COLUNA MOBILIDADE

Empreendimentos avançam na área central do Recife sem que planos de circulação sejam conhecidos

São três construções que terão grande impacto sobre a mobilidade urbana do principal acesso da Zona Sul não só da capital, mas também do Grande Recife, ao Centro

Imagem do autor
Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 14/11/2021 às 10:08 | Atualizado em 14/11/2021 às 18:14
Notícia
X

Quem circula pelo Cais de Santa Rita e Cais José Estelita, na área central do Recife e no acesso a ela, vê a transformação urbana da cidade acontecer a todo vapor. Três empreendimentos antigos, previstos para serem erguidos, originalmente desde 2014, começaram do ano passado para cá. Deixando de lado os questionamentos urbanísticos e sociais que os envolvem, o fato é que estão ali, em plena execução para todos verem. E, com eles, os benefícios e os impactos que provocarão na mobilidade urbana da região - a principal ligação da Zona Sul do Recife e também da Região Metropolitana com o Centro da capital. Vale ressaltar.

Sem direito à travessia nas ruas - a difícil luta pelo caminhar

Confira o especial multimídia PELO CAMINHAR

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Construção do novo Hotel-marina no Recife Antigo - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Construção do novo Hotel-marina no Recife Antigo - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Construção do novo Hotel-marina no Recife Antigo - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Construção do novo Hotel-marina no Recife Antigo - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Diante dessa importância que os empreendimentos têm para a circulação de todos que são o trânsito, a Coluna Mobilidade foi em busca das ideias e soluções projetadas para as construções e que serão adotadas para garantir a segurança viária na região. Com foco no transporte individual, sem dúvida, mas principalmente no transporte público coletivo e na mobilidade ativa - com destaque para os pedestres que deverão assumir um papel de protagonismo na área, especialmente do Cais de Santa Rita. E que atualmente não têm qualquer prioridade na região. Ao contrário. Contam com um único semáforo para fazer a travessia (em frente às Torres Gêmeas), com tempos de espera que desestimulam a mobilidade ativa e estimulam o uso do automóvel.

Questionar se esses empreendimentos deveriam ou não estar sendo executados, se são altos ou baixos, se têm a utilidade pública que deveriam ou não, já não cabe mais no momento e não foi o objetivo dessa reportagem. Ao contrário. O princípio é o de que eles já são realidade, estão avançando diante dos olhos de todos e, por isso, a cidade precisa saber como estará preparada para recebê-los. Para não viver, mais uma vez, o problema primeiro e a solução para a mobilidade urbana depois. Mas a Coluna Mobilidade não conseguiu nenhuma informação. Absolutamente nada.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
VIDA NOVA Armazéns 16 e 17, no bairro de São José, serão reformados e transformados em um complexo de turismo e negócios, com hotel, marina, Centro de Convenções e lojas - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Tapumes são colocados nos armazéns do bairro de São Jose para inicio das obras de construção do hotel - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

A Prefeitura do Recife silenciou. Apesar da insistência da reportagem por semanas e semanas, nenhum detalhe sobre os planos para gerenciar os conflitos futuros foi repassada. No máximo, uma curta nota da Secretaria de Mobilidade do Recife informando que tudo está sendo analisado. Confira: “A estrutura cicloviária definitiva do Cais José Estelita é uma das ações mitigadoras previstas no projeto Novo Recife. O projeto do equipamento está em estudo e será iniciado quando da instalação, por parte dos empreendedores, do Parque Linear. Com relação ao Cais de Santa Rita, o projeto viário ainda está sob análise. No que diz respeito ao Bairro do Recife, todas as ações - Zona 30, pedestrianização de vias como a Rua do Bom Jesus e a Avenida Rio Branco, além da implantação de urbanismo tático - visam inverter a prioridade do fluxo na área, privilegiando os pedestres”., diz a nota enviada pela Prefeitura do Recife.

Um posicionamento - é importante destacar - que não se justifica já que estamos falando de projetos discutidos e pensados para a cidade há pelo menos dez anos e que deveriam estar em obras desde 2014. O JC também não conseguiu conversar e conhecer os planos da iniciativa privada. Em nenhum dos três empreendimentos. Tentou com os construtores do hotel-marina e centro de convenções do Cais de Santa Rita e do Cais José Estelita, mas também ficou sem respostas. Mandou emails, tentou via whatsapp e até acionou assessorias de imprensa, sem sucesso. Ninguém quis se posicionar.

REPRODUÇÃO
Hotel Marina Cais de Santa Rita - REPRODUÇÃO
NE10
Empresa vencedora da licitação tem prazo de 60 dias para dar início à requalificação da área portuária, incluindo o Cais de Santa Rita, que ganhará um hotel marina - NE10

O QUE ESTÁ SENDO CONSTRUÍDO

Para quem não sabe, o Cais de Santa Rita passará, em breve, por uma grande transformação positiva para a área e toda a cidade. A região é um dos maiores exemplos do abandono dos espaços públicos do Recife. Mas ganhará um hotel-marina e um centro de convenções, que já estão sendo erguidos.
Os armazéns 16 e 17 serão transformados num moderno centro de convenções. O espaço terá capacidade para quatro mil pessoas e está integrado ao projeto Porto Novo Recife, que prevê, além do cecon, o hotel-marina, restaurantes, lojas, bares, salas de reunião, piscina, academia de ginástica e garagem. A intenção é consolidar a área como polo de turismo no Centro. Até uma ligação entre o hotel e o Mercado de São José será feita.

REPRODUÇÃO
Vias que seriam construídas dentro do Projeto Novo Recife - REPRODUÇÃO
REPRODUÇÃO
Ciclovia que seria construída no Cais José Estelita - REPRODUÇÃO
BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
Projeto Novo Recife, da Construtora Moura Dubeux, está construindo 3 torres, no Cais José Estelita. - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
Projeto Novo Recife, da Construtora Moura Dubeux, está construindo 3 torres, no Cais José Estelita. - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

O centro de convenções terá uma área de 15 mil m² e estacionamento de 230 vagas. O armazém 16, que atualmente está no acesso ao Terminal de Santa Rita, será demolido e construída uma avenida no local, onde vão funcionar os serviços de apoio do cecon. O projeto do hotel, que será quatro estrelas, prevê 240 leitos. Já a marina vai comportar 180 barcos, com capacidade de veleiros de até 70 pés. O orçamento de todo complexo é de R$ 150 milhões. A previsão de conclusão é setembro de 2023.

Já o Projeto Novo Recife prevê a construção de 13 edifícios residenciais e comerciais. Entre o que já foi divulgado sobre o projeto e que tem relação com a mobilidade urbana da cidade estão a implantação de um parque linear valorizando a borda d'água, outro parque na área da antiga ferrovia e espaços públicos de convivência, esportes, cultura e lazer; eliminação de grades e muros em todas as edificações; ciclovia em toda a extensão da linha d'água; eliminação do viaduto das Cinco Pontas devolvendo a relação que o Forte tem com a frente d'água; calçadas com aproximadamente cinco metros de largura; e conexão da Avenida Dantas Barreto com o Cais José Estelita.

Tags

Autor