que os índices de aprovação da escola não caiam porque também tem essa cobrança da Secretaria de Educação. E igualmente de colegas professores pois o pagamento do bônus depende de bons indicadores", relata um docente que ensina matemática num colégio integral da rede estadual da Zona Norte do Recife.