Semana foi praticamente perdida com relação ao isolamento social

Aumento pequeno da taxa força uma recuperação na última semana do decreto
Felipe Vieira
Publicado em 24/05/2020 às 9:36
FOTO: JAILTON JR./JC IMAGEM DATA: 20.05.2020 ASSUNTO: lockdown em Olinda. Pandemia CORONAVÍRUS Foto: JAILTON JR./JC IMAGEM


Por Felipe Vieira, da coluna Grande Recife

Anunciado como último recurso para conter o avanço da covid-19, o lockdown em cinco municípios do Grande Recife (além da capital: Olinda, Camaragibe, Jaboatão dos Guararapes e São Lourenço da Mata) terminou sua primeira semana com resultados pífios. Os índices médios de isolamento social não saíram da faixa dos 50% – bem longe dos 70% considerados ideais para o efeito desejado.

Não é muito difícil entender por que a população, de uma forma geral – e nas periferias com ênfase bem maior –, não se engajou no decreto estadual como era esperado. O tempo decorrido desde o início da pandemia dá uma pista. De meados de março, quando foi registrado o primeiro caso em Pernambuco, até agora se passaram pouco mais de dois meses. Tempo em que milhares de pessoas morreram, outras tantas sofreram com os sintomas do vírus, as relações sociais sofreram sérias mudanças e a economia entrou em coma profundo, exterminando milhares de postos de trabalho. Um turbilhão de incertezas, sofrimento e ansiedade que cobra um preço alto. Para muitas pessoas a sensação é de que tudo é limítrofe, que não dá mais pra aguentar.

Houve hesitação dos poderes públicos em tomar medidas mais drásticas quando o carrinho da montanha russa ainda estava no início da subida (agora estamos chegando no alto). Quando o decreto veio, encontrou uma população extenuada e descrente do que seus governantes realmente poderiam fazer por ela.
O primeiro dia do lockdown, o sábado 16 de maio, teve forte chuva, o que ajudou na restrição de circulação. No sábado (23) o temporal que caiu na Região Metropolitana do Recife também ajudou a reforçar o índice. O problema começa quando o tempo abre e, principalmente, quando chegam os dias úteis. Pela semana que passou ficou clara a dificuldade de manter as pessoas – principalmente nas periferias – em casa.

Ainda há uma semana pela frente até o final da vigência do decreto do governo do Estado (dia 31 de maio). O secretário-executivo de Defesa Social, Humberto Freire (lembrando que o titular, Antonio de Pádua, cumpre isolamento por ter sido diagnosticado com covid-19), afirmou que nesta semana a fiscalização será reforçada para fazer valer o decreto. Segundo Freire, na tentativa de atingir os 70% de isolamento social, haverá acréscimo nas equipes de rua – de 108 para 150.
A sensação é de que, de alguma forma, já perdemos. O isolamento era para ser “rígido” em duas semanas. Com uma já perdida, difícil imaginar que o atraso será recuperado na que falta.

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