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Após divulgação de ataques, adestradores protestam no Recife contra falta de cuidados e preconceito a pitbulls

O ato em frente à Praça do Derby, no centro da capital pernambucana, acontece após uma série de ataques praticados por cães da raça terem sido noticiados no último mês no Estado

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Katarina Moraes

Publicado em 03/08/2021 às 11:00 | Atualizado em 03/08/2021 às 12:09
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A Associação dos Adestradores de Cães de Pernambuco vai às ruas do Recife na manhã desta quarta-feira (4) protestar contra a desinformação e a falta de cuidados a pitbulls. O ato em frente à Praça do Derby, no centro da capital pernambucana, acontece após uma série de ataques praticados por cães da raça terem sido noticiados no último mês no Estado.

Além de adestradores e amantes da raça levarem faixas e cartazes e distribuírem panfletos educativos, também trarão pitbulls ao protesto como forma de mostrar que, caso haja educação, reforços positivos e atenção ao animal, ele será dócil e equilibrado - informação que a Meu Pet trouxe na última semana, a partir da visão de especialistas.

A categoria também exige políticas públicas para que esse tipo de raça só seja adquirida após a orientação de profissional de comportamento canino. "Nossa proposta é fazer com que as pessoas precisem de uma autorização assinada por um adestrador e com o aval da associação, para terem essa raça, e para que tenham a orientação de um profissional. Isso com o objetivo de diminuir esses acidentes com os cães, que são sempre culpabilizados, enquanto os donos não são responsabilizados", disse o presidente da Associação, o adestrador Nahum Ansselmo.

"No primeiro caso em Petrolina e no de Camaragibe, os pitbulls estavam sem guias e focinheiras. O resultado foi que uma mulher ficou ferida no rosto na primeira situação. E na segunda, um outro cão foi morto no ataque. No segundo caso na mesma cidade sertaneja, um pit invadiu uma casa, matou outros dois cães e por pouco não atacou uma criança. De acordo com os especialistas em comportamento canino, em todas essas situações, houve falta de cuidados adequados com esses pit bulls. Motivo que resultou no comportamento agressivo", defendeu o grupo, por nota.

Histórico de casos

No dia 16 de julho, a empresária Katia Rodrigues, de 49 anos, teve parte do rosto e do couro cabeludo arrancados ao tentar salvar a própria cadela, da raça Chow Chow, de um ataque de pitbull em Petrolina, Sertão de Pernambuco. O cão estava passeando sem guia nas ruas, sendo testemunhas.

No dia 27 de julho, dois cachorros de pequeno porte morreram ao defender tutora da invasão de um pitbull à casa onde viviam, também em Petrolina. 

No dia 29 de julho, um filhote de seis meses sem raça definida foi atacado por um pitbull na UR-7 Várzea, Zona Oeste do Recife. Ele sofreu perfurações no pescoço, teve a costela quebrada e a pata machucada. Segundo moradores do local, o cão, que é violento e já partiu para cima de outros animais, é mantido sempre preso em uma casa.

Pitbulls são naturalmente perigosos?

Especialistas, médicos veterinários e adestradores ouvidos pela coluna Meu Pet garantem que pitbull é, por natureza, uma raça dócil e calma, muito usada como uma espécie de "babá" de crianças antigamente. O que explica os casos de ataques é o animal ter sido criado em um ambiente que o tornou mais violento, ou o desejo de marcar território contra outro cachorro.

“Ele é um animal forte, mas não é agressivo, é manso; tanto que não é um cachorro de guarda. Quando ataca, é porque existiu algum gatilho ou porque desenvolveu transtornos que não são inerentes à raça e que qualquer animal teria, dependendo da criação. O que acontece é que ele tem uma mordida muito forte, [com impacto] que pode chegar até uma tonelada, por isso os ataques são noticiados, e as pessoas entram em pânico e passam a ter horror da raça”, explica a médica veterinária Cristiane Aguiar.

“Esse ataque poderia ter vindo de um vira-lata, golden, de um labrador ou de um shih-tzu, o que muda é o estrago que é feito, porque a mordida de um cão de raça pequena seria imperceptível. O tutor tem que saber o potencial e o temperamento do cachorro e os ambientes em que ele vai”, defende a adestradora Crislane Santos.

Entretanto, ainda que o pit tenha crescido em um ambiente ou sob estímulos que o tornaram mais violento, é possível reverter esse quadro, segundo Cristiane. “O comportamento pode ser revertido, não é necessário eutanasiar o animal por isso. Ele deve passar alguns dias em observação, deve ser levado para um adestramento e fazer avaliações com uma veterinária que trabalhe com comportamento animal para entender por que ele está agredindo.”

“Os cães educados dessa forma ficam com traumas e descontrolados, isso não é saudável, eles não são felizes. Mas tem como voltar a uma vida saudável e social sim, com muito cuidado e muito treino, porque o cachorro aprende desde que nasce até morrer”, afirma Crisline.

Mesmo assim, a opinião de Reginaldo, após o trauma, é que pitbulls não convivam junto a seres humanos. “Temos que sensibilizar o pessoal que esses cachorros são perigosos e matam. Gosto de animais, mas alguns não dá para ter convívio com ser humano”, disse.

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