Sem vacinação, rodoviários estão entre as categorias que mais se desligaram do trabalho por morte
E agora, sem qualquer perspectiva de vacinação, motoristas e cobradores seguem expostos nos ônibus
Apesar da resistência dos governos em antecipar a vacinação contra covid-19 dos motoristas e cobradores de ônibus - como é o caso de Pernambuco -, a categoria é uma das que liderou os desligamentos por morte de funcionários CLT no primeiro trimestre de 2021. Os dados são de um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado na sexta-feira (14/5).
Eles não podem parar. E estão morrendo
O desligamento por morte de funcionários CLT cresceu 71,6% no País, entre o primeiro trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021. Em números absolutos, foram notificadas 22,6 mil mortes de trabalhadores registrados neste ano, contra 13,2 mil no ano passado. E, com certeza, o crescimento se deve à covid-19 no Brasil.
Os rodoviários não lideram o ranking - a área de atenção humana, lógico, encabeça -, mas os desligamentos tiveram um aumento de quase 100%. Foi de 95,2% para o setor de transporte, armazenagem e correio. A morte de médicos, por exemplo, cresceu 204%, partindo de 25 para 65. E de enfermeiros, 116%, de 25 para 54. Destacam-se também a morte de profissionais de educação (106,7%), de informação e comunicação (124,2%) e eletricidade e gás (142,1%).
MORTES ENTRE RODOVIÁRIOS
Em Pernambuco, o Sindicato dos Rodoviários afirma que são aproximadamente 50 mortes de profissionais da ativa desde o início da pandemia. Apenas no sistema da RMR. Mas a dissidência da atual diretoria sindical, entretanto, fala em 89 vidas perdidas no mesmo período. O sindicato alega que muitos são ex-profissionais do setor.
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AMAZONAS BATE RECORDE
Entre o primeiro trimestre de 2020 e o mesmo trimestre de 2021, o crescimento relativo do número de desligamentos por morte no Amazonas (437,7%) foi três vezes maior do que o registrado no Brasil (71,6%). No mesmo período, os desligamentos por esse motivo nas atividades de atenção à saúde humana aumentaram 9,5 vezes entre os amazonenses. Cinco vezes mais do que o observado em todo o Brasil (75,9%) e quase duas vezes mais do que a expansão dos desligamentos por morte em todas as atividades econômicas do Estado.
Por serem os mais marcados pelo trabalho informal, a maioria dos trabalhadores dos Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste não consta na base de dados do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), base do levantamento.