Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios.
No dia definido pelo ministro da Economia Paulo Guedes como a confirmação do “barulho de um raio que caiu em abril", o presidente Bolsonaro implodiu o caixa do governo um pouco mais e anunciou que o auxílio emergencial vai durar até dezembro embora com o valor de R$ 300,00.
Politicamente, era o que ele tinha que fazer mesmo pois, sem isso, o noticiário de amanhã seria o desastre na economia brasileira. Mostrou que apesar das decisões atabalhoadas e das declarações inconsequentes, o presidente sabe que não dá para desembarcar de uma empreitada que transferiu R$ 260 bilhões, em cinco meses, com um “Tchau e Benção”.
Sob pena de destruir todo o capital político que amealhou nas camadas de renda mais baixa e que com se observa parece estar gostando muito.
O problema é o custo financeiro dessa prorrogação tipo “caba a boca, entra e fecha a porta, porque aqui está bom demais” é que nada garante que o beneficiário não vai ficar com raiva.
Vai. E a oposição - numa atitude ainda mais inconsequente que o Governo - já brada que o auxílio deve ser de R$ 600 até dezembro.
É difícil classificar esse tipo de comportamento irresponsável. Rigorosamente todo os dirigentes sindicais e deputados da oposição sabem que não dá para gastar mais R$ 180 bilhões que o país não tem impunemente.
Deputados, por força das suas necessidades eleitorais, precisam acenar com o gesto. Mas os dirigentes sindicais sabem que o custo disso no emprego que manem suas entidades não se sustentam.
Mas também sabem que o governo não vai atuar no Congresso com o amadorismo catatônico do Major Victor Hugo, fiador do R$ 600 naquela memorável sessão virtual onde o ministério da Economia propôs R$ 200,00 e, em menos de três horas, viu a conta subir para R$ 600,00.
Agora Bolsonaro está indo para o embate político com apoio do Centrão e Cia que vai s encarregar de reverberar a decisão.
É preciso que o cidadão, eleitor e contribuinte tenha presente que o Brasil não tem condições de gastar R$ 350 bilhões num programa de transferência de renda que, no orçamento de 2020 (Bolsa Família), estava programado para custar R$ 30 bilhões.
Não temos esse dinheiro. E o maior erro do governo foi entrar numa negociação desse envergadura sem um estratégia sob o comando de um deputado obtuso. Não podemos achar que é razoável o governo, literalmente, de uma hora para multiplicar por três os custos de um programa dessa envergadura.
E também não é razoável primeiro aumentar mais duas parcelas ampliando o benefício em 40% e agora no desembarque aumentar mais 40%. O programa foi desenhado para custar, no máximo, R$ 90 bilhões até agosto e não R$ 360 bilhões até dezembro.
O governo está pagando essa conta fiado. Tomando dinheiro no banco e aumentando a nossa dívida.
O grande desafio de Bolsonaro é comunicar esse desembarque e sinalizar para um programa menor em tempos de volta da economia ao normal em 2021. Se vai fazer isso é uma grande incógnita.
Não podemos esquecer que até junho, Bolsonaro estava tão preocupado com cloroquina e sair nas ruas sme máscara, que não viu que dinheiro estava entregando a 60 milhões de pessoas melhorava rapidamente sua popularidade.
Foi preciso as pesquisas lhe dizerem que no Nordeste ele estava virando um novo líder para ele entender o impacto.
Então o grande desafio dele é reduzir ao mínimo a “frustração” de quem está recebendo R$ 600 e vai receber “apenas “ R$ 300 ele tem que saber como dizer que não pode continuar mais atirando com a pólvora dos outros, No caso, nós, o contribuinte.