Estado lança pacote de ações para tentar segurar passageiros nos ônibus do Grande Recife. Metas, entretanto, podem levar três anos

Publicado em 10/02/2020 às 19:05 | Atualizado em 06/11/2020 às 19:39
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Entre as ações, mais policiamento nos terminais, fim da validade dos créditos do VEM, prefeência ao isso em todos os assentos dos coletivos e uma nova licitação das linhas de ônibus. Sérgio Bernardo/Acervo JC Imagem  

 

Quase R$ 300 milhões em subsídios para o transporte público da Região Metropolitana do Recife em 2020, fim da validade dos créditos dos cartões VEM – que hoje expiram em 180 dias –, mais policiais militares nos terminais integrados e nas estações do Sistema BRT, videomonitoramento dessas unidades ligado 24 horas com a Secretaria de Defesa Social (SDS), ampliação da integração temporal nos terminais conectados com o metrô e remodelagem da licitação das linhas de ônibus realizada ainda em 2013, que passou a vigorar parcialmente desde então. Essas são as principais medidas anunciadas pelo governo de Pernambuco durante reunião do Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), no início da tarde desta segunda-feira (10/2), dentro do pacote de ações para “justificar” o não reajuste das passagens de ônibus este ano. O pacote, entretanto, tem tempo para entrar em operação: são ações previstas para vigorar até 2022.

 

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O secretário de Desenvolvimento Urbano de Pernambuco e presidente do CSTM, Marcelo Bruto, explicou que muitas delas serão imediatas ou, no máximo, executadas até o fim do ano, como é o caso das ações voltadas para a melhoria na segurança e no conforto dos passageiros, com intervenções na infraestrutura das unidades, investimento em tecnologia para levar informação em tempo real ao usuário sobre a chegada e saída dos ônibus, e o reforço no policiamento ostensivo – feito pela Polícia Militar de Pernambuco – nos terminais integrados e estações de BRT. Outras serão para 2021 e 2022. É o caso da nova licitação das linhas de ônibus e da readequação dos contratos em operação – Lotes 1 e 2, operados pelos Consórcios Conorte (Corredor de BRT Norte-Sul) e MobiPE (Corredor de BRT Leste-Oeste) –, e a concessão dos 26 terminais integrados para um novo modelo de gestão.

 

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“Como já dito na época em que o reajuste zero foi anunciado, o governo de Pernambuco entendeu que o momento não era de discutir aumento da tarifa e, mais uma vez, penalizar o passageiro. Por isso está assumindo esse custo e, além dos R$ 207 milhões em subsídios estimados para este ano, estaremos colocando mais 70 milhões, aproximadamente, para garantir a boa operação do sistema. Há sete anos o sistema de transporte público da RMR só perde demanda. Foram 150 milhões de passageiros pagantes perdidos nesse período, uma queda de 30%. Somente no ano passado a perda foi de 4%. O metrô com reajuste e o desemprego em alta. Diante desse cenário, o Estado entendeu que precisava realizar uma discussão mais estruturante do sistema e, não, apenas conceder um aumento pelo IPCA que poderia afastar ainda mais o passageiro”, justificou.

 

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AUSÊNCIAS NA REUNIÃO

Por não ter a discussão do aumento das passagens, a reunião do CSTM perdeu o interesse comum aos encontros que têm o tema na pauta. Algumas ausências foram muito sentidas, como a dos empresários de ônibus, que não enviaram sequer representante. De fato, como explicou a Urbana-PE, havia uma viagem agendada ao Vale do Silício, nos EUA, para buscar novas tecnologias de inovação para o setor de transporte. No grupo estão, ainda, representantes nacionais do setor.

Mas um representante poderia estar presente, isso também é fato. O setor e o Estado trocaram farpas publicamente depois que o governo anunciou que não reajustaria as passagens e que a decisão não precisava, sequer, ser validada pelo CSTM - reforçando a imagem já conhecida de que o Conselho nada mais é do que um colegiado validador das decisões do Estado.

A segunda ausência foi dos representantes da Frente de Luta Pelo Transporte Público (FLTP), grupo que tem conselheiros no CSTM representando os passageiros e vem reivindicando mudanças no sistema. Segundo Márcio Morais, um dos conselheiros, ele estava de cama com a perna quebrada e o advogado Pedro Joseph estava em viagem. Mesmo assim, a Frente divulgou nota afirmando que muitas das ações prometidas pelo Estado são resultado das exigências feitas pelo grupo.  

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