Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br
Coluna JC Negócios

A história de seu Gerson Gonçalves, de Custódia, que inventou a Tambaú para fazer pirulito, doce e catchup nordestino

Marca foi escolhida entre as palavras Borborema, Cariri e Tambaú. O empresário Gerson Gonçalves de Lima optou pelo último, em homenagem a uma das mais famosas praias paraibanas

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Fernando Castilho

Publicado em 26/09/2022 às 11:40 | Atualizado em 26/09/2022 às 12:58
Hugo Gonçalves é o presidente da Tambaú - DIVULGAÇÃO

Em 1962, o empresário Gerson Gonçalves de Lima percebeu o potencial de mercado para a venda de pirulitos que ele mesmo produzia e vendia na cidade de Custódia, no Sertão do Moxotó, em Pernambuco (a 305 quilômetros do Recife) a para as cidades vizinhas.

As coisas iam bem e a microempresa crescia enveredando para outros produtos até que, em 1967, após cinco anos de funcionamento, a fábrica de doces de seu Gerson foi destruída em uma enchente que atingiu Custódia e região.

Gonçalves precisou recomeçar do zero. Mas não desistiu do sonho, e já na reconstrução, a Tambaú Alimentos, além de ampliar sua linha de produtos, enveredou para a distribuição que antes se limitava à região onde a fábrica estava localizada, passando a atender o interior de estados como Piauí, Paraíba, Maranhão e Bahia.

Sessenta anos depois, a família Gonçalves fez questão de homenagear o primeiro mestre de doces da fábrica, seu Ozinaldo Félix da Silva, que esteve com Gerson naquele momento de virada.

Disputando com gigantes e até multinacionais, Gerson Gonçalves focou no interior, consolidou sua marca e, só a partir daí, partiu para as capitais e outros mercados, ocupando uma a uma das grandes cidades litorâneas.

O empresário Gerson Gonçalves fundador da Tambaú Alimentos - TAMBAÚ ALIMENTOS

Em 1987, quando completou 25 anos, a Tambaú passou a produzir também os atomatados, com lançamento dos extratos e molhos de tomate, além do catchup, que acabaria virando um dos carros-chefes da marca, sendo líder do mercado regional por sete anos seguidos.

A Tambaú é caso de sucesso no mercado de alimentos no Nordeste pela estratégia que escolheu focando em mercados onde pode adquirir fidelidade, como é o caso de molhos e atomatados, mas porque a memória do cliente está fortemente associada ao doce de goiaba, um de seus produtos de maior recall na Região. O catchup-rei: Tambaú é primeiro lugar no mercado e no JC Recall de Marcas.

O que chama a atenção desse recall é que ele sempre esteve disputando com gente grande. No começou com as marcas como Peixe e Rosa, líderes no Agreste pernambucano e, a seguir, com a Palmeiron, até a chegada das marcas nacionais. E a capacidade de se posicionar diante dos concorrentes e sempre buscar inovar, desde as embalagens até na infraestrutura e logística parece ser a marca da empresa.

Atualmente, a marca Tambaú tem catálogo com cerca de 120 itens diferentes, incluindo doces, atomatados, temperos e conservas.

Tambaú 60 anos: Igor Gonçalves destaca presença tradicional da marca na mesa dos pernambucanos - Jailton Junior/JC360

Filho de Gerson, Hugo Gonçalves é o presidente da companhia cujo comando divide com os irmãos Iuri e Maura, e avalia que chegar aos 60 anos é uma conquista muito importante para a Tambaú. Isso, segundo ele, permite projetar o futuro, com musculatura, reputação e credibilidade da marca junto aos consumidores, mas a exigência de inovar sempre.

A Tambaú é uma empresa diferente de suas concorrentes, esclarece Gonçalves. Ela tem situações bem adversas que, ao longo dos anos, pela nossa origem numa região como o Agreste e do Sertão, nos trouxeram aprendizado e experiências como empresa. Somos uma agroindústria numa região do semiárido nordestino. Enfrentamos estiagem, escassez de água e até de matéria-prima.

Como empresário, ele insiste no que chama de “compromisso com o cliente”.

Seu Gerson Gonçalves nos deixou ensinamentos que nos guiam constantemente, como o respeito aos parceiros e aos fornecedores, assim como respeito às leis trabalhistas e tributárias que se constitui um grande legado da gestão, diz o presidente da companhia.

HOMENAGEM A PRAIA DE JOÃO PESSOA

O empresário paraibano Gerson Gonçalves de Lima veio de uma família humilde de Prata (PB), quase na divisa com Pernambuco, e sempre sonhou em ser um industrial. Ele começou a trabalhar cedo, aos 14 anos. Ele não queria perder tempo. Então, com a ajuda do pai, começou a fazer pirulitos em casa para vender nas ruas de Sertânia, cidade do sertão pernambucano que acolheu a família Gonçalves de Lima em meados da década de 1940.

Mas quando, em 1962, ele decidiu empreender, Gerson tinha três opções na cabeça para sua marca e todas remetiam à sua terra natal. Ele queria honrar suas origens. E entre Borborema, Cariri e Tambaú, optou pelo último, em homenagem a uma das mais famosas praias paraibanas. Portanto, a Tambaú Alimentos, focada na produção dos doces de goiaba, banana e caju, foi uma homenagem à praia de Tambaú. O empresário faleceu em 2000, aos 67 anos.

A questão da gestão virou uma marca da companhia. “Meu pai tinha uma preocupação em formar os filhos e depois trazer para trabalhar com ele. Eu fui estudar no Recife, me formei em Direito e tive a oportunidade de trabalhar ao lado dele", diz o presidente da companhia.

"Eu e meus irmãos passamos anos trabalhando juntos, e eu via como ele tratava as questões estratégicas e como as resolvia. Antes dele falecer, ele nos disse que a empresa estava em boas mãos nos dizendo que estávamos aptos a conduzir a empresa para o futuro”.

A empresa tem se concentrado em construir posições em nichos estratégicos. Pelo sétimo ano consecutivo, o Catchup da Tambaú ficou em primeiro lugar em vendas em toda a região Nordeste.

No ranking nacional, a marca ocupa a terceira posição segundo pesquisa “Cinco Mais” realizada pela Nielsen Brasil e que acaba de ser divulgada. A partir de dados coletados em quase 490 mil estabelecimentos comerciais de todo o País, o levantamento apresenta os principais fornecedores em 136 categorias de produtos.

Em 2020, a Tambaú viu uma janela de crescimento durante a pandemia e cresceu 35%. Em 2021, ela cresceu mais 12% sobre 2020, e retomou os investimentos entrando em novas linhas, especialmente com novos parceiros como Food Service, fornecendo itens para a preparação de alimentos.

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Hugo Gonçalves,presidente da companhia com seus irmãos e filhos - DIVULGAÇÃO

DOCE DE GOIABA NO BOLO DE ROLO

A linha Food Service Tambaú oferece grandes porções, como catchup de 3,4 quilos, azeitonas em potes de 2 quilos e doces de goiabas em baldes de 20 quilos, além de molhos como de alho, inglês e shoyu, que ajudam bares, restaurantes e pequenas indústrias que lhes atendem. Ela foi uma as primeiras industriais de alimentos regionais a apresentar suas embalagens em polipropileno e pounch.

O caso do doce de goiabas em baldes é bem interessante. Ele mira o mercado de preparação do tradicional Bolo de Rolo considerado "Patrimônio Cultural e Imaterial de Pernambuco" e um dos xodós da gastronomia do Estado.

As finas camadas da massa com o recheio de goiabada fazem uma combinação perfeita que a empresa fornece às centenas de empresas que produzem a sobremesa hoje são da Tambaú.

Recentemente, a Tambaú Alimentos convidou a chef de confeitaria Anna Corinna para gravar uma receita exclusiva de Bolo de Rolo com o Doce de Goiaba Cremoso da Tambaú, para o "Sabores Passo a Passo".

A Tambaú agora quer ampliar sua linha de maionese e novas conservas, e ampliar a expansão da distribuição para as regiões centro-oeste e sudeste do Brasil.

A companhia decidiu criar uma transportadora para atender não só às necessidades da própria Tambaú, mas também prestar serviços para outras empresas que têm sinergia com a sua linha de itens.

Ela também está reorganizando layout da empresa, reestruturando a parte de equipamentos e infraestrutura. E começou um novo projeto que chamou de Universidade Tambaú (UT), voltado a capacitação dos nossos colaboradores. mirando líderes em processos de controle de qualidade, processos, segurança e saúde do trabalho, logística, recursos humanos e outros.

As aulas possuem atividades teóricas e práticas e as aulas ocorrem na fábrica da Tambaú.

 

CATCHUP COM SABOR NORDESTE

Quando a Tambaú entrou no mercado de catchup, uma das preocupações foi ter um sabor diferenciado e adequado ao mercado do Nordeste.

Segundo Igor Gonçalves, Diretor Comercial e um dos acionista da Tambaú, o catchup como amamos hoje não chega nem perto de como ele era preparado antigamente. Para vocês terem uma noção, ele nem era feito de tomate. As primeiras receitas levavam nozes, ostras, cebolinha, limão, cogumelo e anchova.

Os cinco sabores básicos que conhecemos são doce, salgado, azedo, amargo e umami (uma palavra japonesa que significa "delicioso" e que consegue realçar o gosto das comidas). Cientistas descobriram que quando provamos catchup, o nosso paladar consegue distinguir esses cinco sabores que apenas mencionamos. E ele é um dos únicos alimentos capazes de fazer isso. O destaque vai para o umami, que é o responsável pelo toque especial.

Quando a Tambaú criou o catchup, primeiro apresentou o tradicional, o picante, e o nordestino. Ano passado ela criou o Premium com receita diferenciada, característica de uma linha especial que inclui o Catchup Picante, o Molho Barbecue, expandindo o selo Premium da marca.

Curiosamente, o molho é indicado até para restaurar o brilho de superfícies metálicas, como panelas, talheres e joias. Isso se explica porque o ácido presente nele ajuda a remover manchas. Basta deixar o Catchup agir por 15 minutos, depois é só esfregar com uma escovinha ou esponja, enxaguar com água e você tem seus utensílios brilhando novamente.

Parque fabril da Tambaú Alimentos - DIVULGAÇÃO

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