Política de combate à pobreza é tema de estudo que governantes deveriam ler

A renda dos 10% mais pobres do País cresceu 35% desde 2001, mas a renda derivada do trabalho é 26% menor
Fernando Castilho
Publicado em 23/08/2022 às 1:00
Comunidade do Arco-íris, Campina do Barreto, no Recife Foto: GUGA MATOS/JC IMAGEM


Ficou pronto o estudo "Diretrizes para o desenho de uma política para a superação da pobreza", escrito pelos pesquisadores no Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Ricardo Paes de Barros e Laura Muller Machado, como uma colaboração de elementos para a construção de um programa eficaz na superação da pobreza: entendida como a garantia de uma cesta básica de direitos sociais.

O documento de apenas 44 páginas oferece à sociedade e, especialmente os postulantes ao Governo, um robusto pacote de informações e encaminhamentos sobre como abordar a questão da redução da pobreza, partindo de um conceito bem claro que embute perspectivas bem claras para se enfrentar a questão do empobrecimento de parte importante da sociedade brasileira.

Barros e Machado vão direto ao ponto quando dizem que, em primeiro lugar, é preciso identificar quem são os que mais precisam (conhecer quem são os mais pobres); conhecer o que os que mais precisam, efetivamente, precisam e finalmente fazer chegar neles aquilo que mais precisam. Pode parecer óbvio, mas aquilo que o governo, com suas estruturas políticas, menos conhece é o caminho de obter esse tipo de informação, de modo a transformá-la em ferramenta de políticas públicas.

O alerta faz sentido. Entre 2004 e 2014 a renda per capita da população pobre cresceu 8% ao ano, já de 2015 até 2021 a renda dessa mesma população diminuiu 8% ao ano. "Voltamos 16 anos no tempo", diz Paes de Barros. Além disso, a renda dos 10% mais pobres do País cresceu 35% desde 2001, mas a renda derivada do trabalho é 26% menor.

Os pesquisadores advertem que a proposta - se ao menos for lida pelos que desejam governador o Brasil - não terá qualquer chance de sucesso sem que todos os atores envolvidos, inclusive os membros das famílias mais pobres, acreditem, por um lado, no talento (potencial produtivo) dos mais pobres e, por outro, na capacidade dos programas e ações disponíveis de assegurarem, com alta confiabilidade, um percurso bem-sucedido de inclusão produtiva.

O Insper é, certamente, uma das melhores produtoras de saber que o Brasil tem hoje, mas com certeza trabalha com os conceitos mais avançados do pensamento liberal, o que faz muita gente ter resistências às suas ideias. De qualquer forma se alguém quer mesmo mudar a forma de abordar a questão da pobreza é importante baixar o arquivo e ler com atenção. Vale a pena.

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Acesso ao crédito mais rápido com a Kalea

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Frete com combustível dobrado

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A rede pernambucana Audivida, que comercializa aparelhos auditivos e que opera lojas Estado com unidades em São Paulo Bahia, abre nova operação no Shopping Guararapes.

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