Ideb 2023: Avanços nos anos iniciais do ensino fundamental e pequeno crescimento no ensino médio

O Ideb é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e das médias de desempenho no Saeb

Publicado em 14/08/2024 às 12:40 | Atualizado em 14/08/2024 às 14:58

O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgaram, na manhã desta quarta-feira (14), os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2023.

Criado em 2007, o indicador é divulgado a cada dois anos e reúne os resultados de dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O Ideb é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e das médias de desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), seguindo uma escala de 0 a 10.

O índice desempenha um papel crucial na formulação de políticas públicas voltadas para a melhoria da qualidade da educação. Ele serve como um meio para monitorar o cumprimento das metas estabelecidas para a educação básica.

Durante a apresentação dos dados, em Brasília, o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que o Brasil tem avançado no acesso às escolas; no entanto, o grande desafio do país está no fluxo dos estudantes no ensino fundamental e, principalmente, no ensino médio. Santana também reforçou a importância do regime de colaboração com os estados e municípios para reverter a evasão durante toda a trajetória escolar dos estudantes.

"Precisamos ter uma boa escola e que ela receba bem as crianças. Uma escola com professores bem estimulados e valorizados, com estratégias e boa governança, com infraestrutura. Mas, é preciso ter uma estratégia, por isso o MEC tem estimulado a construção de uma política como o Compromisso Nacional da Criança Alfabetizada na Idade Certa, para reduzir a distorção da idade série garantindo a permanência maior da criança na escola”, disse o ministro.

“Nos anos finais do ensino fundamental, eu tenho conversado com os secretários estaduais sobre os desafios para esta etapa porque as estratégias são diferentes. O volume de escola dos anos finais, entre os que são dos estados e dos municípios, mostram que precisamos definir qual a melhor estratégia para podermos avançar. E olha o desafio do ensino médio: vemos que perdemos 30% dos estudantes do Brasil. E dos mais pobres, nós perdemos a metade. Não queremos perder ninguém e principalmente os mais pobres”, completou Camilo Santana.

RESULTADOS

No Ideb 2021, os resultados mostraram que o Brasil, em um contexto de pandemia, não cumpriu nenhuma das metas estabelecidas. Para os anos iniciais do ensino fundamental, até o 5º ano, o Ideb foi 5,8, enquanto a meta era 6. Nos anos finais, o indicador foi 5,1 e a meta era 5,5. No ensino médio, o Ideb 2021 foi 4,2 e a meta era 5,2.

Importante lembrar que, na ocasião, o Inep fez um alerta sobre a possibilidade de distorção dos dados, já que o período de coleta das informações e a aplicação das provas ocorreram durante a pandemia da Covid-19, o que impactou a participação dos estudantes. Segundo o Instituto, a avaliação foi aplicada a 71,3% dos alunos previstos, um número que pode variar consideravelmente conforme a etapa e a rede de ensino.

O Ideb 2023 mostra que houve uma melhora no desempenho dos estudantes, mas que no âmbito geral os resultados ainda estão bem aquém do esperado. Nos anos iniciais do ensino fundamental, que possui 14,4 milhões de alunos matriculados e é a etapa em que as crianças passam pelo processo de alfabetização, houve um aumento em relação às metas dos anos anteriores. O índice nacional foi de 6, enquanto em 2021 a média foi 5,8 e em 2019 foi 5,9.

"Importante avaliar que essa melhora aconteceu em todo o território. E cabe destacar, a grande virtude de uma educação municipalizada no Brasil e a necessidade de uma cooperação federativa para que isso aconteça de forma consistente e duradora", afirmou o diretor de Estatísticas Educacionais do Inep, Carlos Eduardo Moreno. 

Nos anos finais do ensino fundamental, o Ideb nacional foi 5, enquanto no levantamento de 2021 foi de 5,1 e em 2019 foi 4,9. No ensino médio, referente ao 3º ano, houve um pequeno crescimento comparado às médias de 2021 e 2019, que haviam se mantido em 4,2. Em 2023, o Ideb nacional foi de 4,3.

CICLO DO IDEB

O presidente do Inep, Manuel Palácios, explicou que os resultados do Ideb 2023 encerram um ciclo e que serão necessários realizar alguns ajustes. Isso porque as metas foram pactuadas até 2021, ou seja, esse foi o primeiro ano em que não há objetivos específico para as redes.

"É claro que essa decisão implica na participação de todos, de todas as secretarias do MEC e esperamos que até o final do ano possamos apresentar ao país o resultado dessa discussão", disse Palácios. O próxima divulgação da avaliação será em 2025.

A meta 6 foi estabelecida com base no desempenho dos estudantes brasileiros avaliados no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, onde foram feitas algumas correlações nas diferentes etapas.

"É uma grande realização termos chegado ao final desse ciclo, alcançando a meta 6 para os anos iniciais do ensino fundamental. Para aqueles que lidam com esses dados há mais tempo, sabemos que não muito longe assim, no início dos anos 2000, as taxas de reprovação dos anos iniciais do ensino fundamental eram gigantescos, eram um desafio muito grande para as redes compreenderem que a reprovação nunca foi uma estratégia pedagógica relevante e, esse processo nos trouxe ao êxito", explicou o presidente do Inep destacando que hoje o país tem 95% de taxa de sucesso nesta etapa escolar. 

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