Legado da palavra em Petrópolis

Pela primeira vez na cidade histórica, o Flipetrópolis é mais uma iniciativa de Afonso Borges, que deseja mudar mentalidades com festivais literários

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Por Fábio Lucas

Publicado em 30/04/2024 às 21:57
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A cultura acessível, inclusiva, diversa, educativa e antirracista é a proposta de um evento que se propõe a oferecer bastante conceito e conteúdo para o público, em atividades gratuitas. Começa nesta quarta e vai até o próximo domingo a primeira edição do Festival Literário Internacional de Petrópolis, o Flipetrópolis. Com a exposição “Portinari para crianças” no Palácio de Cristal, a reunião de quase uma centena de escritoras e escritores, em conversas a respeito do tema “Arte, Literatura, Liberdade e Educação”, e mais de 250 em toda a programação, a instalação de uma livraria e um espaço gastronômico, o festival mostra o potencial da economia criativa para um lugar de grande identidade histórica com o Rio de Janeiro e o Brasil.
Ana Maria Machado e Conceição Evaristo são as homenageadas do primeiro Flipetrópolis, que tem como patrono Juliano Moreira, psiquiatra negro falecido na cidade, em 1933, que tratou de pessoas com transtornos mentais e combateu o racismo científico. A escritora tutsi Scholastique Mukasonga, natural de Ruanda, é a convidada internacional. Para Afonso Borges, empreendedor do evento, Petrópolis é uma cidade que, historicamente, respira literatura. “Tem uma Academia de Letras mais que centenária, e uma trajetória de escritores que passaram ou moraram na cidade, como Manuel Bandeira e Vinicius de Moraes”. Mas ele recorda que a cidade também apresenta outra face, de um lugar onde o racismo e a escravidão estiveram presentes por muitos anos. Por isso, “os convidados escolhidos para o evento em Petrópolis vêm ditando uma nova realidade: Itamar Vieira Junior, Eliana Alves Cruz, Jeferson Tenório, Tom Farias e tantos outros, estão ensinando para nós, brancos, que em primeiro lugar o problema do racismo é nosso, e não deles. E segundo, que há um jeito diferente de contar a história brasileira, através dos romances que escrevem. Nesse contexto, trazer esse conjunto representativo de negros para uma cidade tão profundamente marcada pela escravidão, é importante”.
A conexão é proposital, e surge da experiência de quem criou e organiza festivais literários como o Fliaraxá, o Flitabira e o Fliparacatu. “Um festival literário atua em um campo muito profundo, da educação e da formação. Esses dois componentes, juntos, são a base da leitura”, defende Afonso Borges. “A primeira característica de um festival literário é a perenidade. Outros festivais, de outras artes, podem chegar, acontecer, ir embora e não deixar nada. Um festival literário deixa o legado da palavra, da fala, da palestra, da presença de jovens ouvindo. Toda uma ação forte para a educação da criança, do adolescente, é planejada num festival de literatura. Um festival como os que a gente faz modifica uma cidade, modifica mentalidades. Eu quero fazer um festival literário para mudar mentalidades”.
Outras informações e a programação completa podem ser vistas no site www.flipetropolis.com.br.

 

Divulgação
A editora e escritora Rosane Nunes - Divulgação


Rosane Nunes

No dia 3, sexta, Rosane Nunes autografa o seu livro “Nós em nós”, publicado pela Cambucá. “É uma grande alegria participar do Flipetrópolis, principalmente quando se é editora e autora independente. Lidar com o livro é antes de tudo uma paixão, mas também um desafio e uma responsabilidade de todo dia; maior ainda quando se está num Festival Internacional em que o movimento literário é o protagonista. Então, é uma honra fazer parte dessa festa, que só faz juntar e crescer, ao lado de escritoras e escritores que tanto admiro. Que Petrópolis seja abraçada com todo carinho que ela merece!”, diz a escritora, em depoimento à coluna. Saiba mais sobre o livro e a editora em www.editoracambuca.com.br.

 

Quarta, 1/5

Uma apresentação do coral Canarinhos de Petrópolis abre o evento, às 2 da tarde. Pouco depois, às 3 da tarde, Luís Roberto Barroso e Gustavo Grandinetti conversam com Sérgio Abranches. Às 7 da noite, Leonardo Boff dialoga com Eliana Alves Cruz, e às 8 da noite, Scholastique Mukasonga e Simone Paulino batem papo, sob a mediação de Jamil Chade.


Quinta, 2/5

Destaque para o encontro de Frei Betto e Tom Farias, às 4 da tarde, e de Lívia Sant’Anna Vaz com Morgana Kretzmann, sob a mediação de Estevão Ribeiro, às 6 da tarde. Na sequência, Jeferson Tenório e Andréa Pachá, com a mediação de Sérgio Abranches, Carla Madeira e Paulo Scott, mediados por Eliana Alves Cruz, Scholastique Mukasonga e Conceição Evaristo, com Afonso Borges na mediação.

 

Sexta, 3/5

Paloma Jorge Amado e Tom Farias conversam sob a mediação de Ricardo Ramos Filho, às 5 da tarde. Conceição Evaristo e Rosiska Darcy de Oliveira serão mediadas por Flávia Oliveira, às 8 da noite. Em seguida, Miriam Leitão e Ana Maria Machado batem papo com Jamil Chade.


Sábado, 4/5

O novo imortal da Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak, será entrevistado por Míriam Leitão, às 11 da manhã. Às 5 da tarde, o casal de escritores formado Morgana Kretzmann e Paulo Scott conversa com Afonso Borges. E às 7 da noite, Itamar Vieira Junior e Sérgio Abranches batem papo com Eliana Alves Cruz na mediação.

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