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Formação em novas tecnologias será incluída na EJA

EJA inclui formação em novas tecnologias; programa capacita professores para ensinar habilidades digitais a jovens, adultos e idosos

Por Maria Clara Trajano Publicado em 23/03/2025 às 13:25

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil está prestes a ganhar um novo componente: a formação em novas tecnologias. Habilidades como enviar mensagens em redes sociais, identificar golpes online, usar aplicativos bancários e até criar perfis em apps de namoro passarão a fazer parte do currículo.

A iniciativa integra o Programa de Formação de Alfabetizadores e Docentes dos Anos Iniciais do ensino fundamental, desenvolvido pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e a Cátedra Unesco de EJA.

Capacitação para alfabetizadores

O programa, que começou em março e segue até 2026, é voltado para 1,3 mil formadores regionais, responsáveis por repassar os conhecimentos a coordenadores e professores da EJA em todo o país. A formação, realizada online, aborda temas como educação midiática e uso crítico das tecnologias.

“A ideia é que os estudantes não vejam a tecnologia como solução para todos os problemas, mas como uma ferramenta que pode facilitar suas vidas”, explica a professora Daniele Dias, docente da UFPB e coordenadora do programa.

Desafios da EJA

A EJA enfrenta desafios históricos, como a evasão escolar e a falta de investimentos. Segundo o IBGE, 11,4 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais não sabem ler ou escrever. Além disso, quase metade da população com 25 anos ou mais não concluiu o ensino médio.

“Muitos estudantes não se sentem acolhidos na escola. O ensino, muitas vezes, é infantilizado e não considera as necessidades dos adultos e idosos”, afirma Dias. Para mudar esse cenário, o curso valoriza os conhecimentos prévios dos alunos, seguindo a abordagem do educador Paulo Freire.

Impacto das novas tecnologias

A inclusão de habilidades digitais na EJA visa não apenas facilitar o dia a dia dos estudantes, mas também protegê-los de golpes e crimes online.

“Muitas pessoas têm seus dados roubados porque não sabem como navegar com segurança na internet”, destaca Dias.

Formação dos professores

Marco Antonio de Souza, formador regional em Ourinhos (SP), ressalta que muitos professores da EJA não têm formação específica para atuar com jovens, adultos e idosos.

“O público da EJA é muito diverso, com jovens, adultos, idosos, pessoas com deficiência e LGBTQIA+. É um desafio lidar com essa variedade”, diz.

Em Teixeira (PB), a formadora Luzia Nadja Carneiro relata que os professores recebem a formação nos finais de semana para não prejudicar as aulas. “É um momento histórico para a EJA. Com professores qualificados, toda a equipe se beneficia”, afirma.

Pacto EJA

O programa faz parte do Pacto pela Superação do Analfabetismo e Qualificação na Educação de Jovens e Adultos (Pacto EJA), lançado pelo governo federal em 2024. Segundo Zara Figueiredo, secretária da Secadi do MEC, 91% dos municípios e todos os estados já aderiram ao pacto.

“A alfabetização é essencial para a cidadania, a economia e a democracia. Sem ela, não há retorno econômico ou social”, defende Figueiredo.

*Com informações da Agência Brasil

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