CHUVAS EM PERNAMBUCO: Bolsonaro repete ministros, faz visita relâmpago e volta a tempo de almoçar em Brasília
Em 20 minutos de entrevista, Bolsonaro falou de pandemia, Auxílio Brasil, lockdown, distribuição de títulos de terra, corrupção, MST, ICMS de gás de cozinha e preços de combustíveis
Há exatamente um ano (30 de maio de 2021), o Brasil registrava 950 mortes por covid-19, totalizando 462.092 óbitos desde o início da pandemia.
O presidente Jair Bolsonaro não deu neste dia nenhuma declaração lamentando a tragédia que o país estava vivendo. Portanto, não se poderia esperar gestos de empatia com as 91 mortes vítimas das chuvas que caíram no Litoral e Zona da Mata de Pernambuco.
- Governo e prefeituras escolheram esperar dinheiro da União para habitação popular que não vem mais
- Paulo Câmara e ministros só veem tragédia que matou 35 de cima em sobrevoos de helicópteros
- Sem presença de governador e prefeitos, visita de ministros a Pernambuco virou evento do ministério do Turismo
O presidente veio ao Estado mais para acirrar o confronto com os prefeitos e com o governador do Estado, Paulo Câmara - com o anúncio de verbas diretamente à população sem passar pelas esferas administrativas.
É difícil imaginar, dentro da burocracia do Estado brasileiro, como uma família que perdeu sua casa pode se habilitar a receber um crédito direto para reconstruí-la, como prometeu o presidente na sua visita ao Estado, voltando a tempo de almoçar no Palácio do Planalto.
Mas o presidente, assim como os seus quatro ministros, não veio a Pernambuco para anunciar ações efetivas contra os problemas que atingiram quase seis mil pessoas.
Bolsonaro veio para gravar mais um de seus vídeos em helicóptero e, em 20 minutos de entrevista, tratar de temas como pandemia, Auxílio Brasil, lockdown, distribuição de títulos de terra, corrupção, MST, ICMS de gás de cozinha e preços de combustíveis. E, previsivelmente, se queixar que o governador Paulo Câmara não lhe ligou pedindo ajuda.
Mas ele veio, fez seu sobrevoo e voltou tão rápido que, ainda que o governador Paulo Câmara se dispusesse a encontrar com ele, certamente chegaria atrasado, já que o presidente antecipou sua presença em uma hora, pegando de surpresa até mesmo os jornalistas e técnicos da TV Brasil, chegando ao local às 9h30.
É importante observar que esse tipo de evento é feito mesmo mais para captar imagens e ser distribuído pelos canais oficiais do Governo e em paralelo, pelas redes sociais de apoio ao candidato à reeleição.
Não dá para achar que o presidente veio para uma reunião técnica com esclarecimentos e propostas de ajuda às comunidades que construíram suas casas por conta e risco.
Serve para anunciar uma tempestade de números e os ministros falarem de ações que podem ir da liberação do FGTS ao destravamento de verbas para conjuntos habitacionais. Não antes de o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, dizer que em alguns deles, o habitacional estava na sua sexta empreiteira e que ele resolveu.
Por isso, a visita serve mais para o presidente dizer que se solidarizava com as famílias atingidas e voltar a Brasília comemorando as críticas que fez ao governador. E pensando bem, não tinha nada de mais previsível do que isso.