Em colaboração com Dyandhra Monteiro, da TV Jornal
O Governo de Pernambuco se pronunciou publicamente nesta quinta-feira (2) sobre as notícias de atrasos nos salários de merendeiras e outros trabalhadores entre os 20 mil terceirizados da rede estadual de Educação.
Pelas redes sociais, o Estado se eximiu de qualquer culpa, afirmando que os contratos seguiam seus ritos normais e que abriu um processo administrativo para averiguar as empresas que não têm mantido os serviços.
"Os pagamentos às empresas terceirizadas da Secretaria Estadual de Educação, que cuidam de contratos de merendeiras, porteiros e auxiliares administrativos, entre outros, estão ocorrendo dentro dos prazos previstos em contrato. Casos pontuais estão sendo priorizados e resolvidos.
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O governo pediu que os funcionários das escolas, assim como mães, pais e estudantes do Estado que estão sendo prejudicados denunciem os casos pelos disponibilizando os canais da Ouvidoria do Estado, pelo telefone 162, pelo site ouvidoria.pe.gov.br e pelo e-mail ouvidoria@ouvidoria.pe.gov.br.
O caso ganhou repercussão na última terça-feira (28) após divulgação pelo JC, que mostrou as dificuldades que eles estavam passando.
Com isso, o salário referente a janeiro das cerca de 600 merendeiras foi pago entre a terça e a quarta (1º). Com isso, muitas trabalhadoras voltaram aos postos de serviço, mas outras seguem paralisadas pela falta dos auxílios-transporte e alimentação, que ainda não foram depositados em suas contas.
A ausência das profissionais atinge fortemente a rede estadual, composta por 1.059 escolas e 534 mil estudantes. Diversos relatos de unidades educacionais que têm fechado mais cedo pela falta de comida têm chegado ao JC.
ESCOLAS DE PERNAMBUCO SEM MERENDA
Uma delas é a Escola Estadual Dona Maria Teresa Corrêa, no Alto Jose do Pinho, Zona Norte do Recife, que tem cerca de 800 alunos matriculados nos três turnos de funcionamento.
A empregada doméstica Ana Paula, que tem uma filha de 11 anos matriculada na unidade, disse que a carga horária da estudante é das 7h às 14h, mas que desde o início da semana ela e os colegas de turma têm sido liberados mais cedo pela falta de comida.
"Tem muitos pais que não trabalham, então as crianças confiam na alimentação daqui, que está zero. Quando cheguei pela manhã, fiquei sabendo que o lanche foram dois ovos", disse.
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A aposentada Sônia Maria tem um neto que estuda no 7° ano e está preocupada com o rendimento escolar do adolescente. "O governo tem que olhar para o estudo das crianças, está faltando. É um colégio de referência, é uma falta de organização", opinou.
A gestão da escola informou que pode gravar entrevista, mas funcionários avisaram à reportagem que a unidade está sem abastecimento de água. Além disso, os funcionários que atuam na limpeza fizeram uma espécie de paralisação do serviço por falta de pagamento dos salários.
Uma auxiliar de serviços gerais, contratada pela empresa terceirizada que presta serviços no local, denuncia as condições de trabalho e lamenta a situação.
"A situação da nossa escola está horrível e quem paga são os alunos. Não está tendo limpeza. A gente está vindo, mas fazemos o que podemos. Estamos desde janeiro sem salário, cesta básica e o ticket. Não pagam o FGTS da gente", disse.
"Eu já estou com a conta de luz para ser cortada, já pediram a minha casa. Tenho dois filhos de menor. A gente procura o que dar de comida a eles e não tem. É um absurdo todo dia ouvir que o salário vai ouvir e não sair", concluiu a trabalhadora.
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