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O desafio das concessionárias num cenário de distribuição cada vez mais atacado pelos eventos extremos

Os celebrados entre 25 e 30 anos atrás, nenhum deles previu qualquer cenário próximo do que está acontecendo no mundo cada vezm mais quente.

Por Fernando Castilho Publicado em 20/10/2024 às 0:05

No meio do debate que se seguiu com o (novo) apagão na cidade de São Paulo onde a concessionária de distribuição Enel levou uma semana para restabelecer 100% do fornecimento, uma preocupação que já circula em todo o setor elétrico a partir de uma pergunta perturbadora:

Os contratos de 20 distribuidoras de energia, que concentram 64% dos consumidores brasileiros e que vencem a partir do ano que vem até 2030 suportam os gastos decorrentes dos chamados eventos extremos que cada vez mais estão se tornando frequentes?

A resposta é não. Pelo simples fato de que, ao serem celebrados entre 25 e 30 anos atrás, nenhum deles previu qualquer cenário próximo do que está acontecendo e, muito menos, os custos decorrentes das ações emergenciais que se tornaram necessárias para ter respostas num período máximo de 48 horas. E que, como se viu, a Enel não teve como religar todos os pontos sequer em 120 horas.

Quem paga a conta

A questão tem a ver com dois eixos centrais desses contratos. O que uma concessionária pode cobrar pelo serviço que está sendo contratada. E o que 20 ou 30 anos depois surgiu como ambiente onde esse serviço agora é prestado em função das mudanças climáticas. Nada disso existia na hora em que eles foram celebrados.

Infelizmente, o debate foi capturado pelo governo Federal como elemento de ataque ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) numa tentativa de ajudar o candidato do Psol, Guilherme Boulos no segundo turno das eleições municipais.

E isso foi feito de forma desonesta porque critica a posição da Aneel em não exercer uma fiscalização mais firme quando há pouco mais de um mês o próprio presidente Lula e o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira receberam os dirigentes da Enel, na Itália, que lhe prometeram novos investimentos.

Saudade do call center

Mas o fato é que todo o escopo do contrato é sobre a busca de metas de eficiência - onde as empresas são estimuladas a melhorar o processo de gestão e controle- naturalmente busca reduzir custos. Assim a economia delimitada do Call Center com uso de inteligência artificial foi seguida da redução das equipes de manutenção (hoje em sua maioria terceirizadas) até porque as necessidades na prontidão foram reduzidas pelo melhor uso de processos de gestão automáticos. Isso virou um grande risco.

Quem entra numa sala de controle de qualquer distribuidora vai ver que do terminal, o operador pode literalmente cortar o fornecimento de uma rua ou de um edifício digitalmente deixando o vizinho energizado. Isso desobriga a necessidade de equipes e virou economia no balanço da empresa.

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São Paulo sem energia da Enel 2024. - DIVULGAÇÃO

Inteligencia artificial

Então, de fato, as distribuidoras hoje têm menos equipes de rua que se dedicam mais à prevenção e fiscalização in loco do que propriamente ligar um disjuntor que desliga por problema mecânico. De certa maneira não faz sentido manter equipes que não serão demandadas e apostará em gestão e melhoria da rede em tempos normais.

O problema é que nenhuma delas previu o que fazer quando vem um evento extremo. E elas estão vendo no mundo real que suas equipe não tem braço para atender a demanda no tempo curto do apagão. A inteligência artificial até decide o que é prioritário e onde as (reduzidas ) equipes vão chegar primeiro em função dos efeitos para rede.

Cadê minha luz?

Ironicamente, a prioridade não é ligar a luz de uma residência, mas religar o fornecimento dos troncos que se espalham por mais consumidores. Isso é muito lógico. Mas como explicar para uma pessoa que está sem energia e ver uma equipe da distribuidora ligar a linha de alta tensão que não é a que distribui energia para sua casa?

Entretanto, a questão é bem mais séria porque o contrato da Aneel - escrito há 20 anos - sequer incluiu o termo eventos extremos. O erro foi a Aneel não prever rapidamente e tentar se antecipar criando novas abordagens diante das mudanças climáticas e da frequência cada vez maior de eventos de elevada severidade no Brasil e no Mundo.

Aneel atrasada

Ela até chegou a fazer audiências públicas este ano com o objetivo promover aprimoramentos na regulação existente, visando aperfeiçoar o processo de detecção de eventos, prevenção de seus efeitos e buscar respostas mais efetivas! . Mas a questão real é: como uma distribuidora vai cobrar os investimentos que agora precisará fazer para suportar isso?

No fundo a pergunta é: como as distribuidoras devem atuar nessa nova necessidade de intervenção num ambiente altamente regulado aumentando a resiliência do sistema de distribuição e de transmissão a eventos climáticos extremos?

Exemplo americano

Eventos extremos fazem parte dos contratos das distribuidoras de energia nos Estados Unidos há décadas pela frequência das temporadas de furacões e tempestades.

Eles criaram até um sistema onde as empresas distribuidoras com o Departamento de Estado e departamentos do governo reúnem equipes de vários estados e cidades tradicionalmente vítimas de furacões. O seguro e consumidor paga a conta porque a prioridade é religar a energia.

Novo ambiente

Então o que está posto é que o cenário mudou e as 20 concessões que serão renovadas até 2030 terão que prever esse novo ambiente com frequência dos eventos climáticos extremos. Naturalmente discutindo será o financiamento.

Sem achar que o prefeito é o culpado porque seu setor de poda de árvores não livrou a rede elétrica (que nas grandes cidades deve ser embutida) numa tempestade com ventos acima de 100 quilômetros por hora. Na conta mensal esse tal de eventos extremos agora vai custar caro. Especialmente, nas grandes cidades.

CNI
A falta ou o alto custo de trabalhadores qualificados foi a preocupação que mais cresceu entre os industriais. - CNI

Gente qualificada

A falta ou o alto custo de trabalhadores qualificados foi a preocupação que mais cresceu entre os industriais no terceiro trimestre na Sondagem Industrial divulgada pela CNI nesta sexta-feira (18). O problema ocupava o 6º lugar na lista dos mais enfrentados pela indústria entre abril e junho; pulou para o 3º pelo último levantamento e agora lidera. A CNI consultou 1.579 empresas: 634 de pequeno porte(634). de médio porte e 376 de grande porte entre os dias 1 e 10 de outubro de 2024.

Fenafisco e Mulher

Começa nesta terça e vai até sexta-feira, no Expo Center Recife a 9ª da Fenafisco que este ano tem como tema “O Protagonismo da Mulher na Política, Administração Pública e no Sindicalismo”. A Fenafisco, fundada em 1979, em Recife, reúne 30 sindicatos e 32 mil servidores públicos fiscais tributários da Administração Tributária Estadual e Distrital e pela primeira vez, palestras e debates sobre a participação das mulheres na sociedade e no fisco.

Saneamento chinês

De olho no mercado criado a partir do marco do saneamento, a gigante chinesa Jing Jin que atua na área de equipamentos para processos de saneamento está chegando ao Brasil . A JingJin é a maior fabricante de filtros prensa do mundo e ocupa fatia do mercado de equipamentos com tecnologia avançada em separação sólidos-líquidos presente em mais de 120 países. Ela anunciou que está trazendo ao mercado brasileiro sua a prensa desaguadora que acelera o desaguamento e destinação de lodos sanitários.

Gestora de escola

A Proesc, uma startup do Amapá que desenvolve soluções para gestão de mais de 2.700 escolas públicas e privadas de todo o país, vai virar um banco. Anunciou o Proesc Bank que se reposiciona como hub de gestão escolar depois que a Proesc fez o processamento de mais de R$5 bilhões na gestão financeira da sua carteira de clientes .

A Proesc tem a expectativa de impactar 4 mil escolas e chegar aos R$25 milhões de faturamento. Ela está há 15 anos no mercado e está presente em Angola, Moçambique, Portugal, Senegal e Brasil. Em 2023, a empresa faturou R$13 milhões focando na automação da gestão financeira das escolas, que reduz em até 80% a inadimplência escolar.

Fiscalização

O Governo de Pernambuco, através da Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH, aderiu ao Programa Brasil M.A.I.S. – Meio Ambiente Integrado e Seguro, do Ministério da Justiça para monitoramento de crimes ambientais.

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Casa dos Ventos, liderada pelo empresário Mário Araripe. - DIVULGAÇÃO

Casa dos Ventos

A Casa dos Ventos, liderada pelo empresário Mário Araripe, considerado uma referência no mercado de renováveis e transição energética do Brasil, será a provedora de energia para a ODATA, uma empresa da Aligned Data Centers, provedora líder de data centers na América Latina. Fecharam um contrato de longo prazo através da participação da ODATA no Complexo Eólico Babilônia Sul (360 MW), situado em Várzea Nova, Bahia.

Eficiência Energética

A Neoenergia Pernambuco ampliou o prazo para os interessados em se inscrever em projetos na classe Comércio e Serviços da Chamada Pública para Projetos de Eficiência Energética 2024, que vai destinar R$13,5 milhões para iniciativas em todo o Estado. O prazo vai até o dia 29 deste mês. A intenção é incentivar projetos que contemplem a melhoria de instalações elétricas e a geração solar fotovoltaica.

MITIE TAMADA
Seafood Show Latin America, feira de pescados e frutos do mar da América Latina. - MITIE TAMADA

Festa do Peixe

Nesta terça, quarta e quinta feiras em São Paulo, acontece a terceira edição do Seafood Show Latin America, uma das maiores feiras de pescados e frutos do mar da América Latina que deve atrair mais de 3 mil visitantes para tratar sobre tendências e inovações do segmento.

O setor de pescados teve crescimento forte nos últimos anos, impulsionado pela demanda crescente por alimentos saudáveis e sustentáveis e já movimenta cerca de R$25 bilhões/ano, assumindo fatia importante das vendas no varejo de alimentos frescos.


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