Ao apresentar os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, na manhã desta terça-feira (16), o Ministério da Educação (MEC) chamou atenção para o fato de que metade dos jovens concluintes do ensino médio não participaram do Enem.
Segundo o ministro da Educação, Camilo Santana, mesmo o exame tendo um aumento de quase 500 mil inscrições a mais que a edição de 2022, é necessário sensibilizar, principalmente, os estudantes que estão concluindo o ensino médio para a importância do Enem, “por ser uma política que promove a equidade e a democratização do acesso ao ensino superior”.
Para enfrentar a evasão, o MEC e o Inep vão estabelecer um plano de ação para identificar quais são as razões destes estudantes não participarem do exame nacional.
Do total de 1.792.396 matrículas de concluintes do ensino médio, na rede pública do país, 1.181.081 alunos se inscreveram no Enem 2023 e, destes, pouco mais de 837 mil participaram das provas. Ou seja, apenas 46,7% dos alunos realmente fizeram a avaliação. Em 2022, esse percentual foi menor, de 38,1%
“Primeiro, nós vamos fazer uma grande articulação com as redes estaduais e Secretaria de Educação Básica. Nenhuma política pública que vai trabalhar com educação básica, ela vai ter resultados efetivos e sucesso se não for construído com as redes estaduais. É preciso identificar porque alguns estados têm 29% e outros 80% de inscrições das redes públicas no Enem”, explicou Camilo Santana.
No recorte por estado, Pernambuco possui 81 mil matrículas de concluintes do ensino médio na rede pública. Dentro desse universo, 60 mil estudantes se inscreveram para fazer o Enem 2023, o que corresponde a 74,4% de inscritos no Estado. No entanto, somente 45 mil concluintes participaram dos provas, representando 55,5% dos matriculados na rede estadual.
Os resultados do Enem 2023 foram liberados às 10h30 (horário de Brasília) e o acesso as notas pode ser feito pela Página do Estudante, utilizando o login único da plataforma gov.br. Para quem realizou a prova como “treineiro”, ou seja, quem não concluiu o ensino médio, as notas serão liberadas em março.
PESQUISA COM OS ESTUDANTES
O Inep vai realizar uma pesquisa com os estudantes concluintes do ensino médio que se inscreveram no Enem 2023, para saber a razão deles terem se inscritos e não terem ido fazer as provas aplicadas nos dias 5 e 12 de novembro.
“Pode ser falta de informação, falta de chegada das secretarias de educação até todas as escolas de ensino médio de modo a trazer esse jovem, e esse é um movimento importante. Queremos atuar junto às secretarias para tornar esse processo mais incisivo. Vamos utilizar os e-mails das inscrições para fazer as perguntas relevantes aos motivos que levam alguns jovens a não comparecerem”, pontuou o presidente do Inep, Manoel Palácios, durante a coletiva.
A pesquisa deverá ser concluída em março e partir das informações que forem coletadas, o MEC pretende tomar medidas que possam ampliar ainda mais a participação daqueles que estão concluindo o ensino médio, intensificando também a campanha de divulgação do Enem 2024.
“Os dados apresentados hoje, tem o objetivo claro de mostrar aos jovens que essa não é uma competição por acesso ao ensino superior que esteja fora de alcance. Então, ¼ dos cursos são acessíveis a 60% dos estudantes que participaram do Enem”, disse Palácios.
O ministro Camilo Santana adiantou que o Pé-de-Meia, programa de incentivo financeiro para o estudante do ensino médio, do governo federal, vai incentivar a permanência do aluno nessa etapa de ensino e também sua participação no Enem.
“Posso adiantar que o estudante regular do ensino médio vai receber um percentual da poupança quando faz a prova do Enem. Então, o Pé-de-Meia será mais um estímulo para a participação. O Enem é um exame gratuito para o jovem da rede pública. É uma oportunidade de acessar o ensino superior por meio de três programas. Não há motivo para o jovem que está concluindo o ensino médio não fazer o Enem”, defendeu Santana.
RESULTADOS POR ÁREA DE CONHECIMENTO NO ENEM 2023
O Exame Nacional do Ensino Médio é conhecido por sua abordagem multidisciplinar, abrangendo quatro áreas do conhecimento. Na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, a nota mínima foi de 287, a média de 516,2, e a máxima de 820,8 pontos.
Para a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, a nota mínima foi de 289,9, a média de 522, e a nota máxima 823 pontos. Em Ciências da Natureza e suas Tecnologias, a mínima foi 314,4, a média 497,4 e a nota máxima 868,4.
Na área de Matemática e suas Tecnologias, a nota mínima foi 319,8, a média 534,9, e a máxima 958,6 pontos. Por fim, a nota mínima da Redação foi 40, a média 641,6 e a máxima 1.000 pontos. Na ocasião, o Inep não disponibilizou o quantitativo de redações que foram zeradas nesta edição.
60 CANDIDATOS TIRARAM NOTAL MIL NA REDAÇÃO
De acordo com o Inep, 60 candidatos tiraram nota mil na redação do Enem 2023. O número não foi considerado negativo, já que na edição de 2022, apenas 18 candidatos haviam alcançado a nota máxima. No entanto, desse total, apenas quatro candidatos são oriundos da rede pública de ensino.
Na lista de estados que lideram com mais nota máxima, estão o Rio de Janeiro e São Paulo, com sete candidatos, Rio Grande do Norte, Piauí e Rio Grande do Sul, com seis candidatos cada. Em Pernambuco, apenas dois candidatos da rede privada, tiraram nota mil na redação.
O tema escolhido para esta última edição foi os "Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil". “Foi um tema relevante socialmente, discutido amplamente. Isso permitiu que as pessoas tivessem condição para discutir esse tema com, não vou dizer facilidade, mas uma certa fluidez. E isso permitiu o aumento das notas mil este ano”, disse o diretor de Avaliação da Educação Básica do MEC, Rubens Lacerda.