FGV IBRE apresenta novo índice de inflação. IPGF mostra estar dentro da meta desde dezembro de 2022

O IPGF tem acumulado uma inflação menor no longo prazo que os índices tradicionais como o IPCA (IBGE) ou o IPC (FGV IBRE)
Fernando Castilho
Publicado em 06/06/2023 às 0:00
IPGF e IPCA: números-índice Foto: Thiago Lucas/ Design SJCC


O FGV IBRE apresentou nesta terça-feira (5) o Índice de Preços dos Gastos Familiares (IPGF), uma nova modalidade de índice de preços ao consumidor em que, entre outras características, os pesos da cesta de consumo são atualizados mensalmente. Em decorrência disso, o IPGF tem acumulado uma inflação menor no longo prazo que os índices tradicionais como o IPCA (IBGE) ou o IPC (FGV IBRE). Apesar do lançamento do IPGF, o Índice de Inflação oficial no Brasil continua sendo o IPCA calculado pelo IBGE.

No seu primeiro número, o IPGF registrou aumento de 0,52% em março. Com este resultado, o índice acumula taxa de 1,83% no ano e de 4% em 12 meses. No mesmo período, o índice oficial de inflação acumula 2,09% no ano e 4,65% em 12 meses. Em 2022, o IPGF fechou o ano com uma variação de 4,94%, dentro, portanto, da meta de inflação, cujo limite superior era de 5%. No mesmo período, o IPCA variou 5,78%.

Thiago Lucas/ Design SJCC - Referência: março/23

Essa característica do índice contribui para que as alterações nas preferências do consumidor sejam captadas com mais agilidade. O resultado consolidou a tendência de desaceleração da inflação também observada no IPCA.

Em fevereiro, o IPGF tinha avançado 0,73% e acumulava 4,67% em 12 meses. No mesmo período do ano passado, o IPGF acelerava de 0,86% em fevereiro de 2022 para 1,18% em março, enquanto seu acumulado em 12 meses passava de 11,05% para 11,65% (mais elevado que o IPCA àquela época).

A desaceleração do índice se deve, principalmente, ao grupo Alimentação, que apresentava 11,30% de inflação acumulada em 12 meses em dezembro, iniciando um processo gradual de desinflação até chegar a 5,73% em março. Dentro da Alimentação, os itens que mais contribuíram para esse arrefecimento foram “outros produtos e serviços da lavoura” (de 20,42% para 6,77%); “carne de bovinos e outros produtos de carne” (de 1,84% para 2,99%) e “outros produtos do laticínio” (de 22,09% para 17,67%).

Outros três grupos também apresentaram desaceleração: Habitação (de 3,19% para 1,95%), liderada por “produção e distribuição de eletricidade, gás, água e esgoto” e “GLP e outros produtos do refino de petróleo”; Artigos de residência (de 3,32% para 1,11%), puxados pelo “material eletrônico e equipamentos de comunicação” e “máquinas para escritório e equipamentos de informática”; e Vestuário (de 7,42% para 4,95%).

Todos os grupos restantes do IPGF apresentaram aceleração em sua taxa interanual: Transportes (de 8,45% para 7,03%), Saúde (de 10,15% para 12,69%), Despesas Pessoais (de 14,43% para 15,12%), Educação (de 7,21% para 8,13%), Comunicação (de 8,29% para 6,44%) e Serviços (de 7,57% para 7,64%).

O economista responsável pela pesquisa, Matheus Peçanha, comenta que essa tendência do índice se deve ao fato de que a construção dos pesos, entre outros fatores, possibilita a percepção do chamado “efeito substituição”: “Quando o consumidor substitui arroz por macarrão ou carne vermelha por carne branca, ou ainda deixa de consumir combustível e passa a usar mais o transporte público devido ao aumento de preços, por exemplo, os itens substituídos perdem peso no IPGF e seus aumentos passam a contribuir menos para o índice e vice-versa. Assim, no longo prazo, esse efeito acaba gerando um número menor de inflação”, explica Peçanha.

O IPGF também está indicando que o processo de disseminação da inflação está arrefecendo. O seu índice de difusão está em 52,2%, ou seja, pouco mais da metade de seus itens apresentaram aumento de preço em março, dando sequência a um processo linear de redução desde dezembro, quando o índice de difusão estava em 73,9%.

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