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No Recife, queda de renda reduz chance até de quem decidiu empreender

A crise da covid-19 produziu um grande número de empreendedores. Mas a queda na renda da população impede que eles continuem funcionando, por falta de vendas

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Fernando Castilho

Publicado em 08/04/2022 às 9:45 | Atualizado em 08/04/2022 às 10:39
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O Recife tem a pior situação de geração renda entre mais pobres, que chegam a mais da metade da sua população residente do município. Na Região Metropolitana do Recife, a renda média passou a ser a terceira pior dentre as metrópoles brasileiras: R$ 831,66.

Na realidade visível nas ruas, esse quadro é mais grave porque o Recife, pela sua centralidade da região metropolitana, recebe uma quantidade de pessoas equivalente à sua população. Ou seja, o Recife recebe um outro Recife por dia, que trabalha e volta para os demais municípios da RMR.

Os dados do Boletim Desigualdade das Metrópoles, do Observatório das Metrópoles em parceria com a PUC do Rio Grande do Sul, publicados pelo Jornal do Commercio, chama a atenção para um ponto importante.

A renda média per capita do trabalho dos 40% mais pobres, que estava em R$ 195 no quarto trimestre de 2020, subiu para R$ 239 no quarto trimestre de 2021.

Isso não quer dizer que todos produzem mais renda. Esse universo embute uma população de empreendedores que vêm para algum bairro da capital tentar a sorte.

Entretanto, como mostra a pesquisa, essa população não consegue gerar negócio porque o universo de clientes em potencial não tem como comprar esses produtos e serviços. E esse quadro criou um círculo perverso, onde o mercado potencial não é capaz de absorver essa oferta.

O Recife é uma cidade onde a miséria está dentro de seu território. Não existe separação territorial entre os prédios de alto luxo e as palafitas. E isso se reflete nos pequenos negócios e no pequeno varejo.

Isso é possível ver na própria redução do número de ambulantes, mas também na redução de pequenos negócios de bairro. A redução da renda está diminuindo até mesmo a possibilidade de sucesso de novos pequenos negócios.

Em 2020, o número de empreendedores cresceu, forçado pela pandemia do coronavírus, especialmente nos negócios com ajuda da internet.

Em 2021, ainda pela abertura das atividades, o número de empreendedores continuou a crescer, inclusive com maior formalização. Mas este ano, esse fenômeno está involuindo porque a renda se reduziu.

Assim, o número de empreendimentos funcionando tem muito mais capacidade de oferta de produtos e serviços que a população tem de adquiri-los, reduzindo, assim, a capacidade de sucesso.

Ou seja, na Região Metropolitana do Recife, a queda de renda reduz a chance até de quem decide empreender.

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