O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto foi ao programa Roda Viva da TV Cultura dar uma informação que é fundamento no jogo politico em que se tornou a questão da taxa de juros que o presidente Lula da Silva transformou em bandeira política: O Banco Central não propõe meta de inflação. Quem faz isso é o ministro da Fazenda, no Conselho Monetário Nacional. A instituição só fornece os dados e, a seguir, trabalha para cumpri-la.
Mas Campos Neto, fez questão de dizer que se alinha a corrente de economistas que acreditam que uma vez maior, a meta tende a ser maior porque os agentes tende a fazer correções da taxa de inflação e se ajustarem a ela. Essa corrente é a que pensam os economistas de todos os grandes bancos e que já vem esclarecendo isso nos informes aos seus clientes.
Roberto Campos Neto esclareceu o BC não propõe meta de inflação porque no CMN essa atitude é do governo. A sua função é através da taxa de juros persegui-la.
Na quinta-feira, o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne, e um dos temas que poderiam ser pautados pelo Ministério da Fazenda é o aumento das metas de inflação.
A informação serve para ele se assegurar que, se Fernando Haddad, junto com Simone Tebet, propuserem uma elevação para a atual meta de inflação de 3,25% no ano, votará contra, embora tenha que, a partir de agora, trabalhar para que a inflação oficial convergir para o seu centro.
Nos últimos três anos, a Inflação no Brasil estourou essa meta que tem uma tolerância de 1,5 pontos percentuais para cima e para baixo. Como atualmente ela está em 3.25% para 2023 poderia ir até 4,75% at5e dezembro ou chegar a inimagináveis 1,75%. Atualmente a taxa oficial do Brasil Medida pelo IBGE no IPCA está em 5,71%.
A questão da meta de inflação entrou no debate pelas declarações do presidente Lula da Silva que reclama do BC por manter a taxa básica de juros em 13,75%. O presidente voltou ao tema, também nesta segunda-feira por ocasião das comemorações de 43 anos do PT que convocou para hoje uma série de manifestações reivindicando que elas baixem.
Na entrevista a TV Cultura, Campos Neto procurou reduzir a temperatura do debate e disse que está a disposição para se encontrar com Lula para explicar o trabalho do BC e dizer a ele que é importante trabalharem juntos. E disse que BC não gosta de juros altos. "ninguém gosta de juros elevados, nem o Banco Central", repetiu várias vezes na suas horas do debate. E insisttu "O juros é detemrinado pelo mercado".
Mas advertiu que se o CMN mudar a meta, vai ter o efeito contrário. “O mercado vai pedir um prêmio de risco maior ainda. O que vai acontecer é o efeito contrário. Em vez de ganhar flexibilidade, vai acabar perdendo flexibilidade. Não existe ganho de credibilidade aumentando a meta”.
O presidente do BC também disse que não tem nenhuma preocupação na convocação que deputados do PT querem fazer e avisou que este é o seu trabalho “ Vou quantas vezes precisar”.
A presença de Roberto Campos parece ter sido estudadamente calculada para colocar uma série de informações para a opinião pública e parte congressistas mais bem informados e esfriar a temperatura por parte da bancada do PT.
Eles fez questão de explicar detalhadamente os motivos que levaram o BC a manter a taxa Selic mesmo que precise fazer isso diretamente para o presidente Lula.
Quero explicar a agenda do Banco Central e quero trabalhar em harmonia. O ambiente colaborativo é o melhor ambiente para a sociedade, não só para o Banco Central, disse o presidente do BC.
Campos Neto também disse que tem tido boas conversas como ministro da Fazenda, Fernando Haddad mostrando que o BC é um colegiado e que sua figura é irrelevante.
Não é isso que Lula pensa. Ele elegeu Campos Neto com um alvo a ser perseguido na media em que entende que uma taxa selica de 13,75 por seis meses atrapalha o governo.
Na festa do PT ele elogiou a presidente do partido que acusou o BC de ser “uma autarquia do Estado que corrobora com a mentira” e que “O Brasil não pode ficar esperando por crescimento e emprego.”
Mas parece claro que Campos Neto também quis reforçar sua convicção e do BC junto ao grupo de economistas que acreditam que a taxa alta não pode ser baixada artificialmente. Especialmente os economistas desenvolvimentistas que já criticam uma taxa tão alta que trava a decisão das empresas em tomar crédito pelo risco de não poder pagar.
Essa não é a opinião de economistas como Felipe Salto que já foi presidente do IFI do Senado e ex-secretário de Fazenda do Estado de São Paulo que adverte que “Uma canetada para diminuir a Selic na marra produziria o efeito simétrico oposto do desejado: crédito mais caro e juros futuros na lua. Essa é a dura verdade que ele expôs com clareza”.
Entretanto, parece claro que na reunião desta quinta-feira, o Conselho Monetário Nacional deve aprovar a elevação da meta de inflação proposta pelo Fernando Hadadd com o apoio de Simone Tebet e voto contra de Campos Neto de moda a satisfazer os desejos de Lula da Silva.
O risco é acontecer aquilo que uma pessoa se sentido mais gorda vai num aloja e compra uma roupa igual a que tem com número maior para parecer que está mais magra. Como não fez nenhum regime a tendencia é que em breve a mesma roupa fique novamente apertada. Só que aí a pessoa vai estar bem mais gorda.