MATEMÁTICA

Alunos da rede estadual de Pernambuco usam a matemática para combater o racismo

Com o tema "A matemática e o continente africano: um passeio pela África", a feira MatÁfrica 2024, será realizada a partir desta terça-feira (7)

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Mirella Araújo

Publicado em 06/05/2024 às 16:18 | Atualizado em 12/05/2024 às 16:49
Notícia

Alunos e professores da Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Professor Fernando Mota, localizada no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, vão unir a disciplina de matemática à luta contra o racismo. Com o tema “A matemática e o continente africano: um passeio pela África”, a feira MatemÁfrica 2024, que será realizada entre os dias 7 e 9 de maio, tem como objetivo mostrar que os números e operações não estão distantes dos temas abordados no dia a dia dos estudantes.

“O que nós percebemos em sala de aula é que as pessoas esquecem que a matemática nasceu no Antigo Egito e, consequentemente ela surgiu no continente Africano. Com isso, nós queremos trazer à tona essa temática de que não existem só matemáticos importantes gregos, europeus”, afirmou o professor Valfrido Costa.

 

Nesta primeira edição, a feira vai homenagear a professora e pesquisadora Sônia Guimarães, primeira mulher negra brasileira doutora em Física e a primeira a lecionar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em um período em que a instituição ainda não aceitava mulheres como estudantes.

Também será homenageada a historiadora e professora Maria Beatriz do Nascimento, que dedicou sua vida para promover o envolvimento do corpo docente nos estudos sobre África e a história e cultura afro-brasileira. Entre outros nomes importantes que terão suas histórias reverenciados estão a matemática Gloria Gilmer e a educadora Euphemia Haynes.

Segundo o professor Valfrido, que desenvolveu o projeto junto aos professores Djalma Mendonça, Mario Correia e Silvana Melo, e contou com o apoio da gestão da Erem Professor Fernando Mota, os estudantes foram os verdadeiros protagonistas no desenvolvimento dos trabalhos interdisciplinares que compõem a feira. Além disso, faz parte do cumprimento da Lei nº 11.645, de 10 março de 2008, que  torna obrigatório o estudo da história e cultura indígena e afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio.

ALUNOS COMO PROTAGONISTAS

Para a aula do 2º ano, Anna Laura Brandão, 16 anos, a MatemÁfrica trouxe para muitos jovens o sentimento de pertencimento por resgatar a ancestralidade africana.

“No início, nós estranhamos um pouco, mas depois começamos a estudar mais sobre quem eram as figuras marcantes, sua cultura, costumes e como eles contribuíram para a matemática. As pessoas têm uma visão muito fechada de que os matemáticos só podem ser pessoas brancas, norte-americanos ou europeus”, disse a aluna.

O aluno do 2º ano, José Henrique, 17 anos, também reforçou a importância da representatividade que os trabalhos estão trazendo não só para a escola, como para os visitantes.

“É uma oportunidade de tirar os pensamentos ruins que as pessoas geralmente têm sobre a África, associando à pobreza. Nós estamos trazendo aqui, por meio de jogos africanos, as grandes revoluções promovidas pelos povos africanos”, declarou José.

Entre os jogos que serão apresentados na feira, está o Shisima, originário do Quênia, e que está relacionado ao jogo da velha. O Shisima, expressão que significa "extensão de água" na língua tikiri,  utiliza um tabuleiro octogonal. 

As peças são chamadas de imbalavali, que se traduz como "pulgas d’Água", pois as peças se movem rapidamente no tabuleiro, assim como as pulgas d'água movimentam-se tão rápido na água, que é difícil conseguir acompanhá-las com o olhar.

É interessante de ser aplicado em escolas para se abordar conteúdos matemáticos, em especial, de geometria e medidas, além de se compreender um pouco como os povos africanos influenciaram na cultura brasileira. 

 

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