Memória e diversidade em Araxá

De volta ao lugar em que foi realizada a primeira edição, em 2012, na Fundação Calmon Barreto, e tendo como patrono o falecido escritor e cartunista Ziraldo, que participou como destaque naquela ocasião, o Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá, acontece de 19 a 23 de junho em Minas Gerais. O tema “Memória, literatura e diversidade” pautou a curadoria de Afonso Borges, Tom Farias e Sérgio Abranches (nacional e internacional), Leo Cunha (infantojuvenil), Rafael Nolli, Luiz Humberto França e Carlos Vinicius Santos da Silva (local). A equidade de gêneros e raças entre os participantes das mesas de debates configura uma novidade: são 25% de mulheres negras, e a mesma quantidade de mulheres brancas, homens negros e brancos. Mas as três principais atrações desta 12ª edição são mulheres, sendo duas negras – Conceição Evaristo é a convidada especial, e as homenageadas são Djamila Ribeiro e Bruna Lombardi.
Mais mulheres compõem a lista dos destaques do evento. De Cuba, vem Teresa Cárdenas, e da França, Hannelore Cayre, ao lado do português Afonso Cruz, e do brasileiro radicado na Suíça, Jamil Chade. As indígenas Trudruá Dorrico e Geni Núñez ampliam o cenário da memória e da diversidade, contido na preocupação temática. Para recordar Ziraldo, um dos maiores nomes da literatura brasileira, o Prêmio de Redação e de Desenho se inspirou em sua obra. Os estudantes de Araxá, de 4 a 18 anos de idade, puderam criar livremente, com base em um livro ou personagem do autor de “O menino maluquinho”.
O Fliaraxá é um evento local de visibilidade nacional para a literatura e para a população do município, que responde à oportunidade de interagir com escritores e escritoras de fora da cidade. O evento também se apresenta como chance para quem escreve na região, com intensa agenda de lançamentos gratuitos. A valorização da literatura feita por mulheres está até em sacos de pão: as padarias da cidade estampam trechos de Djamila Ribeiro e Bruna Lombardi, as duas homenageadas, nas embalagens, no projeto Pão e Poesia, uma ação promocional com o objetivo de levar a arte literária ao cotidiano. Uma exposição fotográfica recorda a herança da comunidade negra da cidade: “Narrativas Araxaenses” mostra imagens de professores negros e escritores locais. A assinatura é dos fotógrafos Fernando Rabelo e Gabriel Sirbag, e do arte-educador Matheus Black.
Toda a programação do festival será transmitida pelo canal do evento no Youtube, ao vivo. Saiba mais no site www.fliaraxa.com.br.

Nova mentalidade

Para Afonso Borges, criador e coordenador do Fliaraxá, assim como do Flitabira, do Fliparacatu e do Flipetrópolis, os festivais literários contribuem para dar visibilidade a uma nova mentalidade no Brasil, que vem do trabalho, sobretudo, dos escritores negros e das escritoras negras. “Estão não só nos trazendo para uma realidade que sempre existiu, e nunca esteve em evidência, mas também contando histórias novas, atraentes, inteligentes. Nossa educação branca considerava, até há muito pouco tempo, que Machado de Assis era branco. É uma nova mentalidade”. Segundo ele, exemplos do arcabouço do imaginário brasileiro que ficou por tantos anos sufocado serão expostos presencialmente em Araxá, e ao vivo, online, pela transmissão do evento. No Instagram @livronewsnoinsta se encontram essas e outras reflexões, em uma entrevista exclusiva com Afonso Borges.

O tempo sem tempo

Médico e escritor, Carlos Starling lança “O tempo sem tempo”, coletânea de crônicas da pandemia, na sexta, 21, durante o Fliaraxá, na Fundação Calmon Barreto, a partir das 7 da noite. O livro publicado pela Autêntica conta com apresentações de Margareth Dalcolmo e Lilia Schwarcz. Para Afonso Borges, coordenador do Fliaraxá, a obra “é um percurso histórico composto de lembranças que nos preparam para o futuro. Textos em que o bom astral está presente, sempre, apesar de tudo”. No sábado, 29, o autor estará em Belo Horizonte para bate-papo e sessão de autógrafos na Quixote Livraria, às 11h da manhã.

 

Bruna Lombardi e Djamila

Uma das homenageadas do Fliaraxá, Bruna Lombardi participa de encontro com Djamila Ribeiro e Sergio Abranches no sábado, 22, às 8 da noite, no evento. E vai lançar o seu “Manual para corações machucados” na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, no Rio de Janeiro, na quarta, 26. A publicação é da Sextante. Siga @brunalombardi no Instagram.

 

Amor em Drummond

Ainda no clima do Dia dos Namorados, vale mencionar a edição revista e ampliada de uma pequena grande obra de Carlos Drummond de Andrade. “Declaração de amor – Canção de namorados”, publicada pela Record, teve a organização de Edmilson Caminha e dos netos do autor mineiro, Pedro Augusto e Luis Mauricio. Ilustrações de Mariana Massarani, desde a capa, dão forma visual a versos como: “Que pode uma criatura senão,/ entre criaturas, amar?” ou, em outro poema: “O ser busca o outro ser, e ao conhecê-lo/ acha a razão de ser, já dividido”.

Ninfa na poesia

O Astrolabio exibe aula gratuita, ao vivo e online, nesta segunda, 17, sobre “Metamorfoses da Ninfa na poesia brasileira”, com Maura Voltarelli. “As ninfas prometem muita emoção, graça, beleza, abismos e desejos em movimento!”, convida a pesquisadora no Instagram @maura.voltarelli. Inscrições no site www.oastrolabio.com.br.

 

Fora da rota

A Todavia promove o lançamento do romance de estreia de Evelyn Blaut nesta quarta, 19, na Janela Livraria do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. “Uma narrativa poética sobre o luto, as lembranças e os mapas imaginários que traçamos para nós”, apresenta a editora. O texto da orelha é de Micheliny Verunschk. No evento, bate-papo com a poeta Laura Liuzzi, a partir das 7 da noite.

 

 

O nome dela é Luana

Está em pré-venda até a próxima quinta, 20, o livro de Gustavo Nascimento e Eberson Terra, “O nome dela é Luana”, pela editora Flyve. A história trata de intolerância religiosa e aborda o desaparecimento de meninas no Brasil, passando pela “corrupção e o racismo impregnados nas instituições brasileiras”, de acordo com o material de divulgação. Para apoiar a publicação, acesse www.flyve.com.br.

Nordeste nunca houve

Com mediação de Luciano Justino e de Thelio Farias, Johniere Alves Ribeiro lança “Nordeste nunca houve” em Campina Grande, sábado, dia 22. O livro vem da tese de doutorado do autor na Universidade Estadual da Paraíba, abordando o imaginário criado pela literatura em torno da região. A publicação é da Arribaçã. O evento começa às 18h no Museu dos Três Pandeiros.

 

Sete erros da advocacia

A vice-presidente da OAB-PE, Ingrid Zanella, está lançando o e-book “7 erros no início da advocacia (Para você não repetir)”. A obra traz dicas essenciais e inspiração para quem está estudando ou começando a carreira no Direito. A autora é considerada uma das grandes especialistas em Direito Marítimo e Portuário no Brasil. Para ter acesso ao livro, basta acessar www.ingridzanella.com.br/ebook.

 

Luiz Rei

O mês de São João é especial para os nordestinos, com o festejo das tradições que se multiplica na região. Ícone da cultura popular brasileira, o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, tem suas composições e interpretações sempre lembradas, nos palcos e festas familiares. No livro “Luiz Rei”, a pedagoga e educadora baiana Jacqueline Meire oferece conteúdo interativo para o público infantojuvenil, com a história ilustrada de Gonzagão. A publicação é do selo Trajetórias, da editora O Artífice.

Para não acabar tão cedo

O primeiro romance de Clarice Freire já está em pré-venda pela Record. A história de duas irmãs que acordam subitamente rejuvenescidas é narrada pelo Tempo. “Para não acabar tão cedo” fala da velhice e do envelhecimento com o toque poético da escritora que se tonou conhecida com o projeto Pó de Lua. Siga a autora no Instagram @claricefreire.

Um romance russo

A Alfaguara publica nova edição de “Um romance russo”, de Emmanuel Carrère. Autoficção em que o protagonista é o próprio escritor, em viagem à Rússia com o intuito de fazer um documentário sobre um prisioneiro húngaro internado como paciente psiquiátrico desde a Segunda Guerra Mundial. A obra oferece “um retrato sincero de um homem em busca de redenção”, segundo a divulgação. A tradução é de André Telles, e o livro chega às livrarias esta semana.

Os anões

A Faria e Silva apresenta nova edição de “Os anões”, de Veronica Stigger, Vencedora dos prêmios Machado de Assis da Biblioteca Nacional, e São Paulo de Literatura, a autora exibe uma “certa propensão ao originário” nas breves narrativas que integram o volume. Veja outros lançamentos no Instagram @fariaesilvaeditora.

 

Encontros na livraria

Johanna Stein e Maria Carolina Casati receberam a escritora Bianca Santana na Livraria Gato Sem Rabo, especializada em escritos de mulheres, em São Paulo. Na foto, as três leem os livros “Quando me descobri negra”, “Continuo preta – A vida de Sueli Carneiro” e “Arruda e Guiné”, todos de Bianca Santana, disponíveis na livraria. Siga @encruzilinhas e @gato.sem.rabo no Instagram.