Conheça Everaldo Feitosa, o cientista que acreditou no vento e criou uma das grandes empresas de energia do Brasil
Empresário pernambucano é parceiro da European Energy, que tem operações e parques além da Dinamarca, na Finlândia, Suécia, Alemanha, Itália e no México
O empresário Everaldo Feitosa foi um dos pioneiros da pesquisa de jazidas de vento no Nordeste, tendo implantado, ainda como professor da UFPE, a primeira turbina eólica do Nordeste no antigo coqueiral de Olinda.
Ele participou do desenvolvimento de 70% dos projetos de parques no Brasil e, em 2000, fundou sua companhia que já implantou até hoje 26 parques de eólica da Bahia ao Ceará. A empresa implantou o primeiro parque eólico erguido na bacia do rio São Francisco, próximo ao lago de Sobradinho.
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Na última na quinta-feira, sua empresa a Eólica Tecnologia, com sede no Recife e primeira empresa de energia renovável do Brasil, venceu o leilão A-3 da Aneel para a construção de um parque de energia solar no município pernambucano de Tacaimbó, com capacidade de 90 MW num investimento de R$ 350 milhões da companhia com a dinamarquesa European Energy parceira da empresa brasileira em outros empreendimentos de energia eólica.
A parceira de Feitosa é a gigante European Energy que tem operações e parques além da Dinamarca, na Finlândia, Suécia, Alemanha, Itália e no México. Ela opera parques eólicos e solares com capacidade de 1.500 MW resultado de investimentos de 18 bilhões de euros.
A Eólica Tecnologia tem como diferencial o fato dela própria desenvolver, construir, opera e administrar projetos de energias renováveis, desempenhando um papel ativo em todos os setores da energia eólica e agora no segmento de solar, a partir da expertise de Everaldo Feitosa.
O que pouca gente fora do setor sabe é que a empresa do empresário já construiu e opera mais de 300 MW de parques eólicos em várias localidades do Nordeste do Brasil. Liderada pelo empresário Everaldo Alencar Feitosa, a Eólica Tecnologia é uma das empresas líderes no desenvolvimento e operação de parques eólicos no Brasil e este ano comemora 20 anos de atuação no segmento de renováveis.
Megainvestimento do Estado
Além da Central Solar Boa Hora, a companhia está investindo outros R$ 500 milhões em dois projetos de geração eólica em Poção e Macaparana, com financiamento do BNB, num total de investimentos em Pernambuco de R$ 850 milhões.
No leilão da Aneel, consórcio ET/EE venceu com a proposta de oferta do MWh de R$ 120, bem abaixo do preço referência de R$ 198 - o que representa uma queda importante desse tipo de energia renovável.
E a Eólica Tecnologia, de fato, tem uma presença importante. No setor de eólicas, a companhia de Everaldo Feitosa tem hoje participação em 26 empreendimentos, três deles em construção. Feitosa é vice-presidente da Word Wind Energy Association (WWES).
No projeto de Poção, a empresa vai usar as maiores turbinas das Vestas, com altura de 150 metros e capacidade de 33,8 MW. Uma turbina eólica equivale a um edifício de 50 andares, construção que no Recife não existe ainda.
Já no mercado de energia solar, a Eólica Tecnologia projeta 11 empreendimentos, seis deles em Pernambuco e mais cinco no Rio Grande do Norte e em São Paulo, a primeira operação fora do Nordeste.
A empresa projeta para a mesma região um outro parque de igual tamanho, que deve disputar nos próximos leilões de energia renovável. Noutra disputa, o grupo Neoenergia venceu o leilão para uma central de geração solar de 100 MW no município de Santa Luzia, na Paraíba, com preço de R$ 127,40 o MWh e investimentos de R$ 300 milhões.
A empresa projeta para a mesma região um outro parque de igual tamanho, que deve disputar nos próximos leilões de energia renovável. Noutra disputa, o grupo Neoenergia venceu o leilão para uma central de geração solar de 100 MW no município de Santa Luzia, na Paraíba, com preço de R$ 127,40 o MWh e investimentos de R$ 300 milhões.
Cientista mapeou os ventos
Em 2002, ainda como cientista do Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE), da Universidade Federal de Pernambuco, Everaldo Feitosa estudou a potência, direção, sazonalidade, incidência dos ventos regionais visando desenvolver modelos atmosféricos, elaborar mapas eólicos e analisar dados de ventos confiáveis sobre a Região Nordeste.
Os pesquisadores escreveram a primeira versão do Atlas Eólico do Nordeste do Brasil (WANEB - Wind Atlas for the Northeast of Brazil), importante instrumento para o aproveitamento econômico dessa fonte natural de energia.
Naquele ano, a capacidade instalada no Brasil era de apenas 20,3 MW, com turbinas eólicas de médio e grande porte conectadas à rede elétrica.
Além disso existem dezenas de turbinas eólicas de pequeno porte funcionando em locais isolados da rede convencional para aplicações diversas, como bombeamento, carregamento de baterias, telecomunicações e eletrificação rural.
Mas ficou claro que para a avaliação precisa do potencial de aproveitamento econômico dos ventos em determinadas regiões (chamado potencial eólico) fazia-se necessária coleta de dados com precisão e qualidade.
Aquela pesquisa foi o primeiro passo para o aproveitamento dos ventos para movimentar turbinas eólicas e, assim, gerar energia, em regiões promissoras, como o Nordeste do país.
Mas há 20 anos, os cientistas já sabiam que a energia eólica, se destacaria pelo baixo custo, por ser ecologicamente "limpa", não gerando poluição ambiental, e como forma de desenvolver estados brasileiros menos favorecidos pelas condições hidrológicas, como também é caso no Nordeste do país onde, em compensação, os ventos são constantes, fortes e direcionados.
Ele previu que em 10 anos, a energia solar já vai estar num nível tão competitivo quanto a eólica. De fato, no último leilão da Aneel a empresa Eólica Tecnologia, de Everaldo Feitosa ganhou o contrato de 20 anos oferecendo preço de R$ 120,00 o MWh.
Pernambuco pioneiro na solar
Embora o uso da energia solar esteja adquirindo uma presença marcante no BRasil, Pernambuco abrigou há mais de 35 anos, a primeira central solar do País. Foi um projeto de cooperação com o Governo da França. Foram instaladas em algumas unidades e não funcionou.
A Ilha Energética foi a primeira comunidade, de 50 a 100 casas, a funcionar unicamente com energia renovável, a chamada Ilha Energética de Gravatá.
A proposta era funcionar com energia solar, com energia eólica alguns motores funcionando a álcool produzido a partir da mandioca. Foi boa uma experiência, mas não deu certo.
Pernambuco também foi pioneiro em eólica. A primeira grande turbina eólica do País, na entrada da cidade de Olinda, uma cidade histórica, patrimônio mundial. Naquela ocasião, com o apoio do Prefeito Germano Coelho e, posteriormente, da então Prefeita Luciana Santos, tinham a proposta de transformar Olinda num centro de demonstração da viabilidade da energia eólica e solar.
Foi Everaldo Feitosa quem instalou a primeira turbina eólica no País. Foi o primeiro caso concreto de um projeto-piloto e pioneiro que conseguiu contribuir para um grande programa nacional que tivemos, a partir da crise da energia, que foi o Proinfa. O Estado de Pernambuco realmente tem essa história, talvez de fracassos e sucessos, mas uma história muito concreta na geração de energia renovável.
Posteriormente, houve ainda instalação, em Fernando de Noronha, da primeira unidade em ilhas do planeta. Essa foi uma experiencia incrível! Há 25 anos ela foi a maior unidade no planeta, onde uma turbina eólica para gerar 10% da energia consumida em Fernando de Noronha.
Nordeste rico de ventos
Em 2012, num debate no Congresso Nacional, o empresário afirmou que da mesma forma que temos uma das melhores jazidas do mundo de energia eólica na Região Nordeste, quanto à energia solar, as jazidas, ou melhor, o tempo de insolação que nós temos na Região Nordeste só é inferior ao da Arábia Saudita.
As regiões do interior de Pernambuco, do Piauí, do Ceará, da Paraíba e da Bahia se provaram ricas me jazidas e ventos de enorme potencial para a energia solar.
A Região Nordeste do Brasil é a que apresenta praticamente 80% das possibilidades de aplicação de energia eólica, o que é uma grande vantagem. Posteriormente, para se saber se existe ou não potencial econômico nessa localização, é preciso colocar torres de medidas no local.
Segundo Everaldo Feitosa quando se faz comparações com o petróleo, é preciso fazer dez furos, estatisticamente, para encontrar um poço realmente viável.
Na energia eólica, precisamos instalar dez torres de cem metros de altura com medidores de vento - direção, turbulência, pressão e temperatura - medindo a cada segundo, para determinar se temos ou não potencial econômico-financeiro para investir naquela região.
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