Um escritor de referência mundial, inspirador de leituras do mundo e para o desbravamento de outros na pena da escrita, Milan Kundera, o pensador literato, artista da palavra, deixou a existência humana, ontem. Autor da magnífica obra “A insustentável leveza do ser” e de outras, como “A lentidão”, “A imortalidade”, “A identidade”, “O livro do riso e do esquecimento”, Kundera sai de cena para um legado de reflexões políticas, filosóficas e literárias, em romances e ensaios marcantes.
Para o escritor Alex Castro, na Folha de S. Paulo, o escritor tcheco “entendia como poucos os efeitos absurdos do tempo na vida, nas certezas, nas nações”. Essa noção do absurdo, podemos acrescentar, lembrando Kundera, é transposta para o cotidiano, em que muitas vezes o comportamento que dita a rotina não consegue se enxergar no espelho. Entre a responsabilidade e a liberdade, a distância se expressa em diferença de pesos, e nem sempre o que se apresenta como livre é tão leve quanto parece.
Um autor que faz pensar é alguém que escolhe bem as palavras para expressar o que pensa, especialmente ao compartilhar indagações. Como afirma Philippe Breton em “Elogio da palavra”, “a escrita é uma redução, uma palavra forçada para durar, ir mais longe”. A escrita encharcada de tempo, por Milan Kundera, traz-nos aos olhos a duração do absurdo diante da velocidade mutante da vida. Com suas palavras, somos convocados a agir em modo mais lento, a perguntar sobre o que somos e onde estamos, e a olhar criticamente ao redor.
É como se à insustentável leveza do ser coubesse o peso flutuante das palavras, calibrando a existência, provocando avanços e recuos, entrelaçando pensamentos e atos, aproximando ou afastando as pessoas. No escritor, imprimindo a linha da vida.
Em “Risíveis amores”, de Milan Kundera, lemos: “Atravessamos o presente de olhos vendados, mal podemos pressentir ou adivinhar aquilo que estamos vivendo. Só mais tarde, quando a venda é retirada e examinamos o passado, percebemos o que foi vivido, compreendendo o sentido do que se passou”.
Fã de Jane Austen, a escritora Amanda Bonatti prepara o lançamento da continuação de “Sanditon”, romance inacabado da autora de “Orgulho e preconceito” e “Razão e sensibilidade”. A obra será lançada durante a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, em setembro. Ontem, Amanda Bonatti foi a convidada da Live Livronews, em conversa disponível no Instagram @livronewsnoinsta.
E hoje o Livronews recebe o CMCO do Skeelo, André Palme, para uma conversa sobre os quatro anos de atuação do aplicativo, que oferece acesso gratuito a milhares de títulos de livros, em formato de e-book e audiobook, além de minibooks. E também comercializa livros impressos. A conversa será a partir das 7 da noite, no Instagram.
Hoje tem Sarau musical em homenagem ao poeta Carlos Pena Filho. Com Adellmo dos Passos e convidados. No Espaço Pasárgada, no Recife, às 7 da noite.
Hoje às 8 da noite, Rosana Vinguenbah recebe Rute Ferreira, autora de “Bordado em ponto corrente”, romance que concorre ao 8º Prêmio Kindle de Literatura. A live será no Instagram @rosana_vinguenbah.
Nesta sexta, a editora Patrícia Vasconcellos participa de bate-papo sobre “Desafios na produção-edição-circulação de livros que exploram a pluralidade”, a partir das 14h30. No Museu de Arte da Bahia (MAB) em Salvador. A atividade é parte do evento Imagens & Imaginários, sobre literatura de infância. Mais informações no Instagram @podeestrelas.editora.
Lucas Arroxelas lança coletânea de crônicas neste sábado, na Livraria do Luiz, em João Pessoa (PB) a partir das 10 da manhã. Hildeberto Barbosa Filho faz o comentário da obra e conversa com o autor. “Quadro crônico” é publicado pela Penalux.
O lançamento do livro “Raízes e frutos da arte de João Pernambuco”, do escritor e jornalista José Leal, será neste sábado, às 3 da tarde. Com a presença do músico Lucas Oliveira, na Passa Disco, no Recife.
A 100/Cabeças está lançando “Os deuses falam pelos Govis”, de Pierre Mabille, autor do surrealismo francês. O texto é um relato sobre “o encontro entre a mente europeia e a convulsão corpórea e afetiva da feitiçaria haitiana”. Foi publicado em 1958 na revista Les Lettres, e agora ganha tradução de Marcus Rogério Salgado para o Brasil, com ilustrações do cubano Wifredo Lam e projeto gráfico de Daniel Justi.
A editora Fósforo apresenta “Famílias inter-raciais: tensões entre cor e amor”, de Lia Vainer Schucman. Segundo Sílvio Almeida, que assina o prefácio, a obra “é um modelo exemplar de pesquisa que relaciona processos de constituição da subjetividade e estrutura social”. A autora é professora da Universidade Federal de Santa Catarina, e também é co-organizadora do livro “Branquitude: diálogos sobre racismo e antirracismo”, pela mesma editora.
Está em pré-venda pela Patuá o livro “Invisíveis – Quando a rua é morada, o vírus é só mais uma ameaça”, de Karla Maria. A autora é jornalista, e recebeu o Prêmio Dom Helder Câmara da CNBB em 2012, 2017 e 2021 – neste mais recente, por uma série de reportagens sobre a população em situação de rua durante a pandemia de Covid. Karla Maria é integrante da Academia Guarulhense de Letras.
O escritor e jornalista Fernando Molica lançou pela editora Malê seu livro de contos, “Náufragos”, na Livraria da Travessa de Botafogo, no Rio de Janeiro. Para Flávio Izhaki, na apresentação, as personagens “são pessoas comuns que vagam pelas ruas de uma grande cidade como sonâmbulos peripatéticos, falando sozinhos, com público ou não, compartilhando silêncios e segredos na mesma respiração”.