A crise da Uber e as novas regras de utilização do serviço na pandemia

Com queda no movimento de 70% mundialmente, empresa anuncia mais demissão de funcionários e fechamento de escritórios
Roberta Soares
Publicado em 19/05/2020 às 17:28
No app Uber Driver, na sessão de Ganhos, os motoristas parceiros que estão participando do teste têm acesso a Tendências de ganho Foto: Divulgação


A Uber, a maior empresa de transporte compartilhado por aplicativo do mundo, anunciou nesta segunda-feira (18) que vai reduzir um quarto de sua força de trabalho no mundo, além de diminuir os investimentos para sobreviver ao impacto financeiro provocado pela pandemia de coronavírus. Três mil funcionários serão demitidos - outros 3.700 já o tinham sido no início de maio - e 40 escritórios serão fechados no mundo.

"Dado o impacto dramático da pandemia e a natureza imprevisível de qualquer recuperação, estamos concentrando nossos esforços em nossas principais plataformas de mobilidade e entrega e redimensionando nossa empresa para corresponder à realidade de nossos negócios " - Dara Khosrowshahi, CEO da UBER

A notícia foi dada pelo CEO da empresa, Dara Khosrowshahi, diretamente de San Francisco. "Estamos tomando essas decisões difíceis agora para que possamos avançar e começar a construir novamente com confiança", disse. O diretor-executivo explicou que a companhia decidiu demitir cerca de 3.000 pessoas e suspender alguns investimentos não relacionados aos seus principais negócios, de transporte e entrega compartilhada. Os cortes de empregos serão distribuídos entre as operações da Uber em todo o mundo.

"Dado o impacto dramático da pandemia e a natureza imprevisível de qualquer recuperação, estamos concentrando nossos esforços em nossas principais plataformas de mobilidade e entrega e redimensionando nossa empresa para corresponder à realidade de nossos negócios", disse Khosrowshahi. No fim de março, o CEO já tinha afirmado em entrevista ao canal americano CNBC que o declínio no segmento de transportes havia chegado a 70% devido à pandemia mundial, impactando diretamente no rendimento dos motoristas-parceiros e, consequentemente, no da empresa.

FELIPE RIBEIRO/ JC IMAGEM - Além das máscaras, medidas anunciadas também incluem circular com vidros abertos e utilização apenas do banco traseiro

Os cortes de pessoal incluem demissões no início deste mês nas equipes de recrutamento e atendimento ao cliente da Uber e fazem parte de uma reorganização que mantém os serviços de viagens compartilhadas e o Uber Eats, o aplicativo de entrega de refeições. A Uber planeja compensar os trabalhadores demitidos com pelo menos dez semanas de salário e manter os benefícios de saúde até o final deste ano. 

A empresa está fechando ou agrupando escritórios, incluindo a realocação de duas instalações em sua base de operações em San Francisco. Também planeja fechar sua base em Singapura no próximo ano e mudar a sede Ásia-Pacífico. A demanda pelos serviços de transporte caiu, mas a entrega de alimentos está crescendo. A empresa registrou um aumento de 53% na receita do Uber Eats nos primeiros três meses deste ano, à medida que mais pessoas fizeram pedidos, devido às restrições de mobilidade. A receita da Eats aumentou para US $ 819 milhões, cerca de um terço do faturamento total da Uber no trimestre.

"A saúde e segurança de quem precisa utilizar a Uber nesse momento é a nossa maior prioridade e a chegada desses novos recursos dá mais um passo nesse sentido " - Claudia Woods, diretora-geral da Uber no Brasil

AUSÊNCIA DE MÁSCARA PODE RESULTAR EM CANCELAMENTO DAS VIAGENS
Em contrapartida, a empresa segue cuidando de sua imagem e tentando garantir a higienização dos veículos e dos motoristas-parceiros. Anunciou esta semana a exigência de um checklist de recursos de segurança relacionados ao coronavírus. Para que os motoristas parceiros possam realizar viagens, será necessário que eles atendam a um checklist online que inclui, por exemplo, uma selfie que verifica o uso da máscara. Também foram incluídas novas regras como viagens utilizando somente o banco traseiro e janelas abertas durante o trajeto.



O uso de máscaras é obrigatório também para os passageiros durante a pandemia. Com isso, todos os usuários precisarão passar por um checklist diariamente confirmando que estão tomando as precauções devidas, como o uso de máscara, utilização do banco traseiro do carro, janelas abertas para ventilação, além da higienização. Os motoristas poderão cancelar as viagens, sem impacto no índice de cancelamento, se o usuário não estiver usando uma máscara, por exemplo. Ou se não se sentirem seguros em relação ao risco que podem ser expostos. O mesmo vale para os passageiros. Eles poderão cancelar a corrida sem qualquer tipo de taxa. Além disso, usuários e motoristas parceiros avaliarão um ao outro no quesito de higiene no final de cada viagem.

FELIPE RIBEIRO/ JC IMAGEM - Apps tentaram ficar de fora do rodízio de veículos, mas não conseguiram. Orientação é para que passageiro cheque a numeração da placa antes de confirmar a viagem


"Sabemos que, mesmo com as recomendações de isolamento, muitas pessoas ainda precisam utilizar a nossa plataforma para manter a comunidade em movimento e gerar renda para suas famílias. Por isso, a saúde e segurança de quem precisa utilizar a Uber nesse momento é a nossa maior prioridade e a chegada desses novos recursos dá mais um passo nesse sentido", explicou a diretora-geral da Uber no Brasil, Claudia Woods.

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