Em dia de queda recorde do PIB, Bolsonaro implode o caixa, mas dá notícia boa a quem sofreu mais na crise da covid-19

Bolsonaro estava tão preocupado com cloroquina que não viu que dinheiro estava entregando a 60 milhões de pessoas melhorava sua popularidade
Fernando Castilho
Publicado em 01/09/2020 às 16:51
O ministro Paulo Guedes (Economia) Foto: ABR


Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios.

No dia definido pelo ministro da Economia Paulo Guedes como a confirmação do “barulho de um raio que caiu em abril", o presidente Bolsonaro implodiu o caixa do governo um pouco mais e anunciou que o auxílio emergencial vai durar até dezembro embora com o valor de R$ 300,00.

Politicamente, era o que ele tinha que fazer mesmo pois, sem isso, o noticiário de amanhã seria o desastre na economia brasileira. Mostrou que apesar das decisões atabalhoadas e das declarações inconsequentes, o presidente sabe que não dá para desembarcar de uma empreitada que transferiu R$ 260 bilhões, em cinco meses, com um “Tchau e Benção”.

Sob pena de destruir todo o capital político que amealhou nas camadas de renda mais baixa e que com se observa parece estar gostando muito.

O problema é o custo financeiro dessa prorrogação tipo “caba a boca, entra e fecha a porta, porque aqui está bom demais” é que nada garante que o beneficiário não vai ficar com raiva.

Vai. E a oposição - numa atitude ainda mais inconsequente que o Governo -  já brada que o auxílio deve ser de R$ 600 até dezembro.

É difícil classificar esse tipo de comportamento irresponsável. Rigorosamente todo os dirigentes sindicais e deputados da oposição sabem que não dá para gastar mais R$ 180 bilhões que o país não tem impunemente.

Deputados, por força das suas necessidades eleitorais, precisam acenar com o gesto. Mas os dirigentes sindicais sabem que o custo disso no emprego que manem suas entidades não se sustentam.

Mas também sabem que o governo não vai atuar no Congresso com o amadorismo catatônico do Major Victor Hugo, fiador do R$ 600 naquela memorável sessão virtual onde o ministério da Economia propôs R$ 200,00 e, em menos de três horas, viu a conta subir para R$ 600,00.

Agora Bolsonaro está indo para o embate político com apoio do Centrão e Cia que vai s encarregar de reverberar a decisão.

É preciso que o cidadão, eleitor e contribuinte tenha presente que o Brasil não tem condições de gastar R$ 350 bilhões num programa de transferência de renda que, no orçamento de 2020 (Bolsa Família), estava programado para custar R$ 30 bilhões.

Não temos esse dinheiro. E o maior erro do governo foi entrar numa negociação desse envergadura sem um estratégia sob o comando de um deputado obtuso. Não podemos achar que é razoável o governo, literalmente, de uma hora para multiplicar por três os custos de um programa dessa envergadura.

E também não é razoável primeiro aumentar mais duas parcelas ampliando o benefício em 40% e agora no desembarque aumentar mais 40%. O programa foi desenhado para custar, no máximo, R$ 90 bilhões até agosto e não R$ 360 bilhões até dezembro.

O governo está pagando essa conta fiado. Tomando dinheiro no banco e aumentando a nossa dívida.

O grande desafio de Bolsonaro é comunicar esse desembarque e sinalizar para um programa menor em tempos de volta da economia ao normal em 2021. Se vai fazer isso é uma grande incógnita.

Não podemos esquecer que até junho, Bolsonaro estava tão preocupado com cloroquina e sair nas ruas sme máscara, que não viu que dinheiro estava entregando a 60 milhões de pessoas melhorava rapidamente sua popularidade.

Foi preciso as pesquisas lhe dizerem que no Nordeste ele estava virando um novo líder para ele entender o impacto.

Então o grande desafio dele é reduzir ao mínimo a “frustração” de quem está recebendo R$ 600 e vai receber “apenas “ R$ 300 ele tem que saber como dizer que não pode continuar mais atirando com a pólvora dos outros, No caso, nós, o contribuinte.

 

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