Confiando em Ibaneis Rocha, governo Lula assiste invasão de sedes da República sem se antecipar contra ataque à democracia

Após quatro horas da ocupação, o presidente Lula decretou intervenção na segurança pública, o que demonstra que não percebeu a gravidade dos atos
Fernando Castilho
Publicado em 08/01/2023 às 19:30
Invasões a prédios públicos em Brasília Foto: Sergio Lima / AFP


As imagens falam por si.

A postagem na redes confirmam que o objetivo dessa absurda invasão de milhares de bolsonaristas era desmoralizar os três poderes.

Não desejavam mais nada que expor ao mundo e às suas bases digitais, o ato radical nos edifícios sedes dos três poderes.

Certamente, todos sabiam que, em algum momento, a Polícia Militar do Distrito Federal chegaria e eles teriam que sair dos prédios, podendo se concentrar na Praça dos Três Poderes. E sejamos razoáveis, não dá para confiar no governador do Governador do DF, Ibaneis Rocha.

Mas o objetivo não era tomar o Governo, mas expor um enorme desrespeito da ordem pública transmitida em tempo real. O objetivo, como pudemos constatar, foi atingido. Esse é o fato histórico triste deste domingo, 8 de janeiro de 2023. E a Democracia brasileira não esteve em risco.

O que se discute agora é como identificar e punir os culpados pela bem estruturada operação que deixou o Governo Federal catatônico, sem saber como atuar para conter o movimento a tempo de conter a invasão.

Após quatro horas da ocupação, o presidente Lula decretou intervenção na segurança pública, o que demonstra que não percebeu a gravidade dos atos e a oportunidade de afirmar uma ação mais enérgica, que seria a decretação no próprio Distrito Federal, atitude que o Congresso Nacional jamais teria condição de não validar.

Mas o presidente preferiu não avançar mais.

 

Reprodução/TV Brasil - Lula fala neste domingo (8) sobre invasões em Brasília

O problema dessa invasão absurda é que ela representa a mais espetacular falha de avaliação, seja do DF, dos órgãos de segurança do Governo Federal nacional e incapacidade de avaliação de uma situação de emergência que estava prevista nas redes sociais.

Pode-se afirmar que a Polícia Militar foi leniente. É verdade. Há uma farta profusão de imagens em fotos e vídeos desses policiais confraternizando com os terroristas sem indicação de que estavam no teatro de crise para reprimir. Até porque, desde a solenidade, atos semelhantes foram perpetrados. 

Mas a questão é: o novo governo tinha alguma razão para não se prevenir desse ato quando desde quinta-feira estavam chegando ônibus a Brasília?

Mais ainda quando o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, nomeou para o cargo de secretário da Segurança Pública o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres; um policial que no ministério da Justiça de Bolsonaro cuidou de viabilizar as ordens e ataques contra a democracia.

Parece claro que após a festa e a posse dos ministros, em clima de festa, o governo Lula não cuidou adequadamente de ações preventivas. E uma vez perpetrada uma ação mais firme do presidente.

Em momentos históricos, é importante que o Governo exerça sua liderança e tome atitudes que deixem claro para os agressores. E isso inclui o governador do Distrito Federal.

É importante deixar claro que em nenhum momento a democracia brasileira esteve sob risco. O que o Brasil assistiu foi um ato de pessoas comandadas e pagas por terceiros com o objetivo de desmoralizar os poderes.

Não é crível achar que com a invasão dos edifícios num domingo à tarde iria derrubar uma democracia que escolheu seus dirigentes com 120 milhões de votos.

EVARISTO SA / AFP - Invasão em Brasília por bolsonaristas radicais

Não é disso que estamos falando. O que o governo seja do DF ou federal devem fazer agora é punir exemplarmente os participantes e os seus financiadores. Estamos falando de terroristas que devem ser punidos com os rigores da lei.

E definir padrões para que esse tipo de agressão à ordem pública não se repita.

A Democracia brasileira nunca esteve em risco. O que assistimos foi uma falha dos órgãos de segurança em não obedecer a cuidados mínimos e proteção aos edifícios símbolos do Estado brasileiro.

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