Para todo amor impossível
O filme "Vidas passadas" proporciona uma reflexão sobre a cultura romântica
Um casal de escritores se conhece numa residência literária. As circunstâncias e coincidências, em conspiração, promovem a atração que leva o encontro a se transformar em relação. Ela, imigrante coreana atrás de um ponto para fixar o sonho em terra estrangeira. Ele, sem demora, se mostra pronto para oferecer o porto que ela deseja. O encontro se dá no filme “Vidas passadas”, indicado ao Oscar deste ano.
Talvez possamos dizer que o amor é uma leitura: de si no outro, de olhares cruzados, sonhos projetados, desejos comungados. Em sendo leitura, como limitar essa incrível experiência humana a uma? O amor, como a leitura, se faz e se amplia, se aprimora e valoriza no plural. Embora a cultura romântica enraíze o amor na unicidade, na monocromia, a vida ensina que amar é verbo plural, não excludente, nem exclusivo.
Mas o cinismo romântico é funcional. A paixão dispõe do encanto, alimenta a pulsão de vida. Como o personagem Berlim, na série que leva seu nome, derivada de “La Casa de Papel”, sem o lirismo de Paulo Mendes Campos, observa com impaciência: o amor passa. Como a vida. Para em seguida reafirmar a necessidade da pulsão de um novo amor, da busca ansiosa da conquista, e da obsessão romântica que dispara um tsunami de hormônios em ondas de êxtase e sofrimento. Neste aspecto, o romantismo de Marcel Proust, no clássico “Em busca do tempo perdido”, aponta a irrealizável fantasia do ciúme que almeja ocupar todos os pontos transitados no tempo e no espaço pelo ser amado. Em Proust, a impossibilidade romântica, no limite, escancara o paradoxo da possibilidade inesgotável de amar.
No filme coreano, a plenitude do amor esbarra na cultura romântica, onde todo amor é impossível em algum ponto ou medida. O difícil é ser um romântico nos dias de hoje, ou não se jogar no romantismo? De um jeito ou de outro, impossível é viver todos os amores de uma vida. Mais impossível ainda fugir deles.
Boca de cachorro louco
O primeiro livro da cearense Kah Dantas ganha nova edição pela Moinhos. “O livro que me ajudou a superar uma situação de violência doméstica e que também abriu as portas da cena literária para mim”, lembra a autora. “Estou muito feliz com a reedição dessa obra pela Editora Moinhos e desejo que essa história alcance cada vez mais leitores e leitoras, atuando também como um convite à discussão e conscientização sobre relacionamentos abusivos e violência doméstica”. A nova edição tem posfácio de Gabriela Toso, e se encontra em pré-venda no site www.editoramoinhos.com.br. Siga @contakah no Instagram.
Osman Lins
O escritor Osman Lins será celebrado pela XXVI Semana de Estudos Linguísticos e Literários, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Com o tema “O visitante das palavras – Homenagem ao centenário de Osman Lins”, o evento coordenado pelo professor Róbson Teles será de 14 a 16 de maio, no Recife. A proposta é “ampliar a formação de professores, pesquisadores e estudantes, capacitando-os a lidar de maneira mais eficaz com a sutileza no uso das palavras, aspecto central na obra de Osman Lins”. Visite a página do evento na Sympla e saiba mais.
APL
A Academia Pernambucana de Letras (APL) realiza sessão nesta segunda-feira, 26, para apresentar e debater os eixos das atividades previstas para 2024. Em pauta, novos cursos, convênios e homenagens que integram a programação. A partir das 3 da tarde, na sede da instituição, no Recife. Siga @academiadeletras_pe no Instagram.
Comunidade dos contrários
O cineasta Marcelo Pedroso lança o livro “Comunidade dos contrários: Um estudo sobre as relações de antagonismo no documentário” na próxima quarta, 28, em Caruaru. Na última sexta, a obra foi lançada em Garanhuns, com as presenças de Juliana Gleymir, Mariana Porto, do autor, de Ewerton Ferreira e do editor Thiago Corrêa (nesta ordem na foto). No evento, além de bate-papo e da sessão de autógrafos, será exibido o filme “Por trás da linha de escudos”. A publicação é da Vacatussa.
Giba Carvalheira
O lançamento de “Marrom Glacê Vermelho Pau-Brasil”, de Giba Carvalheira, será na quinta, 29, no Recife. O romance narra a trajetória de três gerações de tradicional família sertaneja, e é ambientado em Serra Talhada. O evento de autógrafos será no Coffee Club, na Jaqueira, a partir das 5 da tarde. Publicação do selo Alumiá, da Arrelique.
O massacre da Faria Lima
Em bate-papo com Tiago Novaes e Carol Romano, e a mediação da editora Érica Casado, L.G. Velani lança na próxima quinta, 29, “O massacre da Faria Lima”, na Casa de Liége, em São Paulo, a partir das 18h30. O autor afirma que a obra tem influências de autores como Drummond, Rubem Fonseca, Umberto Eco e Roberto Bolãno. A publicação é da Editacuja. Siga @lgvelani e @editacuja no Instagram.
Essa coisa viva
A editora Todavia lança, na quinta, 29, o novo romance de Maria Esther Maciel, “Essa coisa viva”. Na ocasião, haverá bate-papo da autora com as escritoras Noemi Jaffe e Luciana Araujo Marques. Na Livraria da Tarde, em São Paulo, às 7 da noite.
Gêneros literários
O Instituto Estação das Letras promove live com Suzana Vargas e Arthur Telló sobre gêneros literários, nesta quinta, 29, às 7 da noite. Para acompanhar, acesse @institutoestacaodasletras no Instagram.
Me Colore Q’eu Tô Bege
Paródia em homenagem aos almanaques antigos, o “Me Colore Q’eu Tô Bege” tem lançamento agendado no Recife, depois de passar por São Paulo. A autoria é de Aymmar Rodriguéz, personagem literário criado pelo jornalista e publicitário Raimundo de Moraes. A publicação da Abarca Editorial será lançada na sexta, 1, no Espaço Pasárgada, na Boa Vista, a partir das 18h30 – em evento exclusivo para o público adulto.
Encontro literário
Uma das vencedoras do Jabuti com o romance “Dentro do nosso silêncio”, publicado pela Bestiário, Karine Asth conversa com a também escritora Zuleide Lima no sábado, 2, na livraria Leitura do Shopping Recife, a partir das 4 da tarde. A mediação será deste colunista.
Meu seriado britânico
Tatiana Barroso (@tatibbooks no Instagram) lança a trilogia “Meu seriado britânico” no sábado, 2 de março, na Livraria do Jardim, no Recife. Os livros narram a história de uma brasileira que chega na Inglaterra e realiza o sonho de atuar em uma série de comédia romântica. A sessão de autógrafos começa às 3 da tarde.
Estresse a favor
Está em pré-venda pela editora Barra Livros a obra “Como usar o estresse a favor da sua saúde mental”, de Ana Beserra, Doutora em saúde mental pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Acesse https://www.barralivros.com/como-usar-o-estresse e saiba mais.
Dengue e caos climático
Joca Reiners Terron assina a tradução da edição brasileira de uma distopia cyberpunk: “Dengue Boy: A infância do mundo”, do argentino Michel Nieva, chega ao país pelo selo Amarcord, da Record. A trama de ficção científica se passa no Pampa argentino do século 23, com as regiões polares já derretidas, por causa da crise climática.
O soldado amarelo
A Arribaçã publicou “uma novela nordestina de autor gaúcho”: “O soldado amarelo”, de Lourenço Cazarré, tem o título inspirado em personagem de “Vidas secas” de Graciliano Ramos, e foi baseado em depoimento do escritor alagoano a seu filho, Ricardo Ramos. Jornalista e escritor nascido em Pelotas, Lourenço Cazarré tem mais de 40 livros publicados. Visite o site www.arribacaeditora.com.br e saiba mais.
O que você quer ser?
Obra ilustrada sobre as profissões foi encomendada pela Pallas ao premiado escritor Lawrence Schimel. O texto de “O que você quer ser quando crescer?” conta com a tradução de Nina Rizzi, e ilustrações de Bárbara Quintino.
Cursos a qualquer hora
O Centro Cultural Astrolabio oferece cursos gravados para o público assistir quando quiser. No catálogo, estão, por exemplo: “Introdução à literatura irlandesa” com Luci Colin, “Cabala e Literatura” com Estevan Ketzer, “O enigma de Capitu – Leitura guiada de Dom Casmurro”, com Carlos Eduardo Ortolan. Veja a lista completa no site www.oastrolabio.com.br.