O entendimento da ciência e sua utilização pela sociedade em tarefas cotidianas, bem como o fomento à produção científica no Estado, são alguns dos papéis exercidos pela Academia Pernambucana de Ciências (APC). A instituição sem fins lucrativos quer fortalecer a disseminação do chamado letramento científico nas escolas, instituições públicas e privadas, entidades não governamentais e todos os interessados em discutir temas importantes para a sociedade.
"Acabamos de ter um evento climático extremo no Rio Grande do Sul. Infelizmente, e periodicamente, nós temos eventos semelhantes ocorrendo em Pernambuco. Como ocorreu há dois anos, quando Jaboatão dos Guararapes foi o epicentro disso, com muitas mortes e barreiras caindo. Eventos como esses podem ser mitigados; talvez não possam ser evitados, mas a perda de vidas pode ser evitada e existem muitas tecnologias para isso. Nós, como instituição, podemos fazer com que a ciência, em todos os seus setores, da área médica ao meio ambiente, possa prestar esses serviços de esclarecimentos", afirmou o presidente da APC, o professor e físico Anderson Gomes, em entrevista à coluna Enem e Educação.
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No Brasil, segundo o levantamento realizado pelo Indicador de Letramento Científico (ILC), estudo que visa a identificar o alcance da aplicação científica entre jovens e adultos em seu cotidiano, realizado em 2014, muitas pessoas que haviam terminado o ensino fundamental não conseguiam fazer a leitura dos dados em uma conta de luz ou ter a compreensão de uma bula de medicamentos.
Dez anos depois da divulgação do ILC, o letramento científico continua sendo necessário para que as pessoas possam ter um embasamento amplo e qualitativo do que significa cada um desses pontos exemplificados em nossa rotina do cotidiano.
Segundo Gomes, mesmo diante do negacionismo científico evidenciado durante a pandemia da covid-19 em 2020, a sociedade pode perceber a importância da compreensão científica. "As pessoas passaram a entender o papel das vacinas e dos cientistas. E isso também faz parte das ações que a Academia Pernambucana de Ciências promove ao trazer esses esclarecimentos", pontuou o professor no Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Também cabe à instituição monitorar como o Governo do Estado se apropria da ciência e apoia esse desenvolvimento em seu território. "Para isso, existem órgãos como a Facepe, em que fazemos o acompanhamento e estamos lutando, no bom sentido da palavra, para que ela tenha recursos e programas que apoiem os pesquisadores de todos os recantos de Pernambuco. Essa é uma forma de trazer todo o conhecimento científico para as áreas da cultura, da saúde, do campo, e nas tecnologias assistidas. Muitas dessas coisas passam por pessoas da academia que podem contribuir fortemente para essa expansão", completou o presidente da APC.
INTEGRAÇÃO COM OS JOVENS CIENTISTAS
A Academia Pernambucana de Ciências pretende formar uma integração com jovens cientistas. Hoje, a APAC é formada pelos membros honorários e os permanentes, que são escolhidos através de indicação. A ideia é seguir o modelo existente da Academia Brasileira de Ciências que selecionam cientistas até 40 anos para se tornarem membros temporários, com duração de três a cinco anos de permanência.
Em Pernambuco, o projeto ainda está sendo discutido, inclusive sobre as áreas de atuação que serão consideradas nesse processo de integração. "Queremos ter jovens cientistas que já despontam como pesquisadores, professores e orientadores, mesmo aos 40 anos de idade ou até menos, isso vai ser definido em função da discussão com a diretoria, fazendo com que a academia os traga desde cedo para começar participar e apoiar toda a sociedade através do uso adequado da ciência", disse Anderson Gomes.
PARCERIA COM O JORNAL DO COMMERCIO
O incentivo ao letramento científico e a valorização das pesquisas relacionadas ao setor agora serão traduzidos por meio da parceria entre a Academia Pernambucana de Ciências e o Jornal do Commercio, através de artigos que serão publicados no veículo. Entre os temas a serem abordados, com intuito de democratizar a ciência, estão a inteligência artificial, a biodiversidade, astronomia e física, entre outros.
'Nós vamos começar esta parceria enviando artigos, mas queremos expandi-la. Podemos tê-la institucionalmente, mas faremos isso com a participação de todos que estão na academia e estão dispostos a colaborar. Escreveremos artigos de opinião, com temas que vamos propor, mas também podemos ser demandados a escrever sobre temas atuais do que está acontecendo. A ciência precisa ser a base para as decisões políticas, e a sociedade precisa ter conhecimento para questionar ou ajudar os políticos a fazerem uso dos recursos já destinados à área', explicou Anderson Gomes.
O Diretor de Redação do Jornal do Commercio, Laurindo Ferreira, celebrou a parceria com a APC. 'As páginas de opinião do JC são espaços para o debate público relevante. Os textos produzidos por membros da APC vão dar ainda mais relevância a esse debate. Portanto, um espaço importante para a ciência e para os cientistas pernambucanos. Ganham nossos leitores', destacou o diretor.