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Na hora de se virar durante a pandemia, brasileiro abriu restaurante popular e vendeu pelo delivery

Em 2020, foram abertas 3.391.931 novas empresas no País. Um recorde

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Fernando Castilho

Publicado em 16/04/2021 às 11:50 | Atualizado em 16/04/2021 às 12:37
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O que no meio da crise do coronavírus os brasileiros fizeram para gerar renda? Uma nova pesquisa do Serasa Experian (Indicador de Nascimento de Empresas) revelou que um em cada 10 empreendedores se propuseram a vender comida. Segundo a pesquisa, em 2020 foram abertas 3.391.931 novas empresas no País em. Foi o maior número desde o início da série histórica do índice (iniciada em 2011). Na comparação do acumulado anual entre 2020 e 2019 houve crescimento de 8,7%.

Mas quando se observa o que aconteceu por setor, sabe-se que os serviços de alimentação foram o principal foco dos novos empreendedores, representando 9,7% dentro do total de empresas abertas durante o ano passado. Foram quase 300 mil novos CNPJ abertos.

Depois vieram os segmentos de comercio de confecções em geral (6,2%) e de reparação e manutenção (6,1%). 

É um fenômeno previsível pois como se sabe, a maioria das pessoas desse segmento começa o negócio tentando suprir um necessidade que elas observam haver perto de sua casa, por exemplo.

Segundo o economista da Serasa Experian Luiz Rabi, o empreendedorismo vem sendo uma alternativa para a geração de renda em um cenário econômico instável, que conta com o alto nível de desemprego no País.

E uma explicação para isso é que houve mesmo uma adaptação do perfil de consumo durante a pandemia.

“As empresas do ramo alimentício, que figuraram no topo da lista de novas empresas, além de fornecerem itens básicos e essenciais possibilitam, em muitas vezes, um investimento de baixo custo para começar um negócio", diz Rabi. 

O outro segmento, o de confecção figura bem no ranking de abertura de novas empresas em 2020 porque, entre outras coisa, há necessidade de produção das máscaras de proteção contra a Covid-19 - que impactou o índice.

Por sua vez, a necessidade das pessoas em ficar mais tempo dentro de suas residências impulsionou a geração de novos empreendimentos ligados aos serviços de reparos e manutenções, ficando este ramo na terceira colocação do ranking.

O relatório da Serasa mostra que, naturalmente, muita gente que pensou em iniciar um negócio fez isso se inscrevendo como Microempreendedores Individuais (MEIs).

Em 2020, 2.692.311 MEIs, ou 79,4% do total, inscreveram-se. As sociedades limitadas corresponderam a 10,7% e as empresas individuais, 3,4%.

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Segundo Luiz Rabi, o alto número de MEIs é um dos fatores que comprova o empreendedorismo por necessidade, já que durante quase um ano de pandemia muitas pessoas que perderam seus empregos optaram por abrir um CNPJ e trabalhar com aquilo que já sabiam fazer ou em segmentos com baixo custo de aprendizagem.

Mas uma coisa surpreendeu todo mundo. Dentre as regiões, foi a Norte que mais cresceu na abertura de novas empresas, com crescimento de 20,9%: 174.511 novos negócios ante 144.319 em 2019.

O que chama a atenção é que os três estados que mais abriram empresas foram o Amazonas (27.6%), Pará (25,45) e, a seguir, o Maranhão (20,35). Três estados vizinhos. Curiosamente, Bahia (2,8%), Pernambuco (3,65%) e Rio Grande do Norte (4,6%) foram os que menos abriram empresas.

Segundo o levantamento, encomendado  pela VR Benefícios ao Instituto Locomotiva, 81% dos estabelecimentos comerciais no Brasil passaram a fazer delivery durante a quarentena e vão manter esta modalidade terminada a pandemia. Antes, somente 49% dos restaurantes, lanchonetes, padarias e mercados faziam entregas em domicílio.

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Em relação ao atendimento ao cliente, o self-service era oferecido por 59% dos restaurantes antes da crise sanitária, e, agora, somente 42% deles servem refeições desta forma. Em contrapartida, o serviço à la carte subiu de 43% para 54% nesta pandemia.

Tentando dar mais informação aos microempresários, esta semana o Ministério da Educação (MEC) e o Sebrae firmam, na quinta-feira (15), parceria para incentivar o desenvolvimento de elementos da cultura empreendedora dentro dos conteúdos da Base Nacional Comum Curricular.

A proposta pretende desenvolver iniciativas principalmente em quatro grandes áreas: Empreendedorismo inovador no Ensino Profissional e Técnico, Formação e valorização de profissionais da educação e de estudantes, Fomento a ações de PD&I com foco no desenvolvimento territorial e realização do Prêmio Nacional de Educação Empreendedora.

A expectativa é de que a parceria alcance mais de 500 mil professores, 4 milhões de estudantes e 100 Campi de Institutos federais com ações de empreendedorismo e inovação, bem como apoie 120 projetos para a implementação de práticas de pesquisa aplicada e extensionismo tecnológico para Micro e Pequenas Empresas.

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