Filho de Eduardo, João Campos perde apoio de Marina Silva, que foi vice do pai em 2014
Mesmo não sendo eleitora do Recife, Marina carrega consigo o simbolismo de ter substituído Eduardo nas eleições 2014, após o trágico acidente aéreo que ceifou a vida do político pernambuco e assessores, há quase 10 anos
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), perdeu um importante apoio à sua tentativa de reeleição.
Favorito na disputa, marcada para outubro próximo, o jovem gestor não contará com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), que foi vice do seu pai, o ex-governador Eduardo Campos, na sua candidatura à Presidência da República, em 2014.
Mesmo não sendo eleitora do Recife, Marina carrega consigo o simbolismo de ter substituído Eduardo nas eleições, após o trágico acidente aéreo que ceifou a vida do político pernambuco e assessores, há quase 10 anos.
Em 2020, quando recebeu o apoio da legenda da ministra, o próprio João Campos fez questão de resgatar a lembrança em discurso.
"Marina, inclusive, chegou a substituir meu pai na chapa majoritária, levando adianta as propostas e ideias defendidas por aquele conjunto político", disse Campos.
Naquele ano, Marina gravou um vídeo para o guia eleitoral do socialista, que abordava propostas voltadas às mulheres.
"Nesse momento de tantos desafios para a vida do nosso povo, mais do que nunca é necessário compromisso com a democracia e o diálogo com a base no programa de governo com propostas e ideias. João Campos tem esse compromisso. Sensibilidade e inovação bom para o Recife, bom para o Brasil", declarou a fundadora da Rede Sustentabilidade.
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O NOME QUE TIROU MARINA DO PALANQUE DE JOÃO
Agora, com esta baixa no seu palanque, o prefeito do Recife vê a antiga aliada, que em 2016 lhe deu o título de filiado 'honorário' da Rede, apoiar o deputado federal Túlio Gadêlha (Rede), um indigesto adversário, que tenta, pela segunda vez, enfrentar o socialista nas urnas.
Há quatro anos, quando estava no PDT, Gadêlha lançou sua pré-candidatura, mas teve que retirá-la pouco tempo depois após uma articulação entre o PSB e pedetistas, que indicaram Isabella de Roldão (PDT) para ser companheira de chapa de João.
Mais uma vez, Túlio pode não ser candidato. Isso porque o PSOL, legenda que faz federação com a Rede, quer que a deputada estadual Dani Portela (PSOL) seja o nome do grupo na disputa municipal.
Para tentar não ser rejeitado pela federação, Túlio marcou para o próximo sábado (2) um evento com Marina Silva, no qual deve se lançar pré-candidato, aprofundando o racha com o PSOL e o rompimento entre a ministra e os Campos, com quem mantém boa relação até hoje.
ALIADOS DE CAMPOS MINIMIZAM APOIO DE MARINA A TÚLIO
Sob reserva, aliados do prefeito João Campos minimizaram a migração do apoio de Marina para Túlio. Para pessoas próximas ao atual gestor, a ida da ministra para o palanque de Gadêlha é natural, visto que são do mesmo partido.
"Além disso, os dois (Marina e Túlio) estão numa queda de braço interna com Heloísa Helena. Se Marina não apoiasse ele (Túlio) aqui, iria parecer que o grupo deles não está coeso", diz uma fonte ligada ao PSB.
Outra fonte aposta que o apoio da ministra a Campos não está totalmente descartado.
"A federação deles (PSOL e Rede) vai ter que escolher um nome, que deve ser (a deputada) Dani (Portela). Então, Marina ainda pode apoiar João, se Túlio não for escolhido", diz.
A reportagem tentou contato com a ministra Marina Silva, mas até a última atualização deste texto, não havia recebido retorno.