Programa Desenrola vai ajudar a quem deve até R$ 100, mas pode ficar caro para quem deve hoje para os bancos

Na prática, isso pode ser um bom negócio (para o banco) que ainda não deu o crédito por perdido. Mas o problema está na taxa de juros de 1,99% ao mes
Fernando Castilho
Publicado em 07/06/2023 às 0:05
Lula com o presidente da Stellantis para a América Latina, Antonio Filosa Foto: Guga Matos


Promessa de campanha do candidato Lula da Silva, o Programa Desenrola - que se destina a retirar na lista de pessoas com o nome negativado no Serasa ou SPC-Brasil - será uma boa oportunidade para quem, por algum motivo, decidiu não pagar contas de até R$ 100. Mas um desafio para quem precisar renegociar dívidas com os bancos (públicos ou privados) que ainda não derão esse crédito por perdido e não os venderam para as chamadas empresas recuperadoras de crédito.

Embora o governo ainda esteja escrevendo o aplicativo parece claro que os 1,5 milhão de pessoas que têm créditos até R$ 100 vão poder ter seus nomes liberados para comprar a crédito novamente como condição dos credores para aderir ao programa. Mas existe um dúvida operacional. Se o valor de R$ 100 é o que o Serasa ou o SPC Brasil trabalham hoje quando oferecem oportunidade de quitação (com descontos de até 90%) ou se é o valor de face da dívida do credor.

Outra questão é a proposta de o governo assumir o risco do crédito dado a uma pessoa com dívidas de até R$ 5 mil inscritas no Serasa e no SPC Brasil pelos bancos.

Hoje, pelas normas internacionais para unificação dos balanços, os bancos podem considerar como prejuízo, dívidas que não foram pagas por dois anos e que estão registrados como devedores duvidosos nos seus balanços. A prática bancária é de que após esse prazo, as instituições assumirem as perdas e venderem essa carteira de créditos podres para as recuperdoras de crédito. Esse é um negócio que até ano passado era estimado em R$ 62 bilhões no Brasil. Em 2021, este número foi de R$ 44 bilhões e, em 2020, R$ 20 bilhões.

Ele funciona assim: Com o banco assumindo a perda, o repasse da careira se dá por 5% do valor do titulo com a empresa cobradora assumindo o risco de receber ou não. Normalmente, essas empresas oferecerm descontos de até 90% sobre o valor de face pois estão ganhado 5% na operação.

A proposta do Desensrola é que o devedor negocie com o banco dívidas de até 5 mil com descontos que podem parcelar o débito em até 60 meses. Na prática, isso pode ser um bom negócio (para o banco) que ainda não deu o crédito por perdido. Mas o problema está na taxa de juros de 1,99%, ao mês, que é muito alta para uma operação dessas onde não há risco já que, se o devedor não pagar, a União atraves do Fundo Garantidor de Crédito, assume o prejuizo.

A taxa de juros é alta porque se a negociação for de R$ 5 mil, a prestação a taxas de juros de 1,99%, ao mês, ficaria por R$ 143,49, em 60 meses. Ou seja: no final de cinco anos, o devedor vai pagar R$ 8.609,40 por uma dívida de R$ 5mil.

Pode ser interessante porque pelas regras do acordo, já na primeira prestação, o nome sai da lista de inadimplentes. Mas é importante destacar que, atualmente, o Serasa e o SPC já estão dando descontos de até 90% de modo que os mesmos R$ 5 mil podem ser pagos de uma vez por apenas R$ 500,00. Ou pouco mais de três prestações.

Outra coisa que vai precisar ser esclarecido é como ficam essas promoções Limpa Nome a partir de agora. Se com o Desenrola as ofertas vão continuar ou se as empresas de recuperação do crédito (que são as donas dos ativos podres) vão aderir ao programa e passar a cobrar a dívida pelo valor de face já que agora o Governo através do FGC garante o pagamento.

O problema do Desenrola é que - fora a exclusão de quem deve até R$ 100 - ele, em comparação com o que as empresas jás oferecem de descontos - pode ser uma operação boa para os bancos junto aos seus clientes assumindo numa nova operação de refinaciamento uma dívida que, em algum momento, ela teria de ser dado como prejuízo pela legislação do Banco Central que proibe os bancos de carregarem esse débitos indefinidamente.

No fundo, e já quem tem reservados R$ 10 bilhões para o FGC, talvez fosse melhor para o governo simplesmente quitar os débitos pequenos de R$ 1 mil com os descontos de até 90% e abrir uma oportunidade para quem (mesmo com os descontos) ainda estivesse devendo mais de R$ 1 mil podendo pagar esse débito sem juros.

Deixa que cobro

A venda de ativos das carteiras de créditos inadimplentes por parte das pessoas jurídicas (o nome NPL, do inglês “non-performing loans”) virou um novo negócio para bancos indo hoje muito além do Serasa e SPC Brasil que anteriormente apenas listavam o devedores. Empresas como a Recovery, empresa do Grupo Itaú lideram o mercado. Recentemente o Banco Safra anunciou sua NPL . O mercado continua fortemente concentrado nos créditos das instituições financeiras, porém, o setor de varejo vem apresentando um aumento considerável.

RICARDO STUCKERT - Lula assina a MP do Desenrola

Inteligencia Artificial

O negócio de cobrança é um dos eixo da empresa pernambucana Neurotech, especializada na criação de soluções avançadas com uso de Inteligência Artificial que nesta segunda-feira (5) lançou uma solução voltada para o mercado de cobrança que trabalha baseada em inteligência artificial generativa, semelhante ao ChatGPT. A ferramenta enriquece a base de dados e sugere o canal de comunicação mais adequado para falar com cada tipo de pessoa devedora.

Lula e Pernambuco

Presidente da Stellantis para a América Latina, Antonio Filosa vestiu o jaleco cinza do chão de fabrica da Jeep Goiana pára receber o presidente Lula. Nada de carro popular. Filosa na falou da nova pick -up da marca RAM e de eficiência, produtividade, alta qualidade do pessoal que faz a planta uma mais eficiente do grupo e exemplo de automação industrial especialmente pelo nivel de escolaridade de seus operários. Lula havia estado em Pernmabuco com Eduardo Campos quando o local da então Fiat Suape foi mudada para Jeep Goiana embora Dilma foi quem inaugurou a planta considerda a mais mdoerna da América Latina .

Lula na Bahia

O municipio de Luiz Eduardo Magalhães, que o presidente Lula visitou nesta terça-feira é um case do agronegócio brasileiro. Desmembrado de Barreiras, ele abriga o que existe de mais moderno na Bahia em termos de produção de grãos como soja, milho, feijão e até algodão. E a maior planta industrial de produção integrada e abate de frango do Grupo Pernambucano Maricéa, com capacidade para abater 150.000 aves /dia

Selo da Caixa .

A empresa pernambucana ACLF Empreendimentos, que atua na concentração na reurbanização do município de Paulista, conquista do ‘Selo Casa Azul”, da Caixa Econômica Federal destinada a projetos habitacionais financiados pelo Caixa que adotam soluções eficientes na construção, uso, ocupação e manutenção das edificações.

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Serasa Experian financiamento crédito pessoal
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